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Fórum Ciência e Sociedade

Escola Politécnica participa de pesquisa sobre as arboviroses coordenada pela Fiocruz. Iniciativa envolve estudantes de escolas públicas de quatro municípios
Portal EPSJV - EPSJV/Fiocruz | 03/09/2018 14h39 - Atualizado em 01/07/2022 09h44

Em busca de respostas e ações para controlar as arboviroses foram iniciadas no mês de agosto as atividades do ‘Fórum Ciência e Sociedade 2018’, promovido pela Fiocruz desde 2002 e que, em 2018, tem um caráter especial por fazer parte da “Pesquisa científica e tecnológica para inovação em educação e comunicação para a prevenção da zika e doenças correlatas nos territórios”. A pesquisa é coordenada pela presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, e desenvolvida pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), em conjunto com outras unidades da Fundação – Museu da Vida, Fiocruz Brasília e Canal Saúde -, além do Observatório de Território Sustentáveis e Saudáveis de Paraty, no Rio de Janeiro. Neste ano, as atividades do ‘Fórum Ciência e Sociedade’ envolvem duas escolas de Manguinhos, território onde está localizada a Fiocruz, no Rio de Janeiro, quatro de Ceilândia (DF), e três de Maricá (RJ). Além de Paraty, onde as atividades estão se iniciando.“Para Maricá, tem sido muito importante essa troca no sentido das experiências e das novas tecnologias que estão sendo compartilhadas entre as instituições. O interessante é que tudo foi construído de forma muito coletiva”, destacou o coordenador de Educação em Saúde de Maricá, Gilson Luiz de Andrade.

Segundo o professor-pesquisador da EPSJV que representa a coordenação de Maricá no projeto, Maurício Monken, o critério de escolha dos locais foi baseado no perfil epidemiológico. “Verificamos muitos casos de arboviroses em Ceilândia, por exemplo. Já Paraty, que ainda não iniciou as atividades, entrou pela especificidade de ser uma comunidade tradicional. Manguinhos tem casos de arboviroses bem graves e Maricá tem muitos casos de dengue e zika, além de registros de casos de microcefalia associadas à doença”, explicou.

Organização do projeto

O Fórum compreende várias etapas. Primeiro, é formado um comitê local, com representantes das escolas, da Vigilância em Saúde do município, dos movimentos sociais, dentre outros. Esse comitê local pensa em uma série de atividades para culminar em um grande debate sobre o que foi desenvolvido nesse período e, por fim, é feita uma carta de recomendação de cada local que será entregue a autoridades. O Fórum é a segunda ação da pesquisa. Anteriormente, foram feitas entrevistas com pesquisadores e autoridades que participaram do período da emergência sanitária.  “Entrevistamos ministros, pessoas que trabalhavam com Vigilância no Ministério da Saúde e pesquisadores da Fiocruz, para entendermos o porquê de se utilizar da estratégia de ‘emergência sanitária’ para enfrentar um problema desse porte”, explicou Monken.

Dentre as atividades do Fórum, Monken destacou a visita que os estudantes de todas as escolas participantes fizeram ao campus da Fiocruz. Em seguida, junto com os professores, os alunos irão fazer pesquisas nos seus territórios.“Em Manguinhos, por exemplo, participam o Colégio Estadual Prof. Clóvis Monteiro e a Escola Compositor Luiz Carlos da Vila. Depois da ida à Fiocruz, os alunos farão uma pesquisa sobre a ocupação urbana do Rio de Janeiro, uma ação na Baía de Guanabara e o reconhecimento do território de Manguinhos”, exemplificou.

“Nossa vinda à Fiocruz foi algo essencial para que o projeto pudesse ser bem sucedido. Ver o brilho no olhar de crianças e adolescentes ao entrar no Castelo da Fundação, estando mais perto de quem faz ciência, foi bem interessante e trará bons frutos não só para o projeto, mas para a formação desses estudantes”, afirmou Gilson. Para Monken, a importância do projeto é pensar a contribuição da educação para o enfrentamento às arboviroses e mobilizar a população através da comunicação. “É a comunidade escolar dentro de um agir comunicativo”, concluiu.

Próximos passos

Como parte das atividades da pesquisa, a Escola Politécnica irá promover em 2019 o curso ‘Vigilância Popular em Saúde para o enfrentamento das arboviroses’. Com carga horária de 184 horas, que inclui aulas teóricas e trabalhos de campo de territorialização, o curso é voltado para profissionais de saúde, agentes, movimentos sociais, profissionais interessados de outros setores, além dos professores que participaram do Fórum em 2018.  Os cursos acontecerão nos quatro municípios – Rio de Janeiro, Maricá, Paraty e Ceilândia - com coordenação geral da EPSJV e coordenação local de cada município.


A pesquisa

A “Pesquisa científica e tecnológica para inovação em educação e comunicação para a prevenção da zika e doenças correlatas nos territórios” é financiada por um edital do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), de 2016, para selecionar projetos que relacionassem à zika aos casos de microcefalia. A pesquisa tem como objetivo mobilizar jovens, professores e pais de estudantes da rede pública, moradores das regiões, lideranças locais, organizações comunitárias e profissionais de saúde para o tema. A metodologia utilizada é a pesquisa-ação, voltada para o aprimoramento das práticas estudadas e resolução de problemas coletivos.

O projeto integra a comunidade escolar e demais instituições de educação, ciência e tecnologia à rede de mobilização social nos territórios para o enfrentamento dos determinantes sociais, dos riscos e agravos diante da epidemia de zika, dengue, chikungunya e febre amarela. A pesquisa busca ainda construir um modelo de educação ambiental, sanitária e de popularização da ciência de forma integrada às atividades regulares das escolas e da rede de atenção básica.