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Por que é importante que os brasileiros que estavam em Wuhan fiquem em quarentena?

Começou no último domingo (9) o período de quarentena para os 58 brasileiros envolvidos na chamada "Operação Regresso à Pátria Amada Brasil", que aterrissaram no Brasil em dois voos da Força Aérea Brasileira (FAB). Aos 31 cidadãos e três diplomatas em missão que foram repatriados da cidade de Wuhan (China) -- principal foco da epidemia do novo coronavírus somam-se militares da FAB, médicos do Ministério da Saúde, diplomatas, e um jornalista da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que realizou a cobertura da viagem.

Após a chegada, na base aérea de Anápolis, em Goiás, o grupo seguiu para um hotel de trânsito dentro da própria base, onde deve permanecer por pelo menos 18 dias, sem qualquer contato externo. Vista por especialistas como uma ferramenta agressiva, quarentena é um período de isolamento de pessoas que, ainda que sadias, estiveram em áreas de exposição a infecções por determinados agentes microbianos

O Brasil de Fato desta semana consultou o infectologista do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Estevão Portela, que explicou as especificidades do método.

“Parece uma ferramenta muito agressiva que acaba cerceando a liberdade. Mas é por um tempo limitado e é realmente útil no sentido de evitar propagação desses agentes”. Ele informa que há discussão sobre qual é o tempo ideal para o isolamento, que está condicionada pelo desconhecimento sobre características do novo vírus, como tempo de incubação e contágio, antes e após os sintomas.

Segundo o infectologista, apesar de as conclusões científicas sobre o comportamento do vírus serem ainda incipiente, cientistas têm trabalhado com um tempo de incubação de até 14 dias -- que é o tempo de quarentena recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, optou-se pelo período de 18 dias para garantir uma margem segurança.

Novamente, ainda que a quarentena não pareça muito “simpática ou amigável”, Portela afirma que todos os esforços devem ser feitos para minimizar o desconforto para os isolados. Dentro do hotel de 900 metros quadrados, os repatriados terão acesso a uma área de entretenimento com telão para exibição de filmes, brinquedoteca, videogame e atividades culturais, de acordo o Ministério da Defesa. Serão oferecidas seis refeições por dia e atendimento psicológico.

O especialista acrescenta que a quarentena está ocorrendo em diversos lugares do mundo, e o que mais preocupa as equipes de é a alta incidência de infecção, e a dificuldade em diagnosticar o coronavírus sem exames laboratoriais, por conta da semelhança dos sintomas aos de outras doenças.

“Tinham muitos casos com poucos sintomas que a gente só está entendendo agora que na verdade já eram infecções por coronavírus. Algumas pessoas infectadas poderiam passar como casos brandos de pequenos problemas respiratórios, uma febre baixa. Poderia passar como se fosse uma infecção viral comum, mas na verdade já ser caso do novo coronavírus, que começou a circular na China, mas que já alcançou várias partes do mundo.”

Repórter: Ana Paula Evangelista
Edição: Rodrigo Chagas

Por: Ana Paula Evangelista

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