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Alunos da Educação de Jovens e Adultos da EPSJV produzem fanzine

Publicação traz críticas, problemas e aspectos positivos do território onde moram os estudantes
Talita Rodrigues - EPSJV/Fiocruz | 06/11/2015 09h00 - Atualizado em 01/07/2022 09h46

“Onde Moro”. Esse foi o nome escolhido pelos alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) para o fanzine produzido por eles durante a Semana de Democratização da Comunicação, que aconteceu em outubro. A publicação foi confeccionada durante uma oficina articulada pelo Coletivo Intervozes, que teve a participação de cerca de 40 alunos.

Durante três dias, o educador popular Tiago Coutinho e a oficineira Cátia do Nascimento trabalharam com os alunos da EJA para a produção do fanzine. No primeiro encontro, foram apresentados uma palestra e um vídeo sobre os conceitos do fanzine, uma publicação que pode ser feita por amadores ou profissionais, sobre algum assunto de interesse dos seus autores. O nome fanzine surgiu da contração da expressão em inglês fanatic magazine, que, em português, pode ser traduzida como uma revista de fãs. Na prática, os fanzines são feitos por e para pessoas que gostam de um tema em comum.

No segundo dia de oficina, os estudantes aprenderam a técnica de produção do fanzine e, no terceiro encontro, produziram o material, a partir de discussões sobre o tema que seria abordado na mídia alternativa que eles estavam criando — que, neste caso, foi o lugar em que vivem. Na confecção da publicação, cada aluno ou dupla de alunos fez o conteúdo de uma página, com textos ou imagens que demonstravam sua visão do território onde moram. As 24 páginas do fanzine trazem críticas, problemas e aspectos positivos da região de Manguinhos, no Rio de Janeiro. “Cada um fez o seu conteúdo de acordo com suas habilidades. Os alunos das séries iniciais, que ainda estão aprendendo a escrever, optaram por desenhos, por exemplo. E cada um mostrou como vê o território onde vive”, contou Cátia. O estudante Alexandre de Amorim Cardoso Machado, de 39 anos, fez uma página em parceria com seu colega Luan de Jesus, na qual pedem mais ação da associação de moradores do bairro e mais áreas de lazer para as crianças. “Aproveitamos o espaço para poder falar e lutar por nossos direitos, pois nem sempre podemos fazer isso no dia-a-dia”, disse Alexandre, acrescentando que achou a experiência muito interessante e que agora está pensando em produzir sozinho um fanzine de poesias.

Após os três encontros, Cátia ainda realizou mais dois dias de oficina para que os estudantes terminassem a montagem dos livretos impressos. No total, foram produzidos 800 fanzines que os alunos puderam levar para distribuir entre seus familiares e amigos. “Foi um trabalho muito interessante porque trabalhamos com uma turma bem heterogênea, que tinha desde adolescentes até pessoas idosas, e conseguimos fazer a publicação. Também discutimos a questão do monopólio da fala e como os espaços periféricos são retratados na mídia. E eles produziram sua própria mídia alternativa”, destacou Tiago.

Oficinas

As oficinas já são uma estratégia pedagógica utilizada há alguns anos na Educação de Jovens e Adultos da EPSJV como forma de trabalhar conteúdos transversais com os alunos de uma forma mais prática e dinâmica. A cada semestre, são desenvolvidos dois temas, gerando sempre um trabalho final. Neste segundo semestre de 2015, as oficinas têm como temas Racismo Ambiental, coordenada pelo oficineiro Diego Conceição, e Políticas Públicas, Educação Ambiental e apropriação de tecnologia social. Nesta última, que é coordenada por Cátia, os alunos estão pesquisando e discutindo sobre o despejo de óleo no meio ambiente. “Eles estão se conscientizando sobre não jogar mais óleo na pia da cozinha porque esse óleo vai parar nos rios. E estão recolhendo o óleo, que nós iremos usar para fazer sabão. Assim, eles aprendem uma tecnologia, fazem economia e contribuem com a saúde do ambiente”, explica . No primeiro semestre de 2015, o tema das oficinas foi “Identidade e Cultura local”, que trabalhou questões sociais e políticas do território e resultou em um festival de música produzido pelos alunos.

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