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Contexto da América Latina é tema de palestra na EPSJV

Assunto foi abordado pela educadora e filósofa cubana Isabel Monal.


Os processos de mudança na América Latina foram tema da palestra proferida pela educadora e filósofa cubana Isabel Monal, na Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV), no dia 10 de novembro. ‘A teoria da revolução em Marx e o contexto atual da América Latina’ foi o título da fala de Isabel, que também é pesquisadora emérita da Academia de Ciências de Cuba e ganhadora do Prêmio Nacional de Ciências Sociais.



Isabel iniciou sua fala dizendo que as perspectivas atuais para a América Latina são muito variadas. “Acompanhamos com esperança, interesse e angústia os atuais processos de mudança. O que acontece hoje na América Latina é um desafio para a teoria da revolução. Para acompanhar os processos que estão ocorrendo, temos que modificar essa teoria, que não está pronta e é modificada continuamente. Devemos utilizar a teoria de Marx nos processos que estão ocorrendo hoje e também modificá-la. Essa é uma das grandes tarefas dessa geração que vai mudar completamente esse continente. A América Latina está na vanguarda que vai mudar o mundo”, disse.



Para Isabel, os processos que ocorrem na América Latina são amplos, diversos e com intensidade desigual. “Dentro dessa diversidade, cada processo vai ser diferente do outro porque a situação de cada país é diferente, com correlação de forças distintas e a formação de alianças e grupos. Além disso, a conformação dos sujeitos sociais pode se modificar no processo revolucionário. Os revolucionários são diferentes em cada país”, explicou.



A importância dos movimentos populares no contexto atual da América Latina também foi destacada por Isabel. “Tivemos um crescimento desses movimentos e, hoje, a articulação das organizações políticas e dos movimentos sociais é muito diferente das organizações revolucionárias. Os movimentos sociais no mundo de hoje têm um protagonismo que não existia na época de Marx”, disse, destacando a importância da construção da unidade entre os setores oprimidos pelo capitalismo. Isabel frisou que os revolucionários não podem renunciar a construir a luta com nenhum grupo ou classe que possa desempenhar um papel na luta contra o capital, e lembrou que uma das principais tarefas dos revolucionários é superar a cisão entre Estado e sociedade civil, que classificou como artificial e nefasta.



Ainda falando sobre movimentos sociais, mais especificamente sobre os movimentos antiglobalização, Isabel disse que não acredita ser possível mudar o mundo sem tomar o poder. “Quero ver como vai ser isso. Sou defensora da unidade e da força revolucionária. No final de suas vidas, Marx e Engels começaram a superar os erros que haviam cometido ao subestimar a importância do fator nacional. Isso é fundamental, não se pode fazer revolução em um continente se essa unidade não está presente na primeira hora”, opinou. A filósofa defendeu que, mesmo diante das diferenças, é importante que os revolucionários façam um esforço para caminhar em conjunto com esses movimentos, sem necessariamente incorporar as teses que retiram o lugar da tomada do poder para a transformação social: “Uma coisa é considerar que não há condições para a tomada do poder hoje. Outra, completamente diferente, é renunciar a isso”.



Saúde e Educação



Isabel também falou sobre os sistemas de saúde e educação cubanos, considerados exemplares, e disse que parte disso é responsabilidade do povo, que luta para que tenha bons serviços prestados pelo governo. “Educação e saúde são pólos de referência em Cuba. Temos um dos melhores sistemas de saúde do mundo, mas nós cubanos queremos que seja cada vez melhor e lutamos para isso. A educação também é boa porque existe uma pressão da sociedade civil no Estado. Toda a sociedade participa do processo. É como no combate à dengue, que depende das ações de todos, não só do Ministério. É uma tarefa de todos”, explicou.



A palestrante destacou ainda o papel protagonista desempenhado pelo movimento estudantil para a garantia das conquistas do povo cubano: “A Revolução Cubana se fez a partir da aliança da classe operária, dos camponeses e das classes médias com o movimento estudantil, que hoje desempenha papel central em Cuba”.



Governo Lula



Questionada sobre o governo Lula, Isabel disse que, apesar das limitações, o presidente brasileiro tem tido um papel positivo internacionalmente, como aconteceu recentemente em Honduras. “As declarações de Lula são significativas porque o Brasil é um país importante. O Brasil e o Lula são o motor da integração da América Latina hoje e queremos a melhor integração possível”, opinou.