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Novos rumos para o Brasil

Neoliberalismo e políticas sociais foram os pontos centrais da discussão da última atividade do segundo dia de Congresso.
Viviane Tavares - EPSJV/Fiocruz | 04/10/2013 08h00 - Atualizado em 01/07/2022 09h46

Política, planejamento, gestão e avaliação em saúde foi o tema da última mesa do dia 2 de outubro do 2º Congresso Brasileiro de Política, Planejamento e Gestão em Saúde da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) que foi composta pelos expositores Jairnilson Paim da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Adolfo Horacio Chorny, da Fiocruz, Gastão Wagner, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Oswaldo Yoshimi, da Universidade de São Paulo (USP).

Com a declaração ‘Não queremos uma sociedade de consumo', Chorny cativou do público uma salva de palmas que apareceu mais outras vezes ao longo da fala do pesquisador. "A que interessa ser a 7ª economia do mundo se temos ainda miseráveis? O que vale mais ser a 7ª na economia ou a 1ª na justiça social e igualitária? Para ter pessoas sãs, não precisamos de apenas mais médicos, precisamos de mais educação, esgoto, transporte", opinou.

Chorny afirmou ainda que as políticas públicas vêm sendo quantificadas, mas que é preciso levar em conta as variáveis do país. "Precisamos retomar o planejamento. Não vamos confundir planilhamento com planejamento", explica e analisa: "Temos nos resumido demais como na avaliação do índice de desenvolvimento humano. Que diferença faz ser o 0,893 ou 0,793? A miséria continua", disse.

A preparação e os investimentos da Copa do Mundo também foram alvo de Chorny, que defendeu que devemos ter um Brasil no padrão Brasil. "Vamos fazer 30 dias de um Brasil internacional, e depois o que vamos fazer com a saúde pública e a educação para não termos vergonha?", disse e aconselhou: "A definição de um projeto nacional é uma definição clara do campo de alianças e do campo do inimigo. Não podemos ir para todos os lados".

O professor Gastão Wagner enfatizou que justiça social compartilha com democracia e liberdade democrática, e isso que devemos a voltar a defender. "Temos repetido que o Brasil não tem uma tradição por lutas e por direitos, mas tivemos uma conquista com o SUS pelo direito à vida, mesmo esse SUS meio copo cheio, meio vazio", lembrou.

Para Gastão a democratização do Brasil precisa enfrentar adversários como as potências ideológicas de competição e apresentar diretrizes para saúde, educação e segurança pública. "O Brasil não vai ser Brasil se não pagarmos melhores salários para professores, a segurança pública, estamos vendo casos de violência contra trabalhadores", disse.

Em relação ao SUS, como em outras oportunidades em que proferiu, Gastão defendeu um novo modelo institucional. "Precisamos desenterrar a cabeça de porco, diminuir a influência dos prefeitos e governador sob o SUS. Não devemos aceitar alianças espúrias e governabilidade de pequena política. Com muita paciência, temos que reinventar esse processo. O SUS precisa ser público, mas não precisa ser governamental. Essa é a briga futura", apontou.

Jairnilson avaliou como criativa as ideias de Gastão, e que, é preciso blindar o SUS da política. "Não queremos 30 mil cargos de confiança para gerir o SUS. E isso é possível porque os outros setores não são assim" disse Paim que completou parafraseando José Saramago: "Não acredito que a sociedade esteja condenada a viver sob esse capitalismo".

Oswaldo Yoshimi, da USP, aponta que até agora os que pensaram a reforma sanitária não levaram em consideração o poder da direita. "Nós fomos ingênuos e deixamos passar muita coisa que está gerando estas contradições. O que vejo é que o processo macro está sendo destruído pelo mínimo, e esse caminho tão rápido de soluções talvez não seja a melhor maneira", indicou.