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Transdisciplinaridade é tema de palestra na EPSJV

Debate encerrou curso de Especialização em Educação profissional em Saúde de 2008.
Sandra Pereira - EPSJV/Fiocruz | 16/12/2008 09h00 - Atualizado em 01/07/2022 09h47


Professor Antonio Ritto“Bem-vindo ao mundo da transdisciplinaridade. E bem-vindo ao mundo, pois tudo que é vivo é transdisciplinar”. Assim o professor Antonio Ritto aproximou o tema tratado por ele do público formado por alunos do curso de pós-graduação em nível de especialização em Educação profissional em Saúde, na palestra de encerramento das atividades da turma de 2008, que aconteceu no último dia 11 de dezembro. Embora tenha, já na sua fala, exercitado a aproximação com a realidade do profissional de saúde, no debate, ele defendeu que o conceito é necessário. “A transdisciplinaridade é algo que passa entre, através e além das disciplinas, numa busca de compreensão da complexidade”, explicou.



Doutor em Ciências Informáticas, Ritto lançou mão da filosofia para defender o uso da transdisciplinaridade na prática profissional. “Pelo conhecimento filosófico, é impossível conhecer por completo o real. A busca do sentido da vida através de relações entre os diversos saberes proposta pela transdisciplinaridade, no entanto, nos dá uma visão de mundo mais abrangente com mais possibilidades e, por conseguinte, mais próxima da realidade estudada”, afirmou.



De acordo com o palestrante, o termo pode ser novo, mas a forma transdisciplinar faz parte da história da humanidade. A atitude, por sua vez, nem sempre fez parte do discurso hegemônico de ver e intervir na realidade. “Na idade média, havia o cerceamento de idéias, o medo de pensar. Depois, nos séculos XVII e XVIII, o cartesianismo direcionou os conhecimentos específicos,  empobrecendo o que deveria ser uma visão ampla da realidade”, disse. A partir daí, explicou, abriu-se o caminho para a época em que a ciência passou a esclarecer tudo: “É o esquema totalitário, em que a ciência dá conta do objeto, mas não consegue capturar o sujeito’, disse.



Segundo Ritto, os princípios cartesianos baseados na fragmentação, descontextualização, simplificação, redução e objetivismo ainda fazem parte do conhecimento produzido em muitas ambientes acadêmicos. “Estamos aqui, juntos, denunciando esse exercício. Os diferentes níveis de realidade são acessíveis ao conhecimento humano graças à existência de diferentes níveis de percepção”, explicou.



Em relação à funcionalidade dessa prática, Ritto disse não ver sentido na transdisciplinaridade cuja combinação de conhecimentos pode resultar no chamado terceiro incluído, dissociada de um objeto. Na sua opinião, a abordagem só pode ser compreendida se lançada num estudo de caso. Nesse sentido, ele citou o filósofo e sociólogo Edgar Morin quando diz que um especialista que somente é especialista é um perigo para o mundo e para a humanidade.



O tema da tolerância também fez parte da apresentação do professor. Para ele, o termo deve ser uma ferramenta contra a arrogância profissional. “Para haver um conhecimento transdisciplinar, é preciso mudança de atitude, pois nenhum saber é mais importante que outro. Todos são fundamentais”, defendeu.