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Estudo da Fiocruz aponta para situação de vulnerabilidade entre cuidadores de idosos

No dia 30 de setembro, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) irá divulgar os resultados do estudo "Avaliação das condições de trabalho e saúde de cuidadoras de pessoa idosa em tempos de covid-19", durante um webinário, às 15h, por meio do canal do Youtube da EPSJV/Fiocruz. A live contará com a presença de dois pesquisadores da Fiocruz, Daniel Groisman e Dalia Romero, e uma do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Ana Amélia Camarano.

Segundo Groisman, a pesquisa, que contou com cerca de cinco mil participantes em todo o país, buscou analisar como a pandemia do novo coronavírus impactou a saúde e o trabalho daqueles que cuidam de pessoas idosas. Nesse sentido, os resultados trazem um cenário “dramático e alarmante” sobre a situação de saúde e as condições de trabalho “de uma população muito vulnerabilizada e que estava na linha de frente do cuidado do principal grupo de risco da pandemia de covid-19, as pessoas cuidadoras de idosos”.

A pesquisa está dividida em três segmentos. O primeiro se refere aos familiares que também são cuidadores de idosos. Nesse rol, encontram-se idosos cuidando de idosos, pessoas com agravos na saúde física e mental e cuidados 24 horas por dia. “E quais são os efeitos disso para a saúde de uma pessoa? Ainda mais no meio de uma pandemia que afeta a sociedade como um todo, mas principalmente as pessoas mais pobres, as mulheres e as pessoas idosas”, questiona Groisman.

Estima-se que no Brasil 4,2 milhões de familiares cuidem de idosos e apenas 1 milhão de cuidadores sejam contratados ou remunerados, segundo uma nota técnica do Comitê de Saúde da Pessoa Idosa também da Fiocruz. 

A segunda parcela diz respeito às cuidadoras remuneradas. O pesquisador afirma que este segmento também passou por uma precarização e um agravamento das condições de trabalho, com o aumento da carga horária, sem possibilidade de intervalos.

No terceiro grupo estão as cuidadoras que perderam o emprego durante a pandemia. Neste segmento as características que sobressaíram foram a desproteção social e a insegurança alimentar.

A pesquisa da Fiocruz, realizada entre agosto e novembro de 2020, mostrou que 91,4% dos familiares cuidadores de idosos são mulheres; 60% têm 50 anos ou mais; e quase 40% sofrem de alguma doença crônica considerada de risco para a covid-19, como hipertensão, diabetes, doença respiratório, de coração ou câncer.

A partir dos dados apurados, Groisman concluiu que o estudo apontou para uma situação de invisibilidade desses grupos, a partir da ausência de políticas públicas capazes de proteger a categoria. Também foi observada a “situação evidente” da desigualdade de gênero. Como dito em relação ao primeiro grupo, “a grande maioria das pessoas cuidadoras são mulheres, e é sobre elas que recai a carga, a incumbência, a responsabilidade de estar cuidando, seja de forma remunerada ou não”.

Para o pesquisador, “se as pessoas que cuidam não estão sendo vistas pelas nossas políticas públicas, isso é um reflexo de que os idosos, ou seja, os usuários dos serviços e do trabalho de cuidado, também não estão sendo vistos, e aqui estou me referindo às pessoas que necessitam de ajuda no seu dia a dia”.

Vale lembrar que a expectativa de vida no Brasil tem aumentado anualmente. Dados de 2019 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicados em novembro de 2020 mostram que, desde 1940, a expectativa de vida do brasileiro aumentou 31,1 anos. Isso aponta, na visão de Groisman, para a necessidade cada vez maior de uma atenção aos idosos e cuidadores de idosos dos órgãos públicos, bem como da sociedade.

Edição: Vivian Virissimo

Por: Ana Paula Evangelista

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Repórter SUS