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Outras vacinas para os jovens

Calendário vacinal para além do covid-19 também deve receber atenção
Viviane Tavares - EPSJV/Fiocruz | 08/09/2021 09h19 - Atualizado em 01/07/2022 09h41

A maioria das vacinas do calendário vacinal brasileiro é administrada nos primeiros anos de vida. Se a criança chegar à adolescência com o seu calendário de vacinação em dia, explica a nota do Ministério da Saúde enviada à reportagem, as vacinas recomendadas entre dez e 19 anos serão Hepatite B (HB recombinante); Difteria e Tétano (dT); Febre amarela; Sarampo, Caxumba, Rubéola (tríplice viral); HPV; Pneumocócica 23-valente e ACWY, contra meningite meningocócica. “O Ministério da Saúde esclarece que o principal desafio é fazer com que jovens busquem os postos de saúde. Mas a Pasta, por intermédio do Programa Nacional de Imunizações, vem desenvolvendo e intensificando estratégias necessárias para enfrentamento dos desafios e reversão deste cenário. Dentre estas, está o Movimento Vacina Brasil, lançado em 2019, para mobilizar a população quanto à importância da vacinação e necessidade de manter a situação vacinal atualizada, a fim de reduzir os riscos de reintrodução de doenças imunopreveníveis já eliminadas ou erradicadas no país”, diz o secretário da Secretário de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério, Arnaldo de Medeiros.

Segundo dados preliminares do Programa Nacional de Imunizações (PNI) referentes a 2021, a cobertura vacinal contra o vírus HPV, por exemplo, uma das principais direcionadas ao público jovem, no ano passado foi de 80% para a primeira dose e 58,5% para a segunda na população feminina de nove a 15 anos. Na população masculina de 11 a 15 anos, foi de 57,9% para a primeira dose e 36,4% para a segunda. Ambas estão abaixo, portanto, da meta nacional de 80% para as duas doses. “Na literatura, encontramos diversos fatores que têm sido associados à baixa cobertura vacinal de HPV como, por exemplo, baixo nível educacional, baixa renda, residência em zona rural, baixo acesso à informação e aos serviços de saúde e até barreiras interpostas por dogmas religiosos”, conta Lely Guzmán, da OPAS.

Flávia Bravo indica que a HPV, na realidade, é preventiva e necessária de ser aplicada antes do contato com o vírus, por isso é importante ser administrada no público jovem. “Na rotina do PNI, a vacina é recomendada até 14 anos. E quem não tomou nessa idade é importante que tome, mesmo que depois da idade prevista não seja contemplada  no sistema público, ainda que já tenha tido contato com o vírus. A gente não pode dizer que é uma vacina para o jovem, é uma vacina para qualquer um que possa se expor ao vírus. A vida sexual no Brasil hoje em dia gira em torno de 12 a 15 anos [de acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, de 2015, do IBGE e Ministério da Saúde], mas continua vida afora”, apresenta e lembra: “Outra vacina que, na realidade, a gente dá ao nascer, mas é para evitar uma doença sexualmente transmissível, é a da hepatite B. Ela volta a ser cobrada quando a mulher está grávida, mas deve ser tomada em qualquer idade. É muito importante, é uma doença de transmissão sexual também e com uma endemicidade intermediária aqui no Brasil, que mantém as pessoas em risco o tempo todo, com potencial para evoluir para câncer hepático”.

Segundo a especialista, os jovens devem sempre estar vigilantes, mesmo enquanto a doença não se agrava nessa idade. “As principais vítimas da coqueluche são as crianças. No entanto, esses jovens serão pais e podem transmitir para seus bebês. É uma vacina que precisa de reforço a cada dez anos, porque a gente precisa manter proteção, nível de anticorpo alto. E com o tempo, o nível de anticorpo cai. As vacinas meningocócicas são fundamentais para o adolescente e para o jovem. Embora as principais vítimas sejam crianças, o adolescente e o adulto jovem têm um papel importantíssimo na transmissão. Por isso que o Ministério introduziu a ACWY aos 11, 12 anos. Não porque eles adoeçam tanto, eles adoecem muito menos que as crianças, mas são quem transmite, são portadores assintomáticos”, indica.
De maneira geral, de acordo com dados do Sistema de Informações do PNI, a cobertura vacinal na faixa etária de 12 a 19 anos vem se reduzindo no Brasil. Em 2019, por exemplo, o número de vacinados nessa faixa era de 1,03 milhão. Em 2020, caiu para 738.598 mil.