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Alunos da Educação de Jovens e Adultos visitam quilombo em Angra dos Reis

Estudantes da EPSJV puderam conhecer tradições africanas e a história de resistência dos moradores do local
Talita Rodrigues - EPSJV/Fiocruz | 19/11/2015 09h00 - Atualizado em 01/07/2022 09h46

Um grupo de 60 alunos e professores da Educação de Jovens e Adultos da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV) visitou no dia 14 de novembro o Quilombo Santa Rita do Bracuí, em Angra dos Reis (RJ). Nesse dia, aconteceu o lançamento da exposição Passados Presentes, que resgata a história do quilombo, com a realização de diversas atividades. Os estudantes da EPSJV e de outras instituições assistiram apresentações de capoeira, jongo e de um coral indígena (formado por índios de uma aldeia guarani da localidade).

No primeiro semestre deste ano, alguns moradores do quilombo vieram até a EPSJV para conversar com os alunos da EJA sobre a história do local e suas lutas. “Nosso objetivo com a visita era conhecer mais a história e o processo de resistência do quilombo e também discutir a relação de identidade e cultura afro-brasileira, tema que também trabalhamos com os alunos nas oficinas”, disse Daniel Vieira, da equipe de coordenação da EJA.
 
O quilombo está localizado na antiga Fazenda Santa Rita do Bracuí, que pertencia ao comendador José Joaquim de Souza Breves, que morreu em 1879 (nove anos antes da abolição da escravatura). Em seu testamento, o comendador, que não tinha filhos, libertou seus escravos e deixou suas terras para eles. Desde então, os ex-escravos e seus descendentes habitam as terras, mas, a partir da década de 1960, com a construção da Rodovia Rio-Santos, os moradores do quilombo passaram a lutar contra grileiros e condomínios de luxo que querem se instalar na região.

No quilombo, moram cerca de 130 famílias e também funciona a sede da Associação de Remanescentes do Quilombo Santa Rita do Bracuí (Arquisabra), que busca valorizar a memória e as tradições por meio do jongo e com o trabalho das oficinas desenvolvidas com crianças e jovens. A Arquisabra luta contra o preconceito e o racismo, com a realização de reuniões periódicas na comunidade, com o encontro anual da Consciência Negra e com o trabalho de fortalecimento da identidade negra e quilombola.

Dentro das terras do quilombo há uma cachoeira e a capela de Santa Rita, construída pelo comendador em homenagem à sua mulher, Rita Clara de Moraes Breves, e que permanece preservada. No local, também funciona o Ponto de Cultura Pelos Caminhos do Jongo, que preserva as tradições africanas e mantém atividades culturais e oficinas de capacitação em audiovisual, capoeira, jongo, musicalização, percussão, ecoturismo e artesanato.

Os alunos que participaram da visita gostaram de conhecer o quilombo. “Achei a cultura deles muito interessante e também achei muito legal que eles preservam a natureza. Bem diferente do que acontece na cidade, que não dão valor à natureza”, contou Sara Silva Moreira, aluna da EJA. Daniel conclui: “As atividades de campo são sempre muito proveitosas. Nesse caso, os alunos da EJA, que também é um espaço de resistência, puderam conhecer melhor outro espaço de resistência”.

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