“Um dos efeitos das mudanças climáticas para a biodiversidade é que locais que os animais já estavam adaptados a viver começam a se tornar inabitáveis à medida que a temperatura aumenta, as chuvas tornam-se imprevisíveis e a vegetação muda, tanto o período de floração e de frutificação, esse fato também influencia o comportamento de alguns hospedeiros e vetores de doenças.
Como por exemplo, estudos científicos indicam que muitas árvores mudaram os padrões de quando dão frutos por conta da mudança no clima. Isso fez com que alguns animais buscassem as mesmas árvores para se alimentar. Imagine, várias espécies de morcegos, de chimpanzés e de gorilas procurando a mesma planta para se alimentar, quando isso não era o normal. Podem comer a mesma fruta, trocando fluidos salivares que podem conter agentes infecciosos já que esses animais são muitas vezes hospedeiros de doenças.
Em um outro cenário, pesquisadores apontam que existem alguns locais do mundo certos tipos de cavernas que são o habitat preferido para algumas espécies de morcegos, devido a disponibilidade de água. A redução das chuvas pode diminuir a quantidade de águas subterrâneas. Portanto, esses morcegos perderão esses habitats e precisarão se deslocar para encontrar outros locais com água disponível.
Nos dois exemplos citados, observem que o aquecimento global pode alterar o comportamento de morcegos, conhecido por ser hospedeiro e reservatório de um número considerável de coronavírus diferentes e também de outros agentes causadores de doenças. Percebam como é relevante a relação entre saúde e ambiente.
Bom, e trazendo um outro exemplo nessa temática. O aumento da temperatura e consequentemente o derretimento de geleiras vem trazendo cenários preocupantes. Assim como os vírus, as bactérias também são capazes de sobreviver em condições extremas e temperaturas muito baixas. Poucos anos atrás, na Sibéria, região muito fria da Rússia, teve casos de Antraz, uma doença grave causada por uma bactéria que pode levar à morte em poucos dias. Isso foi atribuído a uma carcaça de animal que tinha morrido de Antraz e ficou muito tempo inacessível por conta do gelo e com seu derretimento aquela carcaça ficou exposta e com assim houve novos casos de contaminação. Esse acontecimento nos faz levantar algumas perguntas, como: Que tipo de organismos podemos ter nesse gelo que são viáveis e causadores de doenças? Podemos entrar em contato novamente com patógenos (agentes causadores de doenças) que foram combatidos no passado, na história da humanidade, que nem sabemos quais foram os patógenos?
Agora, exemplificando com um animal mais comum ao nosso cotidiano: os mosquitos. Em relação a esses vetores, o aumento da temperatura global:
• Afeta o ciclo de vida desses insetos, pois acelera o metabolismo das larvas, que se desenvolve rapidamente, alcançando logo a fase adulta e fase de transmissão dos agentes infecciosos.
• Também acelera a transmissão do agente etiológico, isto é, o tempo para que o vírus alcance a glândula salivar do mosquito, estando apto para a transmissão.
• Expande a distribuição desses vetores de doenças, tanto em altitude quanto em latitude. Então, apesar dos países tropicais apresentarem condições climáticas mais favoráveis para a transmissão de doenças vetoriais, a circulação de alguns vetores também está sendo observada em algumas regiões mais frias.
Além disso, se houver maior frequência de chuvas pode acarretar no acúmulo de água em mais recipientes, aumentando a oferta de criadouros, naturais ou artificiais, onde os mosquitos se desenvolvem.
Em contrapartida, o período de seca em determinadas regiões obriga as pessoas que sofrem mais com as vulnerabilidades sociais a armazenarem água em tonéis ou em outros depósitos artificiais, que servem de criadouros, aumentando a população dos vetores. E consequentemente aumenta a ocorrência de doenças, como por exemplo: malária, dengue, chikungunya, zika, entre outras.
Portanto, depois de ouvir esses exemplos, compreendemos que existem diferentes formas das mudanças climáticas afetarem o comportamento de alguns vetores e hospedeiros de doenças."