A primeira mesa-redonda, ‘Os desafios da Educação Profissional em Gestão: sob a perspectiva dos serviços e do sistema de saúde: de que trabalhador o SUS precisa?’, teve a participação de Ana Lúcia Pereira, coordenadora geral de integração programática do Departamento de Apoio à Descentralização do Ministério da Saúde; Márcia Andriolo, representante do Conselho Nacional dos Secretários Municipais de Saúde (Conasems) e secretária municipal de Saúde de Vila Velha (ES); Gilson Cantarino, consultor técnico do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass); e Pedro Barbosa, coordenador do curso de gestão hospitalar da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz).
Márcia Andriolo lembrou das diferentes realidades do Brasil. “Nós temos mais de 5 mil municípios. Por isso, é impossível pensar num único trabalhador para o país inteiro. Mas sabemos que precisamos de um profissional remunerado adequadamente e que tenha foco no usuário”, analisou. Gilson Cantarino concordou. “Não há como traçar um perfil nacional do trabalhador da gestão. Isso deverá ser discutido no Pacto pela Saúde, que é hoje a esperança do SUS. O objetivo final dessa discussão é o de reduzir a desigualdade social”. E lembrou dos princípios da Reforma Sanitária: “O SUS tem um ideário ideológico: construir um país mais justo”, disse.
Para Pedro Barbosa, coordenador do curso de gestão da ENSP, é preciso pensar nos desafios que estão postos para um debate sobre gestão. O primeiro deles, segundo o professor, é a complexidade do campo da saúde. “Essa complexidade vai ser ampliada. Por isso, para saber qual trabalhador queremos, temos que pensar no profissional do futuro. “Há um risco de nos distanciarmos das novas exigências se não nos prepararmos para a mudança. Às vezes somos passivos aos processos de mudança. Há campos, como o da inovação, no qual devemos nos antecipar e sermos agentes de mudança. Será que estamos preparando nossos profissionais para realizarem mudanças no ambiente de trabalho?”, questionou. Ele defendeu ainda que o contexto no qual esse trabalhador de gestão está inserido deve levar em conta uma nova relação entre população e Estado. “Temos que superar a lógica de que há alguém que realiza e outro que controla. É preciso que exista uma trama interativa entre população e Estado. É necessário que essa relação entre o Ministério e as secretarias fique mais clara. Saúde não é apenas prestação de serviço. É um espaço de dinâmica econômica, de troca”, afirmou. Diante desses desafios, para Pedro Barbosa, o trabalhador da saúde deve ter algumas características essenciais: “O profissional da saúde será cada vez mais sujeito e, para isso, precisa incorporar a técnica e ser empoderado. Ele deve estar preparado para o trabalho coletivo, que agrega especialização e diferenciação”, sugeriu.
Ana Lúcia Pereira explicou os objetivos do Pacto de Gestão. “O Pacto se dá no momento em que os atores sentam para discutir. Caminhamos para a superação da fragmentação na forma de os gestores trabalharem. O Pacto é um mecanismo de co-gestão, ou seja, deve haver uma cooperação entre os entes federados para acabar com a competição entre município, estado e governo federal. E a discussão que envolve esses atores deve ser calcada nas diferenças regionais e respeitar as diversidades”, explicou.
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