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Antiviral contra covid-19, Molnupiravir, poderá ser testado contra dengue e chikungunya

O primeiro antiviral oral para o tratamento da covid-19, o Molnupiravir, poderá ser testado para outras doenças típicas do Brasil, como dengue e chikungunya.

Recentemente, o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) firmou um acordo de cooperação tecnológica com a farmacêutica estadunidense Merck Sharp & Dohme, conhecida no Brasil como MSD, para a produção do medicamento no país. 

Segundo Jorge Mendonça, diretor de Farmanguinhos, o objetivo do acordo é “disponibilizar mais uma solução terapêutica para o tratamento da covid-19", trazendo para o Sistema Único de Saúde (SUS) “mais uma opção tecnológica", já que o medicamento “tem demonstrado resultados bastante importantes na reversão dos quadros leves a moderados”. 

Mas, além disso, “esse acordo de cooperação visa testar [também] o Molnupiravir para outras possibilidades de utilização em doenças típicas do país, tais como dengue e chikungunya”, afirma Mendonça. Isso significa que o acordo prevê o “início de estudos experimentais de análise da atividade do medicamento em outros vírus também endêmicos no Brasil, como dengue e chikungunya”, afirma a Fiocruz em nota. 

Dengue no Brasil 

Hoje não existe no Brasil um medicamento específico para combater o vírus da dengue no organismo humano. O tratamento, então, envolve a diminuição dos sintomas com medicamentos como paracetamol e a dipirona.

Também não há nenhuma vacina contra o vírus da dengue. Portanto, as medidas mais comuns contra a dengue são externas, de combate ao mosquito Aedes Aegypti - transmissor da dengue, da chikungunya e da zika - como evitar água parada nos quintais e remoção de resíduos de pavimentos públicos. 

Cerca de 97% dos focos do mosquito transmissor da dengue estão nas casas das pessoas e apenas 3% em áreas públicas, segundo a Secretaria de Saúde do DF / Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília

Nesse sentido, a possibilidade de testar um medicamento contra dengue e chikungunya pode ajudar a diminuir, por exemplo, os casos graves. 

Leia também: Instituto Butantan inicia estudo clínico de fase 3 de vacina contra o vírus chikungunya

Aumento de casos

Nos últimos meses, o número de pessoas que contraíram o vírus da dengue subiu sensivelmente. A capital do Rio Grande do Norte, Natal, instalou um gabinete de crise para lidar com a epidemia de dengue, que assola o município. 

Antes, o Rio Grande do Norte já havia declarado epidemia de dengue no estado. Nos quatro primeiros meses deste ano o número de casos da doença já havia superado a quantidade total registrada em 2021, no estado. Na capital, houve um aumento de 1.566% nos casos de dengue de janeiro a abril deste ano, em relação ao mesmo período de 2021.

Leia também: Casos de dengue aumentam 294% no Distrito Federal em 2022

Em Santa Catarina, a situação é a mesma. Nos quatro meses, o estado já havia registrado o maior número de casos de dengue (32.206 infectados) em comparação aos anos anteriores. Durante o ano passado inteiro, foram contabilizados 19.133 doentes.

Pernambuco também registrou um aumento. Nos primeiros quatro meses de 2022, houve um crescimento de 45,9% nas notificações de casos suspeitos de dengue, zika e chikungunya, em relação ao ano anterior. Nos casos de chikungunya, o aumento foi de 77,2%; de dengue, 39,3%.

Molnupiravir

O pedido de uso emergencial do Molnupiravir foi aceito pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no dia 4 de maio. Além do Brasil, o medicamento foi aprovado pela Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde do Reino Unido, pela Agência Regulatória Europeia e pela agência reguladora do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos.

"A Fiocruz sempre esteve na vanguarda em tratamentos para diversos tipos de doenças. Além do avanço da vacinação de covid-19 no país, podermos agora contar adicionalmente com um medicamento que contribui para a redução o número de pacientes com covid-19 leve a moderado que progridem para doença grave, que certamente terá um forte impacto positivo no SUS e no enfrentamento à pandemia”, comenta a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima.

Edição: Rebeca Cavalcante

Por: Caroline Oliveira e Leonardo Couto

Categoria(s):

Repórter SUS