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Conheça os rumos da pesquisa na EPSJV em 2009

Instituição inicia novas pesquisas em áreas como meio ambiente, educação e saúde no campo, biossegurança e vocação científica.
Talita Rodrigues - EPSJV/Fiocruz | 19/02/2009 08h00 - Atualizado em 01/07/2022 09h46

Área em desenvolvimento na instituição, a pesquisa na Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) vai aprofundar diversos temas em 2009. Já aprovados em 2008, nove projetos serão iniciados este ano com temas voltados para biossegurança, formação dos agentes comunitários de saúde, vocação científica, saúde ambiental e educação para os trabalhadores do campo, entre outros.

Desses projetos, cinco serão financiados pelo 5º Programa Estratégico de Apoio à Pesquisa em Saúde (Papes V), linha de fomento promovida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Outros três são custeados pela Coordenação Geral de Vigilância Ambiental em Saúde da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (CGVAM-SVS/MS) e a Fiocruz e um é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) dentro do Programa Jovem Cientista do Estado do Rio de Janeiro.

Formação de trabalhadores em saúde

O projeto ’Discursividade e políticas de saúde: configuração e análise de um corpus sobre a noção de comunicação no trabalho e na formação do agente comunitário de saúde’ é mais um desdobramento de um trabalho consolidado da EPSJV com a formação dos agentes comunitários de saúde (ACS), que já gerou uma coleção de material educativo para os professores desses profissionais e a elaboração de um curso técnico da escola em parceria com a Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/Fiocruz) e a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro. “O trabalho tem a finalidade de organizar e sistematizar materiais de diversos tipos sobre os ACS para que sejam estudados o discurso sobre a formação e o trabalho desses profissionais. O objetivo maior é analisar criticamente a construção histórica e discursiva do agente como um trabalhador sui generis”, explica Carla Martins, do Laboratório de Educação Profissional em Atenção à Saúde (Laborat), coordenadora do projeto. Para a pesquisa, serão utilizados documentos legais, material didático, textos acadêmicos, manuais e dicionários, além do acervo do Laborat, como entrevistas, oficinas e aulas sobre o tema. O projeto é uma parceria da EPSJV com o Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica (Icict/Fiocruz).

Educação e saúde no cenário internacional

A pesquisa ‘A inflexão das agências internacionais sobre a formação de trabalhadores da saúde: um estudo de caso sobre a Organização Mundial de Saúde (OMS)’ vai investigar as políticas de formação de trabalhadores de saúde propostas pelas agências internacionais. “Queremos identificar quais são as influências na política de formação no Brasil e em outros países, tomando como estudo de caso a OMS”, diz Gustavo Matta, coordenador do projeto, também do Laborat. O trabalho vai incluir pesquisa documental e bibliográfica, além de entrevistas com dirigentes da OMS e autores-referência para a organização. O projeto pretende gerar subsídios para o fortalecimento da pesquisa sobre Educação Profissional em Saúde no cenário nacional e internacional e também promover o maior intercâmbio entre os pesquisadores da EPSJV e a Fiocruz sobre o campo da saúde internacional e os processos formativos em saúde.

A pesquisa pretende gerar ainda dois seminários, artigos científicos e contribuir para ações de cooperação internacional na Fiocruz. O trabalho será realizado em parceria com o Instituto de Medicina Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). Gustavo lembra que a pesquisa tem relação com as ações de cooperação internacional da EPSJV, com uma pesquisa já realizada (mas que terá continuidade) que estudou a formação dos trabalhadores em saúde do Mercosul e com sua tese de doutorado, que investigou a utilização de um instrumento de avaliação de qualidade de vida e saúde em diversas partes do mundo. “Também pretendemos constituir uma linha de pesquisa sobre Globalização, Trabalho e Educação Profissional em Saúde, em conjunto com o Programa de Pós-Graduação em Educação Profissional em Saúde da EPSJV”, diz Gustavo.

O cenário internacional aparecerá também numa pesquisa mais voltada à educação. Trata-se do trabalho ‘Muito além da retomada da teoria do capital humano: a pedagogia do capitalismo neoliberal no quadro da teoria do capital intelectual’, que vai pesquisar a base de dados do Programa de Promoção das Reformas Educacionais na América Latina e Caribe (PREAL). No total, devem ser analisados mais de 400 textos. “Essa pesquisa tem como objetivo analisar a relação entre a Teoria do Capital Intelectual (TCI) e a Teoria do Capital Humano (TCH), contextualizando-as respectivamente na política e economia neoliberal”, explica Aparecida Tiradentes, coordenadora do projeto.

O trabalho também pretende sistematizar e analisar criticamente os fundamentos e princípios da TCI e identificar as principais iniciativas do empresariado contemporâneo sobre a política educacional e suas manifestações práticas. A pesquisa irá gerar relatórios, apresentações em congressos e discussões com a sociedade civil (principalmente com sindicatos de professores).

 

Ambiente e saúde do campo

 

O projeto ’Determinantes sociais da saúde nos territórios de Assentamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST): elementos para a elaboração de proposta de formação em saúde ambiental para a população do campo’ tem o objetivo de identificar os elementos necessários para a elaboração de uma proposta pedagógica de formação em saúde ambiental para a população do campo.

O projeto prevê o estudo de documentos oficiais, aplicação de questionários por domicílios nos assentamentos do MST, utilização de mapeamento artesanal e produção de imagens fotográficas em conjunto com a população dos assentamentos. O trabalho, coordenado por Maurício Monken, do Laboratório de Educação Profissional em Vigilância em Saúde (Lavsa), pretende identificar os elementos teórico-metodológicos necessários ao desenvolvimento de uma proposta pedagógica de formação na área de saúde ambiental voltada para a população do campo, bem como criar uma base de dados e um banco de imagens público sobre o tema.

Outro projeto na mesma área é o ’Formação de formadores em Saúde Ambiental nos territórios dos assentamentos do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST): uma estratégia para o enfrentamento dos determinantes sociais da saúde da população do campo’, também coordenado por Maurício. O trabalho vai desenvolver uma formação de especialização técnica em Saúde Ambiental voltada para os integrantes do movimento para que eles atuem como multiplicadores na área de Vigilância em Saúde Ambiental nos assentamentos do MST. Esse projeto vai dar continuidade ao Curso de Especialização Técnica em Saúde Ambiental para a População do Campo, elaborado pela EPSJV em parceria com a Coordenação Geral de Vigilância Ambiental em Saúde da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (CGVAM-SVS/MS). A idéia é que o curso qualifique a população do campo nos territórios da Reforma Agrária, promovendo saberes essenciais e incorporando conhecimentos técnicos e políticos e princípios éticos, com ênfase nos problemas de saúde ambiental em seus assentamentos.

A questão do meio ambiente volta a ser explorada em outras duas pesquisas do Lavsa. Uma delas, também coordenada por Maurício, é ’Reconhecendo os problemas de saúde ambiental no território: o trabalho de campo como estratégia pedagógica para a educação profissional em Vigilância em Saúde’, que será desenvolvida com alunos da Educação Profissional em Vigilância em Saúde e realizado em duas comunidades de Niterói (RJ) e uma de Mesquita (RJ). O estudo contará com a participação de professores-pesquisadores da EPSJV e supervisores técnicos das secretarias municipais de Saúde de Niterói e Mesquita. O projeto irá produzir três diagnósticos de situação de saúde e condições de vida que subsidiem a tomada de decisão e a intervenção sobre problemas selecionados. Também serão desenvolvidos quatro vídeos educativos voltados para a territorialização em saúde e a vigilância ambiental em saúde.

A outra, que traz um estudo de caso, é o projeto ’A construção compartilhada de cenários exploratórios e prospectivos entre atores envolvidos em conflitos socioambientais - o caso do passivo ambiental da Companhia Mercantil e Industrial Ingá’. Seu objetivo principal é fortalecer o protagonismo das principais entidades civis atingidas pelo passivo da Baía de Sepetiba, no Rio de Janeiro, como as associações de pescadores e moradores dependentes direta e indiretamente da capacidade suporte daquele ecossistema.

A metodologia utilizada no estudo, coordenado por Marcelo Bessa, do Lavsa, vai estudar intervenções propostas para a área, tais como a própria obra de remediação da área contaminada pelos rejeitos, o incremento das atividades do Porto de Sepetiba e as obras do Arco Rodoviário, que fazem parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal.

 

Biossegurança

 

A pesquisa ’Construção do conhecimento em biossegurança: a questão dos materiais didáticos em cursos técnicos da área de saúde no Rio de Janeiro’ tem como objetivo analisar a inserção dos conteúdos de biossegurança em materiais didáticos de cursos da área de saúde nas Escolas Técnicas do Sistema Único de Saúde (ETSUS), do Sistema S e nos Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefets). “Com esses dados, poderemos propor a inclusão desses conteúdos em materiais didáticos com a devida importância que deve ser dada à biossegurança”, diz o professor-pesquisador Marco Antônio Ferreira da Costa, do Laboratório de Educação Profissional em Técnicas Laboratoriais de Saúde (Latec), que coordena o projeto.

A pesquisa, que é uma parceria entre a EPSJV, a Escola Nacional de Saúde Publica (ENSP) e o Instituto Oswaldo Cruz (IOC), também contribuirá para a capacitação de docentes. “O objetivo é contribuir com parâmetros norteadores na produção de materiais didáticos de ciências, induzir a popularização e a inserção da biossegurança nas escolas de formação profissional da área de saúde e influenciar a capacitação docente nessa área”, destaca Costa. Este novo projeto está atrelado a três outros já desenvolvidos pelo Latec e aprovados pelo CNPq: “Biossegurança de organismos geneticamente modificados”, que prevê a capacitação de profissionais e pesquisadores nessa área e a produção de dois livros; ’Biossegurança de A a Z’, projeto de popularização e divulgação do tema e que inclui a elaboração da segunda edição do livro com o mesmo nome; e ’Biossegurança nos livros didáticos’, que identifica a inserção do tema nos livros de Ciências do Ensino Médio e que está gerando dados para a nova pesquisa, além de prever a produção de um livro didático sobre biossegurança.

 

Vocação científica

 

O projeto ’Vocação científica e profissão: análise da trajetória profissional de egressos do Programa de Vocação Científica da Fundação Oswaldo Cruz’ pesquisará a dinâmica dos interesses pela área científica despertados pelo Programa de Vocação Científica (Provoc) da EPSJV. “Nosso objetivo é conhecer a trajetória tanto dos alunos que continuaram pesquisando, quanto dos estudantes que, por um motivo ou outro, abandonaram o Programa após a conclusão da Etapa Iniciação”, diz a professora-pesquisadora Isabela Cabral Félix de Sousa, do Laboratório de Iniciação Científica na Educação Básica (LIC-Provoc), coordenadora do estudo. Segundo ela, com os dados coletados na pesquisa, será possível conhecer melhor o perfil dos egressos do Provoc e aperfeiçoar o programa. Para a pesquisa, serão entrevistados 70 alunos que concluíram a Etapa Iniciação ou Avançado do Provoc no período de 2000 a 2006.