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Projetos de pesquisa da EPSJV são aprovados em editais da Faperj

Profissional da Escola também foi premiada pela Fundação como Doutorado Destaque na área de Saúde.
Talita Rodrigues - EPSJV/Fiocruz | 09/07/2010 08h00 - Atualizado em 01/07/2022 09h47


As consequências dos impactos ambientais sofridos pela Baía de Sepetiba, no Rio de Janeiro, na vida e na saúde dos pescadores da região são o tema de uma pesquisa da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), aprovada em edital da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj). O projeto ‘Impactos de grandes empreendimentos projetados para a região da Baía de Sepetiba nas condições de vida e situação de saúde dos trabalhadores da pesca das Colônias de Pedra de Guaratiba (Z-14), Sepetiba (Z-15) e Itacuruçá (Z-16)’ foi contemplado no edital Prioridade Rio: Apoio ao Estudo de Temas Prioritários para o governo do Estado do Rio de Janeiro. “A pesquisa vai empreender uma análise em torno do processo de trabalho dos pescadores artesanais que atuam nas colônias de pesca da Baía de Sepetiba, com ênfase nas relações de saúde e segurança do trabalhador, afetadas pela intensificação da nova reconfiguração econômica implantada nessa região”, explica o coordenador da pesquisa, Marcelo Bessa.



A região da Baía de Sepetiba sofreu grandes impactos ambientais nas últimas décadas com a expansão do Porto de Sepetiba, a construção do Porto Sudeste, do estaleiro de submarinos da Marinha, do arco rodoviário e da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA). Outro problema é o passivo ambiental gerado pela Companhia Mercantil e Industrial Ingá, que gerou a contaminação do solo e da água da região da Baía de Sepetiba. “Tem-se como pressuposto que esta nova realidade socioeconômica e ecológica tem alterado profundamente o cenário da pesca artesanal, com consequências desfavoráveis tanto na produtividade pesqueira quanto na saúde e segurança dos trabalhadores que dependem diretamente desta atividade nessa região”, disse Marcelo.



O projeto será realizado por uma equipe de pesquisadores da EPSJV e tem a duração de dois anos. O trabalho é um desdobramento da pesquisa ‘A construção compartilhada de cenários exploratórios e prospectivos entre atores envolvidos em conflitos socioambientais – o caso do passivo ambiental da Companhia Mercantil e Industrial Ingá’, também coordenada por Marcelo, que gerou o filme ‘Território de Sacrifício ao Deus do Capital: o caso da Ilha da Madeira’. “Desta vez, a área de abrangência é maior e usaremos o conceito de determinantes sociais da saúde como norteador da metodologia de trabalho, que incluirá entrevistas, observação de campo e grupos focais com os pescadores”, conclui Marcelo.



Plataformas Tecnológicas



‘Plataformas Tecnológicas: seu o uso e as relações com o processo de organização e produção de conhecimentos científicos em biomedicina’  é outro projeto da EPSJV aprovado pela Faperj, desta vez no edital Jovem Cientista do Nosso Estado 2010. O trabalho, que será realizado pela pesquisadora Marcia Teixeira, pretende analisar as relações entre o processo de organização da pesquisa, a produção de conhecimentos técnico-científicos em laboratórios de pesquisa em biomedicina e o uso de um novo dispositivo de coordenação da pesquisa experimental — no caso, a Plataforma Tecnológica. As plataformas são espaços dedicados à prestação de serviços tecnológicos, isto é, à realização de ensaio especializado para um laboratório de pesquisa. “Temos plataformas para o sequenciamento de DNA, por exemplo, mas também podemos ter plataformas que realizam testes para triagem de substâncias que tenham algum potencial farmacológico, como anti-inflamatórios ou anestésicos”, explica Marcia.



O projeto vai se concentrar na análise da experiência de uma instituição pública de pesquisa na área de biomedicina, o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). “A escolha da biomedicina deve-se ao fato de ser a principal área de pesquisa científica na Fiocruz, bem como à sua relação com o Programa de Vocação Científica (Provoc) da EPSJV, que concentra a maioria das suas vagas na área de Análises Clínicas — habilitação também oferecida pela Escola. Minhas pesquisas procuram sempre articular duas grandes áreas de atuação da Escola, a formação técnica e a iniciação científica”, explica Márcia.



O estudo, que terá a duração de três anos, tem como objetivos compreender o processo de implantação e o uso das Plataformas Tecnológicas nos laboratórios do IOC; analisar os efeitos e implicações da adoção desses dispositivos para o processo de produção de conhecimento técnico-científico nos laboratórios do Instituto e para o processo de organização e regulação da atividade de pesquisa científica na área da biomedicina no IOC; compreender a política de pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação praticada pelo Instituto. Para a realização do projeto, serão usadas a pesquisa qualitativa, baseada em entrevistas, análise de documentos e observação de situações especificas. As plataformas que serão estudadas são ligadas ao Programa para o Desenvolvimento Tecnológico de Insumos para a Saúde do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (PDTIS/CDTS) da Fiocruz.



Prêmio



Além dos projetos de pesquisa aprovados pela Faperj, uma pesquisadora da EPSJV também recebeu da Fundação o prêmio de Doutorado Destaque na área de Saúde no Estado do Rio de Janeiro. Flávia Ribeiro recebeu a Medalha Comemorativa dos 30 anos da Faperj e do centenário do patrono da Fundação Carlos Chagas Filho, no dia 24 de junho, durante a Sessão Solene em comemoração ao aniversário da instituição.



A premiação contemplou pesquisadores que se destacaram na realização de projetos de desenvolvimento de ciência e tecnologia nas categorias Cientistas do Nosso Estado, Jovens Cientistas do Nosso Estado, Doutorado, Mestrado, Iniciação Científica e Jovens Talentos. Em cada modalidade, foram premiados pesquisadores de oito áreas do conhecimento.



Flávia concluiu o Doutorado em Pesquisa Clínica em Doenças Infecciosas em 2009, no Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (IPEC/Fiocruz), onde foi Bolsista Nota 10 da Faperj. O trabalho ‘Avaliação das Técnicas de ELISA e “Immunobloting” (IgG e subclasses específicas) no diagnóstico da infecção por Leishmania (Viannia) braziliensis e Leishmania (Leishmania) chagasi em cães’, teve como objetivo aperfeiçoar as técnicas de diagnóstico para Leishmaniose em cães. Segundo Flávia, os testes utilizados para diagnosticar a doença nos animais muitas vezes geram resultados “falso positivo” causando eutanásias desnecessárias nos cães, já que os animais infectados com Leishmania chagasi são reservatórios do parasita para transmissão da doença para o homem. “A reação da imunofluorescência, utilizada na rotina do diagnóstico, apresenta limitações quanto à sensibilidade e especificidade. Na pesquisa, constatei que a utilização de antígenos homólogos (que são da mesma espécie da doença que se quer investigar) elevam a especificidade do diagnóstico da doença, permitindo a discriminação entre os casos de leishmaniose”, explica Flávia.