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EPSJV no Fórum Mundial de Educação Profissional e Tecnológica

Integração curricular, cooperação técnica, história, literatura, cinema e música são temas das atividades desenvolvidas por alunos e profissionais da Escola no evento que reuniu cerca de 15 mil pessoas. Veja galeria de imagens da EPSJV no Fórum.
Cátia Guimarães - EPSJV/Fiocruz | 11/12/2009 09h00 - Atualizado em 01/07/2022 09h47


Das cerca de 15 mil pessoas que passaram por lá, 60 eram da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz). E a participação foi ampla: 11 atividades que iam desde a discussão da formação integrada até a banda de rock.



O evento era o Fórum Mundial de Educação Profissional e Tecnológica, promovido pelo Ministério da Educação, em Brasília, entre os dias 23 e 27 de novembro deste ano. Entendido como uma ‘versão’ do Fórum Mundial de Educação, o evento foi organizado a partir de três eixos temáticos: educação, trabalho e desenvolvimento sustentável; educação, culturas e integração; e educação, ética, inclusão e diversidade.



A EPSJV foi convidada a integrar o comitê organizador e a apresentar atividades chamadas de autogestionadas, que se somavam à programação oficial.



Integração e cooperação



Integração curricular e cooperação técnica foram os temas de duas mesas-redondas promovidas pela EPSJV durante o Fórum. O primeiro debate, coordenada pelo pesquisador da EPSJV, Carlos Eduardo Batistella, apresentou algumas experiências que a Escola vem desenvolvendo na busca de uma formação mais integrada. Nesse caso, o tema foi tratado da forma mais ampla possível, tentando abranger todos aspectos nele envolvidos. A IEP (Iniciação à Educação Politécnica), ‘módulo’ transversal do curso, que trabalha com os eixos de política, ciência saúde e trabalho, foi apresentada por uma de suas coordenadoras, Angélica Fonseca, como uma das estratégias da Escola de integração entre formação técnica e formação geral. O PTCC (Projeto Trabalho, Ciência e Cultura), através do qual os alunos do curso técnico integrado ao ensino médio desenvolvem e apresentam uma monografia de conclusão de curso ao final do 3º ano, foi discutido pelo seu coordenador, Claudio Gomes, como um exemplo de integração ensino e pesquisa que, baseado em autores como Marx e Gramsci, traz em si o conceito de politecnia. A integração ensino-serviço, outra dimensão pedagógica desse tema no campo da saúde, foi inserida na discussão por meio do curso técnico de agente comunitário de saúde, que forma trabalhadores já inseridos no SUS e que está sendo realizado nas suas três etapas pela EPSJV de forma inédita. A fala foi de Ana Lucia Pontes, uma das coordenadoras do curso. Por fim, o vice-diretor de pesquisa e desenvolvimento tecnológico da EPSJV, Mauricio Monken, abordou a dimensão da integração com o território, que é trabalhada em diversos cursos da Escola, com destaque para o Projeto de Formação de Agentes Locais em Saúde (Proformar), que formou mais de 35 mil trabalhadores da área de vigilância em saúde em todo o país.



Os limites de atuação da escola, que forma por uma perspectiva transformadora um aluno que ingressará num mercado de trabalho regido pela lógica do capitalismo, foi um dos pontos do debate. Mas o tema que surgiu como polêmica foi a crítica, feita durante a apresentação sobre o PTCC, à pedagogia das competências. Questionado sobre a relação entre essa pedagogia e o empobrecimento da formação geral, Cláudio fez um breve histórico que vinculou ‘ferramentas’ educacionais e modos de organização da produção econômica capitalista. Com isso, defendeu que a organização curricular por disciplina atendia, de certa forma, ao modelo taylorista-fordista de produção, dentre outras coisas, compartimentando o conhecimento. Já as competências, disse, vêm responder à necessidade de um trabalhador flexível e polivalente, cujo conhecimento está a serviço da adaptação e da desregulamentação que o capitalismo contemporâneo requer e que se reflete na vulnerabilização extremada do trabalhador.



A outra atividade científica da EPSJV foi um painel sobre cooperação técnica nacional e internacional, coordenado pela vice-diretora de Ensino e Informação da EPSJV, Márcia Valéria Morosini. A primeira apresentação, feita por André Malhão, ex-diretor da Escola, trouxe um panorama sobre o papel da Fundação Oswaldo Cruz e da área da saúde nas estratégias de cooperação do governo brasileiro. Na seqüência, Anamaria Corbo, coordenadora de cooperação internacional da EPSJV, falou sobre as diretrizes e as principais ações da Escola nessa área, voltadas principalmente para países da América Latina e Caribe e da África de Língua Portuguesa. Por fim, Mônica Vieira apresentou a estação de trabalho observatório dos técnicos em saúde, coordenada por ela, e que faz parte da Rede de Observatórios de Recursos Humanos em Saúde (ROREHS), coordenada pela Organização Pan-americana de Saúde e pelo Ministério da Saúde. Como iniciativa de investigação e produção de conhecimento sobre trabalhadores técnicos, o observatório tem se apresentado como uma estratégia importante de cooperação técnica dentro e fora do Brasil. O tema que mais orientou o debate foi a fraca participação (com representantes, estandes e mesas temáticas) do campo da saúde no Fórum.



Como parte da programação oficial do fórum, a coordenadora do programa de pós-graduação da EPSJV, Marise Ramos, foi relatora da conferência 'Educação, trabalho e desenvolvimento sustentável', da qual participaram Joaquim Azevedo (Portugal) e Marcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea).



Oficinas e atividades culturais



Para refletir sobre as visões e disputas políticas que estavam em jogo no Brasil durante a ditadura militar, em especial nas décadas de 1960 e 1970, as professoras Luciana Figueiredo (português) e Valéria Carvalho (sociologia), promoveram durante o Fórum a oficina ‘Recantando a História – os anos eram assim: cale-se!’, organizada de forma interativa. ‘Estratégias de leitura do texto argumentativo’ foi outra atividade, promovida pelas professoras de português Maria Inês Castro e Viviane Soares, que a EPSJV desenvolveu no evento. Uma discussão sobre os conceitos de lugar e identidade cultural foi provocada pelo professor Paulo Henrique Barbosa, de geografia, numa oficina que partiu da apresentação do filme ‘Lugar nenhum na África’, dirigido por Caroline Link. Mas a Escola trabalhou com recursos audiovisuais no Fórum também para mostrar a produção caseira. Organizada por Gregório Galvão, do Núcleo de Tecnologias Educacionais da EPSJV, uma mostra exibiu alguns curta metragens realizados por alunos da Escola na disciplina de audiovisual ou como Trabalho de Integração da IEP. Três deles compuseram o título ‘Cartas Filmadas’, uma metodologia utilizada pela disciplina em que os alunos criam e trocam entre si cartas no formato audiovisual. Outro foi ‘A grande estiagem’, que adaptou para linguagem audiovisual uma peça encenada pelos alunos de teatro da Escola, e dirigida pela professora Ilva Niño. Foram apresentados ainda ‘O SUS e o HGB: entrevistas com técnicos de vários setores do Hospital Geral de Bonsucesso – RJ’ e o trailer de ‘Em busca de Joaquim Venâncio’, que acabou de ser exibido na Escola.



Além de participar ativamente das atividades da Escola e dos debates mais gerais do Fórum, os mais de 40 alunos da EPSJV que desembarcaram em caravana em Brasília, também se integraram à programação do evento: eles animaram os corredores do centro de convenções com a ‘Banda Musical de rock’ (que teve duas edições) e ‘A voz e o violão na escola’.



A EPSJV, que teve um estande para expor seus materiais institucionais no evento, também aproveitou o Fórum para relançar a segunda edição revista e ampliada do ‘Dicionário de Educação Profissional em Saúde’, do volume 3 da série ‘Estudos de Politecnia e Saúde’ e do volume 4 da série ‘Iniciação científica na educação profissional em saúde: articulando trabalho, ciência e cultura’, além de dois números da Revista Trabalho, Educação e Saúde.



Veja a galeria de imagens da EPSJV no Fórum Mundial de Educação Profissional e Tecnológica