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O avanço da Atenção Primária latino-americana

Equador, Argentina e Brasil compartilharam suas experiências em debate no congresso da Rede Unida.
Viviane Tavares - EPSJV/Fiocruz | 17/04/2014 08h00 - Atualizado em 01/07/2022 09h47

A mesa ‘Desafios para organizações de sistemas de saúde: experiências comparadas sobre a Atenção Básica/Atenção Primária' mostrou que a realidade da América Latina ainda que tenha avançado, está muito aquém da necessidade da população. A mesa, que fez parte do III Fórum Internacional de Atenção Básica/Primária em Saúde, do 11º Congresso Internacional da Rede Unida, contou com a presença do ministro da Saúde do Brasil, Arthur Chioro; do ministro da Saúde da província de Santa Fé, na Argentina, Mario Drisun; e do representante do Ministério da Saúde do Equador, Gregório Montalvo.

A experiência do Equador mostrou que o país tem vivido uma reforma democrática desde a chegada de Rafael Correia à presidência. "Estamos vivendo um reposicionamento do setor social", disse Gregório. Segundo ele, um dos avanços foi o aumento dos profissionais da saúde, uma vez que foi constatado que faltavam 40 mil profissionais da saúde. "Decidimos formar 20 mil e trazer mais 20 mil de outros países. Nessa empreitada, já conseguimos mais de cinco mil médicos da saúde familiar, graças a uma cooperação com Cuba. Além disso, ainda estamos formando 1.200 profissionais técnicos", contou.

Gregório informou ainda que com o Programa Mais, o modelo de atenção integral em saúde tem mudado a realidade do país e entre os pilares do programa está a valorização profissional. "A equipe médica da saúde familiar se sacrifica muito e, por isso, precisa de estímulos. Para incentivar a ida aos lugares mais distantes, é preciso a garantia do direito a uma carreira sanitária como a da cidade, da educação permanente e que seja recompensada financeiramente", apontou.

O ministro da província de Santa Fé, Mário Drisun, informou que o movimento sanitário na Argentina aconteceu há mais de 30 anos, mas, que assim como no Brasil, o processo de transformação do sistema público de saúde ainda está caminhando. "Na Argentina não existem leis nem normas, mas um consenso político para fazermos da saúde um direito". Mario explicou ainda que desde então, com o fortalecimento do neoliberalismo, a saúde foi afetada significativamente. "Temos muitos desafios pela frente, como articular e integrar recursos, além de recuperar valores como equidade, integralidade e eficiência. O que temos feito em (Santa Fé?) é enxergar a atenção primária como estratégica", explicou.

O ministro da saúde do Brasil, Arthur Chioro, destacou que 80% dos problemas de saúde da população podem ser resolvidos com a Atenção Básica. Segundo ele, 57% da população conta com a Estratégia Saúde da Família, que atende 109,3 milhões de brasileiros. "Aumentamos o financiamento nos últimos anos para a Atenção Básica. Em 2010, o recurso era de R$ 9,7 bilhões, já em 2014 chegamos a R$ 18,1 bilhões", disse o ministro. Entre os desafios apontados para sua gestão, estão a qualificação do cuidado produzido pela Atenção Básica, o investimento nos trabalhadores e a construção de redes de cuidado mais humanizadas. "Precisamos também romper com o modelo centrado no médico e valorizae e ampliar as equipes dos Núcleos de Saúde da Família (Nasf)", pontuou.