A Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) iniciou, no dia 17 de agosto, a formação da quinta turma do curso de Educação Popular e Plantas Medicinais na Atenção Básica à Saúde, a primeira em formato totalmente presencial. O projeto é coordenado pelas professoras-pesquisadoras da EPSJV/Fiocruz, Grasiele Nespoli e Camila Borges, em parceria com outras unidades da Fiocruz e com a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, que coordena a área técnica das práticas integrativas e complementares.
A proposta do curso foi construída em 2019, e as quatro edições anteriores, que aconteceram de forma remota por conta da pandemia de Covid-19, formaram quase 100 trabalhadores em diversos municípios do estado do Rio de Janeiro e implantaram oito hortas em unidades básicas de saúde dessas cidades.
O curso tem como objetivo formar trabalhadores do SUS e lideranças comunitárias partindo das experiências que esses educandos têm no campo da Atenção Primária em Saúde e com as práticas de cuidado no Sistema Único de Saúde (SUS) para que eles possam investigar, no território que vivem, as plantas medicinais que são usadas pela população. “Temos o desafio de fazer uma formação com trabalhadores de níveis de escolaridade diferentes porque entendemos que cada um tem um saber para partilhar e todo mundo ensina e aprende”, destaca Grasiele Nespoli.
A coordenadora do curso ressalta que as edições remotas do curso aconteceram no contexto da pandemia em que existia uma sobrecarga de serviço para os trabalhadores. E que, por isso, algumas inseguranças presentes no formato remoto, podem ser superadas agora com o curso presencial por meio de um debate mais aprofundado e com a experiência prática do preparo dos remédios medicinais em conjunto.
A formação da turma que está em andamento está prevista para dezembro de 2022, com uma carga horária de 176 horas, divididas em encontros presenciais de 8 horas e trabalhos de campo no território com atividades vinculadas ao processo de atenção primária. Para esta edição, com a turma local na Escola, a prioridade da formação é para trabalhadores de Maré-Manguinhos. Segundo Grasiele, o curso tem como objetivo valorizar os saberes populares e mediar com os saberes científicos acumulados historicamente.
Nesta edição presencial, a turma realizará uma atividade prática de construção de um herbário com a geração de mudas para implantar nos territórios, em locais que serão definidos pelo coletivo, como unidades de saúde das comunidades de Maré e de Manguinhos.
Grasiele explica que foram desenvolvidos materiais pedagógicos para dinamizar a importância dos saberes e das práticas integrativas do curso – o jogo “Semeando o Cuidado” e o livro “Herbário - Turmas da Região Serrana do Curso de Formação Pedagógica em Educação Popular e Plantas Medicinais na Atenção Básica”. Ela conta que, a partir das edições anteriores, percebeu que a formação se desdobra em ações de uso no território, uma vez que os educandos implementaram práticas como a construção de hortas, doações de mudas, rodas de conversas, entre outras ações.
“Além de fazer o herbário com as plantas desidratadas, vamos dividir esse olhar sobre a planta, o que vai trazer uma potência muito maior. Outra coisa que fazemos é manter as turmas em contato, dando apoio político, pedagógico e científico para esses grupos dialogarem e também oferecendo segurança, a partir da perspectiva da ciência, sobre o uso de determinadas plantas. Com isso, os educandos se fortalecem porque quando a gente os agrupa no coletivo, o processo de trabalho no território passa a ser mais integrado”, conclui a professora-pesquisadora.