O documentário “Ilva”, do professor-pesquisador da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), Gregório Albuquerque, está concorrendo ao prêmio de melhor longa-metragem na 4ª edição do festival internacional de cinema “Take Único”, realizado nos dias 24 e 25 de junho. O filme conta a trajetória de vida da atriz Ilva Niño, popularmente conhecida pela sua atuação em novelas. “O longa apresenta ao público uma atriz fundadora do Movimento de Cultura Popular do Recife, esfacelado pelo golpe que instalou a ditadura civil-militar no Brasil, além da incansável guardiã do teatro popular nordestino”, conta o diretor.
Para Gregório, reconstruir a trajetória de Ilva nas telas é permitir um mergulho profundo em grande parte da história do nosso país em suas múltiplas dimensões. “É num Brasil que sai da curta experiência democrática dos anos de 1950, onde novos projetos educacionais e de sociedade estavam em construção, que Ilva inicia sua carreira teatral”, contextualiza.
Segundo a apresentação do documentário, o longa revela ainda que a atriz esteve presente na criação e construção do Movimento de Cultura Popular de Recife (MCP) em 1960, junto com marido, o teatrólogo Luiz Mendonça, experiência que uniu o teatro e outras manifestações culturais na ação, difusão e valorização da cultura popular, promovendo a alfabetização de crianças e adultos. E integrou ainda um grupo que uniu artistas, intelectuais, o Partido Comunista Brasileiro (PCB), associações de esquerda, mulheres e homens comuns, na luta por uma população pobre e trabalhadora que precisava construir-se como atores políticos.
É o início da ditadura, em 1964, que leva Ilva e o marido a fugirem da prisão iminente na capital pernambucana para ao Rio de Janeiro, onde decidem fazer teatro de revista. No palco, entrelaçam a estética ao ao teatro popular do Nordeste, dando início ao mesmo tempo a um novo formato de crítica social.
Anos depois, no início dos anos de 1970, Ilva entra para TV e cinema. Durante o período da abertura política e da reconstrução democrática na década de 1980, ela esteve à frente de um novo projeto envolvendo educação política e teatral e educação popular nas favelas. Além disso, destacou-se ao unir teatro e educação para jovens em formação para o trabalho na saúde.
Ilva foi professora de teatro da EPSJV por muito anos. “Produzir o documentário para mim foi uma honra e um aprendizado. Fui aluno e parceiro de trabalho da Ilva na EPSJV juntando o audiovisual com o teatro. Em todos os processos, sempre aprendendo muito com ela e sua história de vida”, conclui Gregório.
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A Ilva deve permanecer na