As professoras-pesquisadoras da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) Ana Reis e Letícia Batista foram selecionadas, recentemente, em dois editais de fomento à pesquisa.

Letícia foi contemplada no edital “Jovem Cientista do nosso Estado”, da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), com o projeto “Formação, Trabalho em Saúde e Racismo Estrutural: experiências de trabalhadoras e trabalhadores negros atuando nas capitais Rio de Janeiro e Salvador”.

O projeto de pesquisa envolve professores-pesquisadores da EPSJV, do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e da Universidade Federal Fluminense (UFF). Segundo Letícia, o objetivo é analisar experiências de formação e trabalho em saúde de técnicos, enfermeiros, assistentes sociais e médicos negras e negros que atuam no Sistema Único de Saúde (SUS), especialmente na Atenção Primária à Saúde, no Rio de Janeiro (RJ) e em Salvador (BA), à luz do debate do racismo estrutural e institucional. 

Para a professora-pesquisadora, é importante destacar que o racismo é produzido e reproduzido socialmente, estando presente direta ou indiretamente no cotidiano das instituições, dentre elas os serviços de saúde do SUS. E, portanto, de acordo com ela, está presente no desenvolvimento do trabalho em saúde, assim como na formação dos profissionais de saúde. “Em termos da totalidade, a saúde é integrante de processos sociais mais amplos que se correlacionam. Isso significa que a política de saúde brasileira e, no seu interior, o trabalho e a formação em saúde, estão atravessados por interesses, construções históricas, sociais e subjetivas que operam no cotidiano das instituições, sejam elas de formação ou de trabalho em saúde. Este projeto, tomando como sujeitos e participantes profissionais de saúde negros e negras atuando no SUS, busca contribuir crítica e reflexivamente com o debate que entrelaça racismo, saúde e educação”, ressalta Letícia.

Atenção Hospitalar

Já na chamada do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para estudos de Avaliações Executivas de Políticas Públicas de Saúde, Ana Reis foi contemplada com o projeto “Avaliação Executiva da Política Nacional de Atenção Hospitalar – Potencialidades, limitações e perspectivas”. O estudo é realizado também pelos pesquisadores da EPSJV, Simone Ferreira, Antônio Marinho Ribeiro, Flávio Rezende e Pedro Arêas, em parceria com a Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz) e com o Observatório de Política e Gestão Hospitalar (OPGH), da Fiocruz. 

De acordo com Ana, a Política Nacional de Atenção Hospitalar busca reorganizar e qualificar a atenção hospitalar no âmbito do SUS, estabelecendo as diretrizes para a organização do componente hospitalar na Rede de Atenção à Saúde. “Passados alguns anos, com diferentes graus de implantação desse leque de proposições, não é difícil reconhecer que a atenção hospitalar pública no país segue sob crise”, aponta. 

Para Ana, frente às exigências de reformas dos sistemas nacionais de saúde e do hospital enquanto centro de gravidade do sistema de saúde, a avaliação de políticas públicas cumpre papel relevante ao oferecer elementos para a tomada de decisão, concorrendo para a maior efetividade e eficiência do setor saúde.  “Esse estudo avaliativo está fundamentado numa abordagem formativa, uma vez que valoriza o aperfeiçoamento do programa, sendo possível compreender a intervenção de caráter relevante assegurando que inovações sejam inseridas ao modelo sugerido e que as lições apreendidas, em todo o processo de implantação, possam suscitar alternativas para a replicação de outras ações com as devidas adequações”, conclui Ana.