A exposição virtual “Manguinhos de Muitas Memórias: histórias dos trabalhadores técnicos da Fiocruz”, coordenada pela professora-pesquisadora da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), Renata Reis, foi lançada no dia 28 de junho, no 4º Fórum Fiocruz de Memória (Fofim). Fruto do projeto “Lugares de Memória: história e vida dos trabalhadores técnicos da Fiocruz” e baseada na tese de doutorado intitulada “A ’grande família’ do Instituto Oswaldo Cruz: a contribuição dos trabalhadores auxiliares dos cientistas no início do século 20”, a exposição tem como propósito estabelecer um lugar de memória para os primeiros trabalhadores técnicos, os antigos auxiliares de laboratório, que atuaram nos primeiros 30 anos da Fundação. “São histórias de trabalhadores que atuaram lado a lado com os cientistas e participaram da construção da Ciência e da Saúde pública no Brasil”, ressaltou Renata.
Para a professora-pesquisadora, a importância da exposição está em proporcionar o conhecimento de outros ângulos da história da Fiocruz, principalmente, a história do trabalho. “E compreender como as relações que estavam acontecendo nesse tempo histórico do país se materializavam dentro da Fiocruz. Através dessas histórias, a gente vai conhecendo outras formas de olhar para nossa própria história, entendendo que não é só esse glamour que a gente conhece da Ciência e do cientista. Tem os bastidores disso tudo que quase nunca eram glamourizados. Eram lugares duros, de hierarquias muito rígidas. Eles eram chamados de trabalhadores subalternos nos regulamentos da Fundação”, destacou Renata.
"Quando se visibiliza os nomes e as histórias desses trabalhadores, entendemos a importância de suas funções e valorizamos suas memórias, suas capacidades e seus saberes. É importante pensar que o corpo técnico que trabalha junto a esses profissionais desempenha um papel fundamental nas pesquisas em saúde e, obviamente, nos outros campos, e é justo que eles também sejam reconhecidos pelo trabalho que fazem”, acrescentou o museólogo Phelipe Rezende, que foi curador da exposição junto com Renata.
Segundo Phelipe, os critérios de seleção e organização do acervo foram baseados nos diferentes aspectos sociais da vida dos trabalhadores técnicos da Fiocruz, como trabalho, família, moradia e educação. “Com essa setorização, foi possível mapear e destinar melhor cada documento, imagem e áudio, de modo que eles pudessem ilustrar de maneira objetiva as histórias dos trabalhadores”, explicou.
Para além dos aspectos sociais, Phelipe ressaltou que era importante também pensar nas identidades de cada um e como a trajetória deles reverberou nos dias de hoje: “Optamos também por destinar um espaço para suas biografias, documentadas, e outro para os relatos de funcionários, colaboradores e outras pessoas que possuem algum vínculo com a Fiocruz hoje e se sentem de alguma forma representados por essas pessoas no passado”.
Manguinhos de muitas memórias
Dividida em oito módulos, ou salas expositivas virtuais, a exposição apresenta histórias biográficas, aspectos relativos ao trabalho, educação, moradia, expedições científicas e redes de amizade, companheirismo e solidariedade construídas por esses trabalhadores técnicos.
No módulo Biografias, por exemplo, a exposição traz a história de vida de técnicos como Joaquim Venâncio, que dá nome à Escola Politécnica, Altino Rodrigues Benfica, José Borges, dentre outros.
Há também uma área do site com acesso ao Fiocraft, que é uma versão virtual da instituição dentro do jogo digital Minecraft, e um Padlet, que é um mural virtual, com artigos, trabalhos acadêmicos, vídeos, documentos e outros.
A exposição promove ainda um diálogo entre o ambiente virtual e presencial, conectando-se com o Campus de Manguinhos através de seis “pontos de memória”: placas com textos interpretativos relacionando aquele local com a história dos personagens da exposição. As placas têm um QR Code que, quando acionado com a câmera do celular, transportam o visitante para o site da exposição virtual.
“É um convite para que toda comunidade Fiocruz e o público em geral conheçam aspectos das relações de trabalho no antigo Instituto Oswaldo Cruz”, concluiu Renata.