Serviços 
O conteúdo desse portal pode ser acessível em Libras usando o VLibras

Programa da Pós-Graduação da EPSJV realiza 5º edição de seminário de avaliação

No encontro, foi realizado um balanço das atividades do programa em 2021, além da definição de novas metas para os próximos anos
Julia Neves - EPSJV/Fiocruz | 18/02/2022 08h57 - Atualizado em 01/07/2022 09h40

No ano em que o programa completa 15 anos, a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) promoveu, de 15 a 17 de fevereiro, o 5º Seminário de Autoavaliação e Planejamento da Pós-graduação. Com o tema “A pós-graduação na EPSJV: gestão colegiada e inserção institucional”, o evento buscou debater coletivamente o trabalho realizado ao longo de 2021, conforme as metas e indicadores construídos em anos anteriores; além de discutir e apontar estratégias de fortalecimento da gestão colegiada e da inserção institucional do programa e definir um planejamento necessário para alcançar novas metas propostas. O encontro reuniu a equipe da pós-graduação, alguns discentes e a direção da Escola. Atualmente, o programa conta com três turmas do Mestrado Profissional em Educação Profissional em Saúde em andamento.

A coordenadora da pós-graduação da EPSJV, Marcela Pronko, iniciou o seminário com um balanço das atividades em 2021. Em relação ao funcionamento da pós, Marcela lembrou que embora o caráter remoto emergencial tenha iniciado em 2020 e permanecido em 2021, isso não alterou ou atrapalhou nenhuma atividade que foi desenvolvida. “Garantimos a oferta de todas as atividades em 2021 em formato remoto emergencial. Isso implicou na oferta de três disciplinas obrigatórias e duas eletivas no primeiro semestre e quatro obrigatórias e três eletivas no segundo semestre; duas disciplinas de verão; além da realização das atividades de orientação, qualificações e defesas”, pontuou.

Marcela destacou também que foram mantidos os colegiados e as reuniões de coordenação e os discentes no formato remoto, garantindo, segundo ela, a tomada de decisões coletiva e um diálogo constante com o conjunto de professores. “Uma estratégia que tem sido avaliada como muito boa por todos, permitindo um contato mais estreito e um conhecimento maior das necessidades e características do nosso corpo discente”, afirmou.

A coordenadora ressaltou que o processo seletivo para composição da turma 2021 implicou não só na redefinição dos processos de inscrição, que deixaram de ser físicos e foram totalmente on-line, mas também na troca da prova escrita pelo memorial, que tem sido avaliado pelo colegiado como uma substituição que não trouxe perdas. “Além disso, reuniu uma turma peculiar, com pessoas do país inteiro, trazendo riqueza e diversidade que não tínhamos na mesma proporção anteriormente”, garantiu, acrescentando que as atividades extracurriculares, como as ações do Centro de Estudos, o seminário da pós-graduação e o seminário discente, também foram desenvolvidas de forma remota. 

Ao longo desse período, a pós-graduação desenvolveu ainda atividades permanentes de assistência estudantil, que foram desde a distribuição das bolsas de alimentação que a EPSJV garante aos estudantes que já frequentavam o bandejão, até a seleção para concessão de bolsas próprias. “Além disso, também estamos construindo, desde o final de 2021, um novo site para o nosso programa, o que é uma exigência do processo avaliativo da Capes”, adiantou.

Por fim, Marcela ressaltou alguns desafios que deverão ser enfrentados em 2022 como a adaptabilidade à situação epidemiológica, a continuidade da pesquisa realizada, incorporando a metodologia desenvolvida pela da Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC) da Fiocruz, pesquisa de acompanhamento de egressos e a consolidação da gestão colegiada e da organicidade da inserção institucional. “A necessidade de avaliação permanente e um olhar generoso com o próprio processo, e com as frustrações que ele carrega, são imprescindíveis e vão nos acompanhar durante 2022 e pelos próximos anos”, concluiu.

Gestão colegiada e inserção institucional 

Em seguida, foi realizada uma roda de conversa, com objetivo de refletir sobre a relação entre o Programa de Pós-graduação e a Escola, delineando as potencialidades, limitações e projetando propostas para o próximo ano. 

Em sua fala, a professora-pesquisadora da EPSJV, Letícia Batista, que representou os docentes, destacou o caráter multifacetado da Escola, que entrelaça as áreas da Saúde, do Trabalho e da Educação no ensino médio, na Educação de Jovens e Adultos, nos cursos técnicos e de qualificação e na Pós-graduação. “Não se trata só de ter esses três elementos entrelaçados enquanto política e referencial teórico metodológico, trata-se também de conseguir que as ações realizem o direito e o acesso à educação a partir da especificidade desses segmentos. A EPSJV é um todo que se divide em vários, isso faz com que seja uma potência, mas também é um grande desafio teórico-prático de realização de seus objetivos e missão enquanto escola”, apontou.

Diante disso, Letícia apresentou algumas potencialidades, como a importância e referência do programa no campo da Educação Profissional. “Essa característica histórico-política que constrói esse programa e dá sustentação ainda hoje, que inclusive o torna muitas vezes contra hegemônico, permanece sendo uma grande potência”, disse. Sobre limitações, a professora-pesquisadora citou a sobrecarga de trabalho em função da quantidade de projetos e ações que a escola desempenha e desenvolve. “Sobretudo, a falta dos concursos, o processo de desfinanciamento das políticas de Ciência, Saúde e Educação”, acrescentou.

Representando a turma de 2020, a mestranda Verônica Alexandrino destacou, como pontos positivos do programa, o acolhimento e a compreensão da equipe no atual contexto pandêmico que traz inúmeras dificuldades para o acompanhamento das disciplinas, para a confecção dos trabalhos e para o desenvolvimento da dissertação, orientação, dentre outros. “A coordenação sempre se colocou de uma forma muito aberta às nossas demandas e isso foi fundamental para que pudéssemos chegar até aqui”, elogiou, destacando outras potencialidades também, como as ações permanentes de assistência estudantil, que deram uma grande estrutura aos estudantes, os seminários e reuniões discentes.

Contudo, um aspecto negativo levantado por Verônica foi o fato de não terem conhecido o conjunto daquilo que a escola e o programa ofertam em matéria de pesquisa. Ela explicou: “Não nos aproximamos da produção de conhecimento da escola, dos laboratórios e das pesquisas que vêm sendo realizadas no interior da instituição. Para as futuras turmas seria interessante e enriquecedor apresentar essa estrutura aos estudantes logo na chegada deles”.

Na representação da turma de 2021, a mestranda Luciana Anacleto afirmou que o contexto pandêmico tem sido bastante desafiador, visto que nem todos os alunos conseguem ter uma boa qualidade de aprendizado no formato remoto e, além disso, existe uma frustração por não estar no espaço físico escolar. “Quando se presta um mestrado para a Fiocruz, que é uma instituição de excelência, nós criamos a expectativa de estar lá em sala de aula e de ter o convívio com os professores”, lamentou, dizendo que o desejo para esse ano é conhecer o dia a dia da escola. “Apesar de tudo, a nossa avaliação como turma foi bem positiva. Podemos observar uma superação dos alunos nas aulas, o domínio das ferramentas tecnológicas e das estratégias usadas pelos docentes”, contrapôs.

Para Clarissa Rosa, da equipe de apoio da Pós-graduação da EPSJV, a gestão colegiada é muito rica, porque abre muitas possibilidades diante do olhar sensível da coordenação para o trabalho de todos. “Todos têm oportunidade de falar, opinar e a decisão é do coletivo. Ou seja, aquela pessoa faz parte da decisão e isso muda a forma como ela entende a ação. O nosso trabalho é valorizado”, explicou.

Em sua fala, Marcela Pronko apontou que o conjunto das pós-graduações têm uma situação bastante paradoxal, porque, de acordo com a coordenadora, elas são reguladas de uma maneira heterônoma, mas espera-se que elas tenham uma gestão autônoma. “A Pós-graduação é regulada de fora pela política de Educação; de Ciência e Tecnologia, representada pela Capes; pela instituição que, no nosso caso, é a Fiocruz e pela EPSJV. Entretanto, espera-se que ela organize sua gestão de maneira autônoma, tomando decisões como se ela própria se regulasse, o que não é verdade”, contrapôs.

Na avaliação da diretora da EPSJV, Anamaria Corbo, o importante nesse momento é discutir de que forma o planejamento estratégico da Escola pode ajudar a destacar as prioridades institucionais. “Ou seja, diante da restrição orçamentária em que estamos sofrendo, precisamos definir o que são as prioridades. Temos que pensar como o planejamento da Pós se integra ao planejamento da Escola”, concluiu.

Elementos estruturantes e tensões

No segundo dia de evento, a coordenação da Pós-graduação apresentou alguns elementos estruturantes e tensões da gestão colegiada e do processo de trabalho. Em relação ao conceito, Marcela explicou que colegiado significa a “forma de gestão na qual a direção é compartilhada por um conjunto de pessoas com igual autoridade que, reunidas, decidem”. “Na verdade, faz referência ao coletivo que tem decisões horizontais de trabalho, de relação, de produção e de compreensão”, definiu.

Na visão da coordenadora, na pós-graduação da EPSJV, a participação dos docentes na gestão colegiada surge fortemente atrelada à definição de critérios de credenciamento e recredenciamento docente. “Há uma série de critérios que não são estabelecidos por nós. A definição do que significa ser um docente permanente e um colaborador está em portaria da Capes. Além de todos os critérios, aqui na EPSJV, nós acrescentamos a participação na gestão compartilhada, principalmente, as participações no colegiado mensal, nas comissões permanentes e Ad hoc e no seminário anual de autoavaliação”, contou.

Marcela destacou ainda alguns desafios. “Incorporar todos os professores no processo de participação da gestão colegiada em suas distintas instâncias; permitir a circulação de funções entre os professores; fortalecer a inserção institucional da pós, construindo organicidade em seus processos; e por fim, dar transparência ao que fazemos através da gestão colegiada em nosso cotidiano”, indicou.

Novos desafios

Ao fim do seminário foram apresentadas algumas metas e desafios para 2022. Dentre elas, a definição de dois novos formatos do trabalho final, além da dissertação - Pesquisa bibliográfica e Projeto de intervenção – que começarão a valer a partir da Turma 2022. Segundo a coordenadora, esses novos formatos serão incorporados no regulamento da Pós e a redação final submetida ao colegiado.

Já sobre a autoavaliação, ficou definido que o repertório de instrumentos de avaliação desenhados e aplicados pela Comissão deverão ser rediscutidos, priorizando os elementos abordados e otimizando o levantamento de informações. “O colegiado será o espaço de debate permanente desses procedimentos”, apontou Marcela.

A ideia agora é continuar com a discussão das metas e desafios na próxima reunião do colegiado da Pós-graduação, no mês de março.