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EPSJV/Fiocruz recebe prêmio por jogo de sistematização de saberes populares e plantas medicinais

O jogo de tabuleiro Semeando o Cuidado desenvolvido pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, da Fundação Oswaldo Cruz (EPSJV/Fiocruz), recebeu o prêmio de Melhor Serious Game, no Festival de Jogos do Simpósio Brasileiro de Jogos e Entretenimento Digital (SBGames), no último dia 20. 

Para a professora-pesquisadora Cynthia Dias, que coordenou o projeto, o prêmio significa o “reconhecimento de um trabalho desenvolvido dentro de uma instituição pública de saúde, pesquisa e ensino”, o que mostra,segundo ela, a relevância do financiamento.

"Sem financiamento a gente não teria conseguido desenvolver esse jogo dentro da qualidade que ele foi desenvolvido”.

No tabuleiro, que foi projetado com integrantes do projeto Educação Popular: semeando o cuidado e fortalecendo o direito à saúde, os jogadores interpretam agentes de saúde que precisam sistematizar saberes sobre plantas medicinais, a partir do diálogo e da demanda de cada território, para poder indicar receitas de preparo e uso.

Os participantes também se deparam com falas preconceituosas contra o uso de plantas medicinais, com as quais precisam lidar também por meio do diálogo.

Mesmo que o objetivo seja valorizar os saberes tradicionais, o jogo não descarta a importância e a necessidade da assistência médica, conforme destaca em seu Livreto de Regras.

Os saberes, portanto, aparecem como ferramentas complementares para a saúde e o cuidado. Por isso, Dias “espera que o jogo contribua para uma maior valorização dos saberes populares, para que as pessoas identifiquem nelas mesmas os saberes que as suas famílias passaram de geração em geração”. 

Segundo Dias, o objetivo do jogo também é “disseminar esses saberes e valores para outros espaços, sejam escolares ou pastas de unidades de saúde e movimentos sociais”.

Nesse sentido, afirma Dias, “é um jogo que se propõe cooperativo, que já é um formato bem diferente do que se tem como as principais referências. Ele promove o desenvolvimento de estratégias de forma cooperativa”.

Grasiele Nespoli, professora-pesquisadora e uma das integrantes do projeto Educação Popular: semeando o cuidado e fortalecendo o direito à saúde, explica que a ideia também é diversificar as metodologias e linguagens educativas.

“O interessante é que a dinâmica colaborativa envolve a troca dos saberes investigados, diálogos sobre os processos de trabalho, as dificuldades existentes nas comunidades e serviços de saúde, os desafios de promover saúde e fortalecer a agroecologia nos territórios”, aponta.

Na mesma linha, a professora-pesquisadora Simone Ribeiro, também integrante do projeto, destacou o caráter lúdico do jogo como ferramenta importante para a disseminação dos valores propostos.

“Entendendo que o brincar é inerente ao cuidado por ser uma dimensão intrínseca à vida, incentivar as atividades lúdicas e o jogo na formação em saúde é uma forma de desenvolver práticas de cuidado. A cooperação, expressa tanto no processo participativo de desenvolvimento quanto na proposta do jogo, carrega sentidos do ‘cuidado’ para todas as ‘camadas’ deste jogo aplicado em saúde.”

Educação Popular e Plantas Medicinais na Atenção Básica

Dentro do projeto Educação Popular: semeando o cuidado e fortalecendo o direito à saúde, o jogo também nasceu integrado às propostas do curso Educação Popular e Plantas Medicinais na Atenção Básica, que também tem como objetivo formar educadores populares que possam desenvolver ações para a valorização de saberes populares sobre plantas medicinais.

Nesse sentido, o, jogo foi distribuído para educandos de três turmas de formação pedagógica, que também são agentes de saúde de municípios do Estado do Rio de Janeiro.

Também participaram do projeto a professora-pesquisadora Camila Borges, os bolsistas Daiana Crús e João Vinícius Dias e os especialistas em plantas Andrea Gomes, da Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro, Maria Behrens e Paulo Leda, do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz), e Leila Mattos, agrônoma da Fiocruz. 

O jogo está disponível para download gratuito no Portal EPSJV.

Por: Julia Neves

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Repórter SUS