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Projetos de Saúde Mental da EPSJV são aprovados em edital da Faperj

Propostas têm como tema a avaliação da reforma psiquiátrica brasileira.
Talita Rodrigues - EPSJV/Fiocruz | 27/05/2010 08h00 - Atualizado em 01/07/2022 09h47


A articulação entre a Atenção Básica e a Saúde Mental são o foco dos dois projetos da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV) aprovados no Programa Pesquisa para o SUS: Gestão compartilhada em Saúde (PP-SUS), da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj). Os dois projetos têm como tema a avaliação da Reforma Psiquiátrica Brasileira.



O projeto ‘Integração da rede de saúde mental com a atenção básica: elaboração de um instrumento de avaliação’, coordenado pela professora-pesquisadora da EPSJV, Maria Cecília Carvalho, visa sistematizar uma metodologia para a produção de indicadores sobre a integração entre a Atenção Básica e a Saúde Mental e, com isso, ampliar o conhecimento nessa área. “A avaliação é um instrumento fundamental para os avanços dos sistemas de saúde, pois só com ela podemos analisar ações e intervenções e identificar o que precisa ser melhorado. É importante avaliar para conhecer os problemas e propor os caminhos necessários”, opina Cecília, que explica a importância da integração da saúde mental com a atenção básica. “Quanto antes os casos forem diagnosticados, mais precoce pode ser o tratamento, evitando a internação. Com a rede integrada, aumenta a desinstitucionalização porque haverá dispositivos diferentes em todos os níveis de atenção e a intervenção será mais precoce”.



O projeto será realizado em três municípios fluminenses de portes diferentes – Rio de Janeiro, Macaé e Piraí. A equipe do projeto, que tem a duração de dois anos, é formada por pesquisadores e consultores da EPSJV, UFRJ, da Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro e da Secretaria Municipal de Saúde de Piraí. “Todo o processo da pesquisa contará com a participação dos integrantes dos serviços de cada uma dessas localidades, que têm inserção no campo de pesquisa, além de integrar equipes da EPSJV, que trabalham com áreas diferentes da saúde”.



Ao final do trabalho, o projeto pretende gerar, além do instrumento de avaliação, artigos científicos e a sistematização de uma metodologia para a produção de indicadores sobre a integração entre a Atenção Básica e Saúde Mental.



Desinstitucionalização



O projeto ‘Desinstitucionalização e abordagens psicossociais no território: uma investigação das demandas e práticas de cuidado em saúde mental na Estratégia Saúde da Família (ESF) no município do Rio de Janeiro’, coordenado pela professora-pesquisadora da EPSJV, Nina Isabel Soalheiro, vai pesquisar como se dá a constituição das redes de cuidado no contexto da ESF, mapeando as demandas de cuidado em saúde mental e identificando as práticas territoriais de cuidado que podem ser caracterizadas como abordagens psicossociais. “Vamos discutir os impasses e desafios para a implantação das ações de saúde mental na ESF, com a perspectiva da desinstitucionalização, e contribuir para a construção de um conjunto de ações de Saúde Mental na Atenção Básica para superar o modelo antigo de Saúde Mental, produzindo formas mais inclusivas e não de exclusão”, explicou Nina.



Segundo estatísticas do Ministério da Saúde, 56% das equipes de ESF fazem alguma ação de Saúde Mental. “A Saúde Mental já é uma questão de Atenção Básica. O que precisamos é instrumentalizar essas equipes, pois a Atenção Básica é a principal porta de entrada do sistema de saúde e tem uma inserção territorial. Com a Atenção Básica, temos a possibilidade de criar estratégias mais precoces de atendimento”.



A equipe do projeto é formada por pesquisadores da EPSJV e da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, além de colaboradores da Universidade Federal de Minas Gerais e Universidade Federal de São Paulo. O projeto, que terá a duração de dois anos, pretende gerar seminários de pesquisa, artigos e um documento síntese. “O objetivo final da pesquisa é a produção de dados qualitativos, que possam subsidiar gestores e formuladores de políticas e projetos no contexto da saúde mental na Atenção Básica, contribuindo para a consolidação do processo de reforma psiquiátrica no Brasil”, concluiu Nina.



PP-SUS



O PP-SUS dispõe de R$ 15 milhões para custear pesquisas científicas, tecnológicas ou inovadoras, com foco na solução de problemas prioritários de saúde que afligem a população brasileira e no fortalecimento da gestão do Sistema Único de Saúde (SUS). O programa é uma parceria entre a Faperj, o Ministério da Saúde, as secretarias estaduais de Saúde e Defesa Civil e de Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro. No total, foram selecionadas 31 propostas.