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Práticas de Convivência nos Territórios

EPSJV inicia formação que visa qualificar trabalhadores do SUS e de outras políticas públicas para realização de práticas de convivência nos territórios com arte, cultura e economia solidária
Julia Neves - EPSJV/Fiocruz | 13/04/2022 10h13 - Atualizado em 01/07/2022 09h40

A Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) deu início, no dia 12 de abril, ao Curso de Atualização Profissional em Práticas de Convivência nos Territórios. A formação é uma das ações do projeto de pesquisa ‘Promoção da saúde mental e do cuidado para a pessoa idosa através de estratégias formativas no contexto pós-pandêmico’, viabilizado por uma emenda parlamentar, que reúne um conjunto de medidas para promover a saúde e a proteção aos direitos da população, tanto no âmbito do contexto do processo de envelhecimento populacional e crescentes necessidades por cuidados, quanto no contexto da pandemia de Covid-19 e pós-pandemia.

“O curso acontece em um contexto pandêmico, depois de um período de prolongado isolamento social em que a convivência foi suspensa e a sociabilidade presencial impedida. Resgatar os espaços de sociabilidade, criar e promover novos encontros nos territórios é produzir vida e saúde” destaca a professora-pesquisadora da EPSJV, Ariadna Patrícia Alvarez, que coordena o curso com Thiago Melicio, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e Neli de Almeida, professora do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ), do campus Realengo.

Para Thiago, o curso tem compromisso com dois grandes eixos. "Um é dedicado à defesa da política pública de saúde e, em especial, ao Sistema Único de Saúde, e a todos os dipositivos que promovem o cuidado em rede. E o outro é dedicado a diversidade – o quão diversa pode ser a subjetividade e o quanto essa diversidade da subjetividade cabe e encontra espaços nos coletivos em que a gente vive na cidade. Promover convivência, enquanto dispositivo de promoção em saúde, é promover uma defesa da cidadania na diversidade", comenta. Neli também ressalta a relevância da formação: "É uma iniciativa que busca sistematizar um conjunto de fundamentos teóricos, concentuais e éticos para o avanço da Reforma Psiquiátrica Brasileira".

Com carga horária de 60 horas, na modalidade semipresencial, o curso irá qualificar 40 trabalhadores do Sistema Único de Saúde (SUS) para realização de práticas de convivência nos territórios com arte, cultura e economia solidária. Dentre os mais diversos trabalhadores do SUS estão agentes comunitárias de saúde, psicólogos, cuidadores de pessoa idosa, oficineiros, assistentes sociais, arte-terapeutas e terapeutas ocupacionais, que atuam em vários municípios do estado do Rio de Janeiro, além trabalhadores da Estratégia de Saúde da Família, Centros de Atenção Psicossocial, serviços residenciais terapêuticos, assim como a equipe do Espaço Normal, espaço de referência sobre drogas e saúde mental, do Redes da Maré, no Rio de Janeiro.

"As diversas estratégias metodológicas são um diferencial. Para além da formação em sala de aula online, os educandos pesquisam com os pés o lugar onde habitam”, afirma Ariadna Patrícia, citando que o curso terá aulas online, atividades de dispersão nos territórios acompanhadas por tutores e um seminário final de compartilhamento de planos de ação também presencial. 

Segundo Ariadna Patrícia, a necessidade do curso surgiu como um dos desdobramentos da pesquisa ‘Centro de Convivência Virtual: promoção da saúde e redes de afeto em tempos de pandemia’, financiado pelo Edital de Respostas rápidas para a Covid-19. Ariadna Patrícia conta que, ao longo da fase dos grupos focais da pesquisa, foi relatada a inexistência de uma formação que discutisse a especificidade das políticas da convivência, e que reunisse em um só curso os debates mais recentes no que se refere as estratégias de promoção da saúde, despatologização e desmedicalização da vida associadas às práticas de arte, cultura, economia solidária realizadas no âmbito do SUS. 

Uma outra razão que justifica a criação e realização do curso é o fato das equipes dos Centros de Convivência serem compostas majoritariamente por trabalhadores com ensino médio, que é o público-alvo da EPSJV. Além disso, no dia 14 de junho de 2021, foi aprovada a Lei 9323, que institui a Política Estadual dos Centros de Convivência da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), destacando a necessidade de uma educação permanente em saúde para trabalhadores e participantes, visando a inclusão social através do trabalho, arte, cultura e lazer. “Ainda é preciso ressaltar que, para o ano de 2022, está prevista a destinação de recursos financeiros para os Centros de Convivência do Estado, por meio de emendas no orçamento feitas pela Frente Parlamentar para fortalecimento da RAPS Antimanicomial. Isso torna mais urgente e relevante a realização do nosso curso”, conclui Ariadna Patrícia.