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Brasil tenta recuperar cobertura vacinal; toda população pode atualizar imunizações

Como parte da estratégia nacional para retomar os níveis de vacinação da população brasileira, o governo federal vem colocando em prática uma série de iniciativas. A mais recente é o programa Saúde com Ciência, que além de chamar atenção para a manutenção da vacinação atualizada também pretende combater a desinformação e as fake news.

Pesquisas indicam que a confiança da população brasileira na ciência e nas vacinas sofreu com a propagação de notícias mentirosas e com o negacionismo durante a pandemia da covid-19. Um estudo da Fundação Oswaldo Cruz, publicado no fim do ano passado, revelou que a maior parte das pessoas (68,9%) ainda tem bons níveis de confiabilidade na ciência, mas as campanhas de desinformação trouxeram impactos.

Em relação às vacinas, a percepção também foi abalada pelas fake news. Mais de 86% das pessoas que participaram da pesquisa consideram a imunização importante para proteger a saúde pública. Por outro lado, quase 20% responderam que não acham as vacinas necessárias e 46% afirmam que os imunizantes produzem efeitos colaterais que são um risco.

O crescimento do negacionismo vem afetando os níveis de vacinação no país. Dados do Observatório da Atenção Primária à Saúde da organização Umane mostram que, em 2021, o Brasil teve a menor cobertura vacinal em duas décadas. A média nacional ficou em 52,1%. Até 2015, esse índice nunca tinha ficado abaixo de 70%.

Eu tenho que me vacinar?

O calendário vacinal previsto no Brasil tem fases de imunização específicas para crianças, adultos e idosos e pode ser acessado no site do Ministério da Saúde.

As ações do Ministério pretendem recuperar a imagem brasileira de referência mundial em todos os níveis e garantir atualização dos cartões de vacina, independentemente da faixa etária. Flávia Bravo, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM), afirma que a iniciativa é importante e lembra que o calendário adulto, por exemplo, é comumente deixado de lado. 

Ela cita os reforços para tétano e as vacinas contra hepatite B. Nesse segundo caso, o Brasil só começou a oferecer a imunização no calendário infantil a partir da década de 1980, portanto, há adultos e idosos que nunca tomaram as doses e precisam buscar a atualização. 

A terceira idade, mais vulnerável a doenças respiratórias, precisa ter atenção às doses da vacina pneumocócica, à proteção contra a gripe e à imunização contra covid-19.

"Em relação ao calendário de vacinação de adultos e idosos, de um modo geral, todas as vacinas que estão disponíveis são esquecidas, negligenciadas e é difícil obter coberturas vacinais altas. Então precisamos falar de todas elas. Basicamente é atualizar aquelas que não existiam nas suas épocas de infância ou mesmo adolescência, tomar as que precisam de reforço e as vacinas de campanha, como gripe e covid-19."

A especialista lembra que a tríplice viral e a hepatite B não têm reforços, portanto, quem chega à vida adulta com o calendário em dia para essas imunizações, não precisa tomar as doses novamente, a não ser que ocorram campanhas específicas. Vale lembrar que pacientes com comorbidades que tragam vulnerabilidade para hepatite podem ter recomendação de reforço, mas são casos específicos e que devem contar com orientação médica.

Flávia Bravo ressalta que quem não tem certeza se tomou as doses do calendário adulto, pode ser vacinar novamente. "Perda de cartão ou esquecimento das doses tomadas não são desculpa para não procurar o posto de saúde ou a sala de vacinação para ser vacinado. Se não houver nenhum registro é praxe encarar como esquema não aplicado, eu tenho que ter o registro das doses aplicadas a fim de estabelecer esquema de vacinação. Se eu não tenho este documento, eu vou fazer todas as vacinas recomendadas para a minha faixa etária e esquemas completos." 

Ela explica ainda que tomar a mesma vacina mais de uma vez não traz riscos à saúde. "Eu costumo dizer que não existe overdose de vacina. Se não há registro, você toma uma dose a mais. Pode gerar, na pior das hipóteses, um risco maior de eventos adversos, mas nada de evento adverso grave. Pode até funcionar como reforço e melhorar a proteção."

Em parceria com a Secretária de Comunicação Social da Presidência da República, o trabalho de combate a desinformação do Ministério da Saúde envolve também os ministérios da Justiça e da Ciência, a Controladoria-Geral da União (CGU) e a Advocacia-Geral da União (AGU). A ideia é atuar na identificação e compreensão do fenômeno, mas também responder aos efeitos negativos das redes de desinformação com ações práticas.

Uma delas é a criação de um ambiente online onde serão divulgados alertas e análises sobre as fake news identificadas. As informações serão repassadas por meio do portal Saúde com Ciência, nas redes sociais do Governo Federal e em aplicativos de mensagens. Por meio de um formulário também será possível informar as autoridades sobre informações mentirosas que circulam sobre o tema.

Edição: Thalita Pires

Por: Juliana Passos e Nara Lacerda, do Brasil de Fato

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Repórter SUS