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Saúde nas campanhas

Os pesquisadores Mário Scheffer e Lígia Bahia analisam a temática nos programas de governo dos candidatos a presidência.
Redação - EPSJV/Fiocruz | 23/07/2014 08h00 - Atualizado em 01/07/2022 09h46

As eleições de 2014 trazem um elemento diferente: a voz das ruas. Nela, a saúde era uma das principais pautas. Na análise ‘A saúde nos programas de governo dos candidatos a Presidente da República do Brasil nas eleições de 2014: notas preliminares para o debate' dos pesquisadores Ligia Bahia e Mario Scheffer publicada nesta semana esta temática pode ter uma discussão vazia.

"O falso consenso em torno do SUS fica evidente na ausência de compromissos programáticos para enfrentar as necessidades e as demandas de saúde. Como se verá mais adiante, os programas dos candidatos à Presidência da República em 2014 expõem a desconexão entre a saúde e o sistema de saúde, reduzindo o SUS a meros processos administrativos", diz o documento que completa: "A marca comum é o deslocamento do protagonismo das políticas sociais como propulsoras de bem-estar e desenvolvimento, que passam a ter o papel coadjuvante nas pautas de consumo individual e alívio da miséria", explica.

Os pesquisadores analisaram os 11 programas registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Entre os pontos, eles analisaram estratégias cruciais como o subfinanciamento que, segundo os pesquisadores, as propostas não definem claramente as novas fontes e também não mencionam como se dará a relação entre as políticas macro-econômicas e sociais. "Nenhum candidato assume, nos programas, o compromisso de modificar dois indicadores que demonstram a insuficiência e a distorção do financiamento da saúde no Brasil: o valor percapita/ano para saúde é baixo no país; e os gastos privados são maiores que os públicos", aponta o documento.

De acordo com o relatório, os pesquisadores esperavam diretrizes nacionais claras para a política de saúde do País, que explicitasse qual modelo de atenção defende para o sistema nacional de saúde brasileiro, que dissesse como o sistema de saúde será estruturado para atuar a favor dos indivíduos e das comunidades. Mas, parece que depois da análise, esse objetivo não foi alcançado. "Na eleição presidencial de 2014, o que se vê nos programas são propostas genéricas sobre "pedaços" do sistema de saúde; promessas de intervenções médico-curativas baseadas no atendimento desordenado da demanda espontânea (sobrepondo-se, muitas vezes, às atribuições de estados e municípios); programas pontuais focalizados em ciclos da vida (criança, idoso etc) e em populações específicas (mulheres, pessoas com deficiências etc); menções a políticas transversais (assistência farmacêutica etc); e promoção da saúde reduzida à divulgação de hábitos saudáveis".

Confira a íntegra do relatório aqui.