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EPSJV promove a formação de jovens moradores de assentamentos rurais

Curso Cooperativismo e Agroecologia, financiado pelo Pronera, busca estimular práticas agroecológicas e sustentáveis nos assentamentos
Talita Rodrigues - EPSJV/Fiocruz | 29/10/2015 09h00 - Atualizado em 01/07/2022 09h46

Voltado para jovens moradores de assentamentos do Estado do Rio de Janeiro, o curso Cooperativismo e Agroecologia, promovido pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV), vai formar 32 alunos, de 15 a 29 anos. O curso é resultado de uma parceria entre a EPSJV, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera/INCRA) e a Secretaria Nacional da Juventude (SNJ). “Essa formação tem como base uma reflexão sobre a realidade do meio rural brasileiro, formando os educandos nos princípios de um modelo de agricultura familiar fundado nos valores da soberania alimentar, da sustentabilidade, do não uso de agrotóxicos e da preservação do solo e dos recursos hídricos. A ideia é estimular os moradores do campo a adotar práticas agroecológicas e sustentáveis nos assentamentos, facilitando o acesso a mercados institucionais”, explica o coordenador geral do curso, Márcio Rolo, professor-pesquisador da EPSJV.

A formação, uma demanda do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), insere-se nas iniciativas da EPSJV no campo da cooperação social. O curso foi selecionado no edital Residência Agrária Jovem (RAJ), do Pronera, que tinha como objetivo financiar projetos nos assentamentos que incorporem a juventude para fortalecer a produção da vida nos assentamentos. O Pronera propõe e apoia projetos de educação voltados para o desenvolvimento das áreas de reforma agrária, voltados, principalmente para jovens e adultos moradores de assentamentos.

Os jovens, que recebem uma bolsa-auxílio para participarem do curso, são estudantes de Ensino Médio e Pós-Médio, moradores de assentamentos e acampamentos das regiões Norte, Sul e Baixada Fluminense, como Dandara dos Palmares, Campo Alegre, Francisco Julião, Madre Cristina e Terra Prometida, entre outros.
 
O curso de qualificação profissional é estruturado no regime de alternância entre tempo escola e tempo comunidade, promovendo uma articulação entre a teoria e a prática. Ele teve início em julho deste ano, com a realização de um tempo escola em Campos (RJ) e prevê a realização de um conjunto de atividades pedagógicas tanto nesse município quanto em Queimados (RJ). Nos tempos comunidade, além das atividades encaminhadas pelos educadores durante o tempo escola, como leituras e pesquisa sobre reconhecimento de território, os professores também vão até os assentamentos para dar aulas. “Uma das tarefas dos alunos no tempo comunidade é visitar cooperativas de produção em suas regiões para conhecer suas formas de organização. Um dos objetivos do projeto é fortalecer as bases de uma produção que não seja predatória do ponto de vista da saúde ambiental”, diz Márcio.

Os outros tempos escola estão previstos para janeiro, julho e outubro de 2016, sempre alternados pelas atividades desenvolvidas no tempo comunidade. No último tempo-escola, serão apresentados os Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC), que deverão ser pesquisas sobre o território, com o objetivo de promover a iniciação científica nas escolas do campo.

O conteúdo do curso é baseado em quatro componentes curriculares: Juventude, Identidade e Cultura; História e Trabalho; Território e Pesquisa; e Fundamentos do Cooperativismo e Agroecologia. Além desses componentes, o curso terá ainda oficinas (Teatro do Oprimido; Mídias Alternativas; e Expressão e Comunicação) e tempo reservado para a auto-organização e encaminhamentos da pesquisa para o TCC.

A equipe de coordenação político-pedagógica do curso é formada por Paula Cerruti (EPSJV), e Luana Carvalho Aguiar Leite, João Sávio Monção, Elisângela das Dores Carvalho e Amanda Aparecida Matheus, todos integrantes do MST. As aulas são ministradas por professores da EPSJV - Leonardo Bueno, Eduardo Barcelos e Bianca Borges - além de professores parceiros de outras instituições de ensino, como a Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Além das aulas tradicionais, também faz parte da estratégia pedagógica do curso a realização de diversas atividades — como a coleta de material do solo da região, após uma aula sobre qualidade do solo com o professor de Agroecologia Mauri Lima Filho, da UFRRJ. O material coletado será levado para análise em laboratório durante o segundo tempo escola. “O grupo de alunos é bem heterogêneo, com diferentes níveis de formação política e educacional. Mas é muito gratificante perceber o amadurecimento que vai se dando com a convivência, o estudo e as discussões em sala de aula”, diz a coordenadora Paula Cerruti.