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Entrevista: 
Luiz Felipe D'Avila

Luiz Felipe D'Avila

Conheça as propostas do candidato do Partido Novo nas áreas de saúde, educação e trabalho
Redação EPSJV/Fiocruz - EPSJV/Fiocruz | 06/09/2022 14h44 - Atualizado em 06/09/2022 15h24

Paulo VitaleO Brasil tem uma das taxas de desemprego mais altas entre os países do G20 e a média salarial alcançou a menor taxa nos últimos dez anos. Quais serão as políticas do seu governo para gerar empregos? São previstas estratégias para criação de empregos?
Desemprego e baixa renda são consequências diretas do fracasso da nossa economia. Quando a economia não cresce e não gera riqueza, o trabalhador é quem mais sofre. Nosso plano é atacar as causas estruturais que impedem que a nossa economia se desenvolva. São problemas antigos, e há um enorme consenso entre os economistas sobre o que precisa ser feito. Antes de mais nada, é preciso abrir a economia. Nenhum país cresce fechado ao comércio mundial. Com a abertura econômica, nós vamos conectar o Brasil às redes globais de valor, o que deve ser especialmente positivo para a nossa indústria. Indústria competitiva, que produz e exporta para o mundo, é a indústria que gera emprego, contrata e paga melhor. Também vamos fazer as reformas que vão reduzir o peso do Estado no setor produtivo. A reforma tributária é urgente. Precisamos facilitar e simplificar a forma como pagamos impostos no Brasil. Isso vai reduzir custos e facilitar o crescimento das empresas – do pequeno empreendedor às grandes indústrias. A reforma administrativa deve melhorar a qualidade e reduzir o custo dos serviços públicos. Também é importante aprofundar a Reforma Trabalhista, para modernizar as relações entre empregador e empregado. Quando empresas têm mais liberdade e segurança para contratar, contratam mais e pagam melhor. Essas medidas vão tirar as amarras da geração de empregos e alavancar a economia brasileira.

Cálculos da Comissão Intersetorial de Orçamento e Financiamento do Conselho Nacional de Saúde (Cofin/CNS) informam que a redução do orçamento para a Saúde foi de R$ 20 bilhões entre 2016 e 2019. O subfinanciamento histórico do Sistema Único de Saúde (SUS) se agravou com a pandemia do novo coronavírus, devido às demandas represadas e à Covid longa. Quais as suas propostas para fortalecer o SUS?
O SUS precisa ser reestruturado e fortalecido. E isso passa por eliminar alguns preconceitos antigos. O principal deles: um bom sistema público de saúde não precisa ser estatal. Público e privado são complementares, não antagonistas, na hora de oferecer tratamento para a população. Minha proposta é fortalecer as parcerias público-privadas na saúde, combinando o acesso amplo do SUS às vantagens de gestão da iniciativa privada. Isso inclui medidas como a digitalização dos dados e a coordenação das redes, para integrar quem precisa com quem tem o serviço para oferecer. O modelo ultrapassado da tabela do SUS precisa ser substituído, permitindo novas modalidades de contratação dos serviços. O Estado precisa remunerar quem presta o serviço de forma adequada. Quando não o faz, a oferta diminui e a população é prejudicada. Formar gestores, qualificar e valorizar os profissionais da saúde e premiar o bom atendimento também serão pilares da nossa atuação no cuidado com o brasileiro.

Apesar da eficiência da vacinação na redução do número de mortes, sucessivas ondas de Covid-19 mostram que a pandemia ainda não acabou. Na sua avaliação, qual o papel do governo federal no controle da pandemia? E quais as suas propostas para o combate à emergência sanitária e o amparo às vítimas?
O primeiro passo do governo federal em relação ao cuidado com a pandemia é não atrapalhar. O negacionismo do governo Bolsonaro, o atraso na compra de vacinas, e o respaldo a tratamentos ineficazes custou vidas, e é a primeira coisa que precisa ser eliminada. O controle da pandemia deve ser feito como fazemos toda boa política pública: com dados e evidências. Incentivar a vacinação e ampliar testes em surtos locais são duas medidas fundamentais para o controle responsável do Covid-19.

Relatório divulgado em julho de 2022 pela ONU coloca o Brasil de volta ao “Mapa da Fome”. Considerando as diferenças desse cenário na cidade, no campo e nos territórios de populações vulnerabilizadas, como indígenas e quilombolas, como seu governo pretende combater a insegurança alimentar?
A fome e a miséria são problemas que o Brasil precisa enfrentar com urgência. A fome não espera o longo prazo dos planos econômicos, ela precisa de medidas imediatas. No meu governo, vamos não só manter os programas sociais de combate à miséria, mas deixá-los mais eficientes. Com dados e evidências, podemos identificar onde as pessoas mais necessitadas estão e como é possível ajudá-las. É preciso investir com mais intensidade na pobreza infantil, que é a que causa mais danos de longo prazo. A distribuição de renda deve ser feita com mais critérios: uma mãe com filhos pequenos não pode receber o mesmo valor que um jovem sem filhos. Vamos estabelecer uma meta anual de redução da miséria, com o objetivo de eliminar a extrema pobreza em quatro anos. Além disso, investimentos estratégicos em infraestrutura vão ajudar a reduzir o enorme desperdício de transporte de alimentos no Brasil. Milhões de toneladas de grãos se perdem no caminho, quando deixam os produtores rurais. Reduzir o desperdício vai colocar mais alimento nas mesas de quem, hoje, tem fome.

O Plano Nacional de Educação (PNE), com vigência até 2024, estipula que 25% das matrículas da Educação de Jovens e Adultos (EJA) no ensino fundamental e médio sejam ofertadas na modalidade integrada à educação profissional e que as matrículas da Educação Profissional Técnica de Nível Médio sejam triplicadas, com pelo menos 50% de expansão no setor público. O programa de seu governo possui ações voltadas para atingir as metas relativas à educação profissional do PNE? Quais são essas ações?
A Educação Profissional no Ensino Médio é uma prioridade do programa de governo. O Brasil tem uma enorme contradição: desemprego alto, aliado à falta de profissionais qualificados. O que falta nessa equação é o ensino profissionalizante. Nós damos muita atenção (e recursos) ao Ensino Superior, e deixamos o ensino profissionalizante de lado. É uma opção para os jovens que querem sair do Ensino Médio com uma profissão, com uma posição no mercado de trabalho. Vamos copiar os modelos de ensino profissionalizante que dão certo, como a Alemanha, e preparar nossos jovens para as profissões do futuro.

Quais as propostas da sua candidatura para garantir o apoio do governo federal à oferta de educação básica pelos estados e municípios, principalmente tendo em vista o cenário de retorno das atividades presenciais depois do fechamento das escolas provocado pela pandemia, bem como os desafios trazidos pela necessidade de cumprimento do cronograma de implementação da Reforma do Ensino Médio?
O problema da nossa educação não é um problema de recursos. Inclusive, o Brasil gasta uma proporção do PIB [Produto Interno Bruto] acima da média com a educação. O problema é que gasta demais com a máquina pública, ao invés de investir no que dá resultado: na ponta, no professor e no aluno. Nosso plano de reestruturação da educação passa por investir mais na educação básica – e não no ensino superior, como ocorre hoje. No Ensino Fundamental e Médio é que podemos fazer mais diferença. Vamos adotar o ensino em tempo integral no Brasil todo, conectar todas as escolas à internet, qualificar os educadores e replicar os modelos educacionais que deram certo pelo Brasil. No Ensino Médio, oferecer a opção do ensino profissionalizante. Nenhuma criança ou jovem deve ficar de fora. Nenhuma nação enriquece sem investir no futuro, sem cuidar da educação. E com os efeitos do longo fechamento das escolas, essa é uma prioridade urgente.