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O que fazer com o lixo?

No fim da linha do ciclo do consumo e do desperdício, o lixo é fonte de poluição e agravos à  saúde mas também de lucros.
André Antunes - EPSJV/Fiocruz | 08/11/2012 09h00 - Atualizado em 01/07/2022 09h47

Se você vem acompanhando as últimas edições da Poli, deve estar cansado de saber que desde 2008 o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Em 2011, foram pulverizados 853 milhões de litros de venenos nas lavouras do país, segundo dados do dossiê da Associação Brasileira de Pós-graduação em Saúde Coletiva (Abrasco) sobre o tema. Numa estimativa otimista, dividindo esse montante por 20 litros – tamanho de uma embalagem grande de agrotóxicos – chegamos a um total de mais de 40 milhões de embalagens, que precisariam ser reaproveitadas ou descartadas corretamente, uma vez que, como coloca o dossiê, “os resíduos presentes em embalagens de agrotóxicos e afins, quando abandonados no ambiente ou descartados em aterros e lixões, contaminam o solo e, sob a ação da chuva, são carreados para águas superficiais e subterrâeas”. Segundo o dossiê, com dados do Censo Agropecuário 2006 do IBGE, apenas metade destas embalagens são recolhidas adequadamente. Do restante, 25,3% são queimadas ou enterradas, sendo que em 14 dos 26 estados esse percentual passa dos 50%, chegando a 69,4% no Rio Grande do Norte. Além disso, 8,9% das embalagens vazias são simplesmente deixadas no campo e 3,5% vão para o lixo comum.



A questão do destino de resíduos e embalagens de agrotóxicos vem sendo enfocada do ponto de vista jurídico há pelo menos dez anos, principalmente através do decreto 4.074 de 2002.  O dossiê, entretanto, aponta que as supostas soluções apresentadas como resposta pelo setor empresarial, representado especialmente pela Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef), “deixou para as municipalidades a responsabilidade pela coleta das embalagens e para os trabalhadores rurais a tríplice lavagem dos equipamentos de aplicação de agrotóxicos bem como enviar as embalagens para serem recolhidas [...] Além do que as embalagens são lavadas em água de múltiplo uso podendo ser mais uma fonte de exposição humana aos venenos”, critica.