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Caravana do Rio Doce constata os estragos do rompimento da barragem de Mariana

Participantes percorrem quatro rotas com o objetivo de mapear e ver de perto os impactos causados pelo crime ambiental patrocinado pela Samarco/Vale/BHP, em Minas Gerais e no Espírito Santo.
Redação - com informações de Maíra Mathias - EPSJV/Fiocruz | 13/04/2016 14h12 - Atualizado em 01/07/2022 09h46
Rota quatro visita a foz do Rio Doce Foto: Maíra Mathias

Conduzidos pelo surfista Diego Roldão, da Associação de surfistas, os participantes de uma das rotas da Caravana territorial da Bacia do Rio Doce visitaram nesta quarta-feira a foz do rio que recebeu todo o rejeito decorrente do rompimento da barragem em Mariana. Neste ponto, na comunidade de Regência, no Espírito Santo, as águas do Rio Doce perderam a coloração amarelada e estão agora com aparência barrosa.  Segundo os moradores da vila, a mudança é motivo de comemoração, mas a preocupação permanece porque com a volta das chuvas, o quadro pode retroceder.  Da foz do rio, os participantes da rota quatro seguiram para o assentamento rural Sezinio Fernandes, do MST, para conhecer como os trabalhadores rurais se organizam e os impactos do rompimento da barragem na produção camponesa. De lá, o grupo seguiu para Colatina, no Espírito Santo.

Maíra MathiasOs participantes da Caravana Territorial da Bacia do Rio Doce percorrem quatro rotas simultâneas que vão culminar em um encontro final na cidade mineira de Governador Valadares. Participam da caravana moradores atingidos pela mineração, pesquisadores, movimentos sociais e comunicadores. "Neste contexto de conflitos, de vulnerabilidades e de perdas territoriais, e motivados pelo sentimento de justiça, de luta, de visibilidade, de enfrentamentos e de resistência, que surgiu a ideia de organizar uma Caravana Territorial da Bacia do Rio Doce. A Caravana éuma iniciativa coletiva de diversas organizações, redes, coletivos e movimentos sociais envolvidos e articulados direta e indiretamente no crime/tragédia/desastre ocorrido pelo rompimento da barragem de rejeitos da Samarco/VALE/BHP, em Mariana-MG. A partir de uma abordagem territorial ampla e independente, o objetivo da Caravana é produzir – a partir de diferentes rotas a serem percorridas ao longo da Bacia – leituras compartilhadas sobre a tragédia/crime, analisar seus impactos, fortalecer diferentes lutas territoriais, experiências solidárias e outras economias, mobilizar ações de denúncias e reivindicações, problematizar o modelo de desenvolvimento na região, apontar sa?d? as, alternativas e experiências para um modelo mais justo, ecológico e solidário, e ampliar o diálogo com a sociedade", explica o texto de apresentação do caderno do participante da Caravana. A iniciativa está sendo realizada pela Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB), Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), Grupo Nagô e Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco).

Maíra MathiasA rota um começou na cidade de Mariana e percorre a região do Alto Rio Doce, passando também pelos municípios de Catas Altas, Acaiaca, Barra Longa, Santa Cruz do Escalvado, Rio Doce e Sem Peixe. A rota dois percorre o chamado Vale do Piranga e Casca, também no Alto Rio Doce, conhecendo localidades nos municípios de Desterro do Melo, Paula Cândido, Araponga, Viçosa e Ponte Nova. Já a rota três percorre comunidades nos municípios de Governo Valadares, Açucena, Belo Oriente e Ipatinga. Por fim, a rota quatro, já no Espírito Santo, no também chamado baixo Rio Doce, visita os municípios de Anchieta, Aracruz, Linhares, Colatina, Baixo Guandu e Resplendor. "A ideia é realizar uma caravana articulando as várias redes, movimentos sociais e entidades nos principais territórios atingidos pelo rejeito e também em outros territórios, culminando com um amplo evento de socialização, sistematização e debate público, na cidade de Governador Valadares, Minas Gerais, que nos tempos de outrora era chamada de Figueira do Rio Doce.", sintetizam os organizadores do evento.

A equipe de reportagem da Poli acompanha a rota quatro. A reportagem completa você vai ler na próxima edição da revista.