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Estudantes do Ensino Médio apresentam trabalhos na Semana de Vocação Científica

Alunos participam do Programa de Vocação Científica (Provoc) da EPSJV.
Talita Rodrigues - EPSJV/Fiocruz | 06/05/2010 08h00 - Atualizado em 01/07/2022 09h47


Um rito de passagem. Assim Bruno Vermandel, de 18 anos, caracteriza o que acontece na Semana de Vocação Científica, que teve, entre 26 e 30 de abril, sua 15ª edição. “O ritual da apresentação oral na Semana é algo fundamental. Ter que expor tudo aquilo que você pesquisou durante dois anos, apresentando resultados, metodologias e ter que explicar em linguagem coerente e clara, realmente marca o 'rito de passagem' do jovem ingênuo de 15 anos para um estudante universitário (e futuro cientista) mais responsável e consciente do que é fazer uma pesquisa”, disse o ‘futuro cientista’ Bruno, que concluiu a etapa Avançado do Programa de Vocação Científica (Provoc), da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) e apresentou seu trabalho na Semana. “Acho o Provoc fantástico. Colocar jovens para fazer ciência é um desafio apreciável. Essa ousadia é o que faz o programa único, pois acredita nos jovens e quebra alguns tabus de que ciência é algo sério para 'gente grande'. Foi essa minha experiência com o programa: a de um jovem descobrindo o mundo fantástico da ciência”, disse o estudante.



Bruno, que atualmente cursa Física na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)  fez a pesquisa do Provoc no Laboratório de Bioquímica de Proteínas e Peptídeos do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) sobre a ‘Localização celular da oligopeptidase B2 de Leishmania amazonensis’. O trabalho teve o objetivo de caracterizar a enzima oligopeptidase através de diversos métodos de biologia molecular, bioquímica e biologia celular, visando contribuir para o conhecimento dessa enzima que é um importante fator de virulência em tripanossomatídeos, como a Leishmania amazonensis. O tema escolhido foi um desdobramento da tese do seu orientador, Herbert Leonel Guedes. “Escolhi o laboratório através do meu interesse e, lá dentro, fui orientado por um pesquisador, o que me fez trabalhar dentro da linha de pesquisa dele. A experiência foi ótima, fruto de um processo muito maior. Tive que lidar com dificuldades que não são comuns no ensino médio e, com a ajuda dos pesquisadores e dos amigos que fiz no laboratório, consegui concluir o trabalho. Aprendi muito tendo que correr atrás daquilo que eu não sabia, o que era quase tudo”, contou Bruno.



Para o co-orientador de Bruno, Salvatore Giovanni de Simone, pesquisador do Laboratório de Bioquímica de Proteínas e Peptídeos do IOC, o estudante tem tudo para ser um cientista. “Ele é um excelente aluno e tem um futuro brilhante. Dizemos o que ele tem que fazer e ele busca a técnica para executar. Ele tem curiosidade científica. E isso é um diferencial importante para quem que seguir na área”, disse Salvatore.



A curiosidade pelo mundo da ciência foi também o que motivou Eislaine Pinto de Paiva, de 17 anos, a participar do Provoc. Além de querer conhecer o cotidiano de um laboratório de pesquisa, ela também queria uma ‘ajuda’ para escolher sua futura profissão. “No Provoc, aprendi e cresci em muitos aspectos, tanto em relação ao conhecimento das práticas realizadas no laboratório, quanto no aspecto da responsabilidade, organização, pontualidade, atenção e maturidade. O Provoc contribuiu não só no meu currículo, como também na minha vida”, contou a estudante, que atualmente cursa o 3º ano do Ensino Médio e está na etapa Avançado do Programa.



Na Semana de Vocação Científica, Eislaine apresentou o pôster ‘Ocorrência de  membros do grupo Bacillus cereus sensu lato em leite integral e a avaliação da capacidade enterotoxigênica das cepas isoladas do Multiplex-PCR’, trabalho desenvolvido no Laboratório de Fisiologia Bacteriana do IOC. O trabalho teve o objetivo de analisar diferentes marcas de leite para investigar a presença de cepas do grupo Bacillus cereus sensu lato em amostras de leite pasteurizado e UAT disponíveis no mercado varejista do estado do Rio de Janeiro. O tema foi escolhido a partir de uma indicação de sua co-orientadora, Jeane Quintanilha Chaves. “Achamos o tema interessante por se tratar de uma questão importante relacionada à saúde e que não tem uma atenção específica na legislação brasileira quanto à presença das bactérias descritas no trabalho”, disse Eislaine. “Muito do que estou fazendo no Avançado, já havia feito ou pelo menos visto na etapa Iniciação, então facilitou bastante o entendimento e a execução das práticas”.



A dedicação de Eislaine ao trabalho é apontada por sua orientadora, Clara de Fátima Gomes Cavados, como um fator importante para o sucesso do seu trabalho. “Quando os alunos chegam ao Avançado, digo a eles que, a partir desse momento, se tornam responsáveis pela pesquisa. Quando precisam, nós ajudamos, mas eles têm que assumir a responsabilidade pelo trabalho”.



Clara disse que é ‘fã número um’ do Provoc, do qual faz parte há mais de 15 anos. Para a pesquisadora titular do Laboratório de Fisiologia Bacteriana do IOC, a motivação para ser orientadora de alunos do Provoc vem da possibilidade de oferecer a esses jovens a oportunidade de vivenciarem a realidade de um laboratório e a vida acadêmica, com a produção do trabalho de pesquisa, antes de entrarem na universidade. “Além disso, participamos do crescimento e da formação deles, que acabam se tornando nossos filhos. Muitos estudantes decidem a profissão que vão seguir quando estão no Provoc e conhecem as várias possibilidades dentro da área que gostariam de atuar”.



Para Salvatore, ver o crescimento dos estudantes durante o Provoc é a principal motivação para ser orientador do programa, atividade que exerce há cinco anos. “Sempre trabalhei com iniciação científica e nossa motivação é ver que eles estão se interessando pelo que estão aprendendo. A maior parte dos alunos que recebemos no laboratório acabam seguindo em frente na carreira”.



Provoc



O Programa de Vocação Científica proporciona aos estudantes do Ensino Médio a oportunidade de desenvolver a pesquisa e a vocação científica. Participam do Provoc alunos de escolas públicas e privadas da cidade do Rio de Janeiro, além de moradores de comunidades do entorno da Fiocruz.



Para participar do programa, os jovens devem estar cursando o primeiro ano do Ensino Médio em uma das escolas conveniadas. As inscrições são feitas diretamente nas instituições e, anualmente, de março a junho, as escolas fazem a seleção. As atividades começam sempre no mês de agosto.



Para os pesquisadores que desejam atuar como orientadores do Provoc 2010-2011, as inscrições estão abertas até 21 de maio de 2010 e podem ser feitas pelo site www.epsjv.fiocruz.br/formprovoc.php.



Mais informações sobre o Provoc podem ser obtidas no site da EPSJV ou pelo e-mail provoc@fiocruz.br.