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Livro discute a educação política no Brasil

Obra é fruto do trabalho de pesquisa do Coletivo de Estudos de Política Educacional da EPSJV.
Talita Rodrigues - EPSJV/Fiocruz | 01/07/2010 08h00 - Atualizado em 01/07/2022 09h47


 Um estudo sobre a educação política no Brasil contemporâneo. Esse é o tema central do livro ‘Direita para o Social e Esquerda para o Capital: intelectuais da nova pedagogia da hegemonia no Brasil’ (Xamã, 2010, São Paulo), novo trabalho do Coletivo de Estudos de Política Educacional, grupo de pesquisa da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV). “O foco de análise do livro recai sobre os intelectuais da nova pedagogia da hegemonia. O Coletivo atualiza o conceito gramsciano de intelectuais para explicar os processos de dominação que levam à reafirmação das relações sociais capitalistas no Brasil do novo imperialismo”, diz Lucia Neves, organizadora do livro, pesquisadora da EPSJV e coordenadora do grupo de pesquisa.



O novo livro é uma continuidade e um aprofundamento da investigação iniciada em 2002 pelo Coletivo para entender as relações de poder no Brasil e o processo de reconfiguração do Estado brasileiro, que resultou no livro ‘A nova pedagogia da hegemonia: estratégias do capital para educar o consenso’ (Xamã, 2005, São Paulo). “Após essa primeira pesquisa, o grupo identificou que era necessário entender a forma como o conhecimento vinha sendo utilizado para a formação dessa nova pedagogia e, principalmente, identificar o papel dos intelectuais na nova pedagogia da hegemonia”, diz André Martins, integrante do Coletivo. O grupo define a pedagogia da hegemonia como uma educação para o consenso em torno de ideias, ideais e práticas adequadas aos interesses privados do grande capital nacional e internacional. Sua principal característica é assegurar que o exercício da dominação de classe seja viabilizado por meio de processos educativos positivos. Baseado nos conceitos de Gramsci, processos educativos positivos são aqueles em que a educação é feita por meio dos exemplos, das atitudes das outras pessoas ou pela ação da mídia.



“Também investigamos o processo histórico de formação dos intelectuais e os fundamentos científicos que dão base para essa formação. Na última parte do livro, analisamos dois casos de instituições para mostrar como se dá a formação dos intelectuais”, diz André, referindo-se ao estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), dois “intelectuais coletivos” considerados pelo grupo como centrais na difusão dos autores e dos pressupostos da pedagogia da hegemonia no país.



Para investigar as transformações do capitalismo, o livro também analisa uma dezena de teóricos que o grupo considera representativos desse processo, como Alan Touraine, Boaventura de Sousa Santos, Antonio Negri, Edgar Morin e Peter Drucker. O livro também mapeia a construção da hegemonia capitalista ao longo do período da Guerra Fria e faz um debate sobre o projeto político da Terceira Via e as contribuições de diferentes autores sobre o surgimento de um ‘novo mundo’. “Há uma série de teorias sociológicas que afirmam existir um ‘novo mundo’ a partir do fim dos anos 1990, no qual as relações sociais foram alteradas. Mas o que nós identificamos é que tanto os intelectuais da direita quanto os da esquerda convergem para o mesmo campo. E isso vira um fenômeno, que é a união da esquerda para o capital e da direita para o social, reafirmando uma concepção de mundo que procura reafirmar as relações capitalistas”, explica André.



O Coletivo de Estudos de Política Educacional é um grupo de pesquisa da EPSJV/Fiocruz vinculado ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que possui duas linhas de pesquisa principais: a Educação Política e a Educação Escolar. Desde 2002, o grupo faz um trabalho de pesquisa sobre educação, que já gerou diversos livros sobre os dois temas. O grupo é formado por pesquisadores da EPSJV, Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e Universidade Federal da Paraíba (UFPB) – Campus Campina Grande.