Os professores-pesquisadores da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), integrantes do Grupo de Trabalho Educação Baseada em Simulação, visitaram, no dia 23 de maio, o Laboratório de Habilidades e Simulação Realística em Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
A iniciativa teve como objetivo estreitar parcerias institucionais e refletir sobre novas possibilidades de aplicação da simulação no processo de ensino-aprendizagem dos estudantes da Escola Politécnica. “Essa visita trouxe muitas perspectivas de parceria, como a possibilidade de promover formações conjuntas, trocar experiências sobre os projetos que desenvolvemos e conhecer os que o Laboratório realiza. Como são duas instituições públicas, acredito que essa troca pode ser bastante frutífera”, avalia Tainah Galdino, professora-pesquisadora da EPSJV.
A simulação clínica é uma estratégia de ensino e aprendizagem que utiliza ferramentas e técnicas para criar situações hipotéticas que reproduzem cenários clínicos. “Quando se fala em simulação, o que geralmente vem à mente são os cursos de Enfermagem, Fisioterapia e Medicina”, explica Tainah. No entanto, a simulação vai além dessas áreas. Na EPSJV, diferentes abordagens vêm sendo utilizadas nos cursos oferecidos pela instituição. “Já estamos inseridos em alguns critérios de simulação quando realizamos atividades práticas. Por exemplo, ao levar o aluno ao trabalho de campo ou ao laboratório, desenvolvemos práticas supervisionadas que também integram esse universo da simulação”, destaca Tainah. Outro exemplo é o uso de braços mecânicos para ensinar técnicas de coleta de sangue aos estudantes do Curso Técnico de Nível Médio da habilitação em Análises Clínicas.
Simulação no ensino
Para Cynthia Dias, professora-pesquisadora da EPSJV, “a visita serviu para refletir sobre as práticas e estratégias pedagógicas. Temos muita experiência aqui, e, assim, vamos associando uma coisa com a outra”, relata. Tainah Galdino complementa: “Essas tecnologias educacionais aliadas à simulação no ensino são metodologias ativas, que buscam trabalhar os temas e conteúdos em outras linguagens, além de promover dinâmicas com os estudantes”.
Entre as estratégias que podem ser utilizadas no ensino, Flávia Carvalho, também professora-pesquisadora da EPSJV, destaca a importância de adotar abordagens diferentes das tradicionais, que estimulem o estudante a refletir sobre suas práticas. “Durante a simulação, se o aluno levar o paciente ao óbito, não é papel do professor apontar o erro, porque isso pode causar constrangimento e deixar a pessoa ainda mais insegura. O objetivo da simulação é justamente outro: destacar os pontos positivos e questionar o que poderia ter sido feito de forma diferente”, reflete Flávia. Cynthia acrescenta: “Os resultados têm sido muito positivos em relação à autoconfiança dos estudantes para a prática profissional”.
Ao pensarmos em simulação em saúde, é comum associarmos à imagem de estudantes reunidos em torno de um boneco para testar, por exemplo, práticas de reanimação. No entanto, a simulação vai muito além do uso desses manequins. “Ela envolve o desenvolvimento de competências como o trabalho em equipe, por exemplo. E isso os nossos estudantes precisam muito: essa ideia de simular uma situação real de trabalho, que também pode ser feita por meio de dramatizações”, explica Cynthia. “Outra competência que faz parte desse processo de ensino é enfatizar a dignidade e o respeito ao paciente”, conclui Flávia.
Grupo de Trabalho Educação Baseada em Simulação
O Grupo de Trabalho que realizou a visita ao Laboratório da Uerj foi concebido no final de 2023, a partir do encontro “Simulação Clínica na Formação de Técnicos em Saúde no Contexto Ibero-Americano: Desafios e Perspectivas”, que reuniu integrantes da Rede Ibero-Americana de Educação de Técnicos em Saúde (RIETS) na EPSJV. O evento teve como objetivo discutir a ampliação da inclusão da educação baseada em simulação na formação de técnicos em saúde.
Tainah Galdino atribui àquele momento de integração com a Rede uma nova compreensão sobre a simulação realística. “Essas pessoas da América Latina vieram à Escola mostrar o que é a simulação realística e como isso já está presente no mundo”, relembra. E acrescenta: “Acredito que existe um chamado para que a Escola Politécnica e a Fiocruz se insiram nesse movimento, que já acontece e está espalhado pelo Brasil e pelo mundo afora”.