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Formação dos trabalhadores técnicos do SUS

Escolas Técnicas do SUS se adaptam às demandas da pandemia. Na EPSJV/Fiocruz, cursos voltados para ACS e ACE que atuam no sistema recomeçam de forma remota
Cátia Guimarães - EPSJV/Fiocruz | 23/11/2020 12h05 - Atualizado em 01/07/2022 09h42
Foto: Andréa Rêgo/PCR

Muita coisa parou. Mas os trabalhadores da saúde precisaram continuar. E uma parte daqueles que vêm atuando na linha de frente contra a Covid-19 estavam em processo de formação profissional ou precisaram se qualificar para enfrentar melhor a pandemia.

O Centro de Formação de Recursos Humanos para o SUS (Cefor) de São Paulo que fica em Araraquara, por exemplo, estava participando da construção do Planejamento Regional Integrado que apontaria as necessidades de formação nos mais de 190 municípios da sua área de abrangência quando as ações presenciais foram suspensas. A saída foi investir na divulgação de eventos, cursos e outras informações, de modo a não perder o vínculo e “propor ações de apoio”.  Já a Escola Técnica do SUS de Blumenau tem se dedicado a promover capacitações diversas para os trabalhadores que estão atuando no sistema, principalmente em temas relacionados diretamente à Covid-19. Todas estão acontecendo à distância, com profissionais da própria Escola e da equipe de Vigilância Epidemiológica do município. O único curso presencial nesse período foi uma capacitação para os profissionais de limpeza e manutenção das unidades de saúde, que aconteceu em grupos de dez trabalhadores por vez, seguindo os protocolos de segurança, segundo a diretora da Escola, Claudia Lange. A ETSUS será responsável também por uma capacitação para professores e outros profissionais da educação. A proposta é ensinar os protocolos de segurança, que envolvem a higienização dos espaços, o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e o autocuidado, entre outros. Também de forma remota, a Escola começou, em outubro, a formação da primeira etapa, de 400 horas, do curso técnico de agente comunitário de saúde (ACS), além de dar sequência a atualizações mais específicas aos ACS já formados.

"O ensino remoto não é o adequado para estas trabalhadoras, mas vem sendo uma possibilidade de permanecermos em contato e oferecermos, como instituição pública, um lugar de acolhimento, de construção compartilhada de experiências e de conhecimento”
Mariana Nogueira

O curso técnico de ACS também retomou as aulas de forma remota na Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz). Nem o currículo nem a carga horária foram modificados, mas têm sido feitas adaptações para dar conta da realidade da pandemia. “O desafio e a dificuldade que temos não é o arranjo organizacional do curso em si, mas o processo de ensino e aprendizagem de mulheres da classe trabalhadora, com histórico de desiguais e diversos letramentos, com condições nada favoráveis de acesso à internet e a equipamentos tecnológicos, com múltiplas jornadas de trabalho, remunerado e não remunerado. O ensino remoto não é o adequado para estas trabalhadoras, mas vem sendo uma possibilidade de permanecermos em contato e oferecermos, como instituição pública, um lugar de acolhimento, de construção compartilhada de experiências e de conhecimento”, explica Mariana Nogueira, uma das coordenadoras do curso. Todos os alunos receberam chips com pacotes de dados de internet e computadores emprestados pela instituição.

A formação dos técnicos de vigilância em saúde do município do Rio de Janeiro também foi retomada na EPSJV/Fiocruz em agosto. Com aulas à distância e alguma atualização do currículo para dar conta das especificidades da pandemia, o curso precisou adaptar o componente do trabalho de campo previsto para evitar atividades presenciais. Da mesma forma, excepcionalmente, a turma deste ano não fará o estágio supervisionado. “Mas como os estudantes são trabalhadores que já atuam na Estratégia de Saúde da Família, haverá aproveitamento da experiência profissional, visto que todos são ACE  (Agentes de Combate a Endemias)”, explica Priscila
Faria, uma das coordenadoras do curso. Esses alunos-trabalhadores também receberam chips com pacotes de dados, mas Priscila ressalta que a qualidade do “sinal de internet” em algumas localidades continua sendo um desafio.