Serviços 
O conteúdo desse portal pode ser acessível em Libras usando o VLibras

“Saúde da Família: Quem faz o quê?”

Jogo desenvolvido por professoras-pesquisadoras da EPSJV foi apresentado a trabalhadores da saúde que colaboraram na elaboração do produto
Julia Neves - EPSJV/Fiocruz | 20/09/2024 12h35 - Atualizado em 23/09/2024 11h05

As professoras-pesquisadoras da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), Camila Borges, Cynthia Dias e Alda Lacerda, estiveram na Clínica da Família Barbara Starfield, no bairro de Del Castilho, no Rio de Janeiro, no dia 12 de setembro, para apresentar a versão final do jogo “Saúde da Família: Quem faz o quê?” aos trabalhadores que colaboraram na elaboração do material.

Elaborado por Camila, Cynthia e pela também professora-pesquisadora Flávia Garcia, em conjunto com outros pesquisadores da equipe, a enfermeira Areta Vellasques e o dentista Rodrigo Souza, profissionais da Atenção Básica, o jogo faz parte do projeto “Transformações na Atenção Primária à Saúde: Processo de Trabalho e Modelos de Atenção à Saúde no SUS”, fomentado pelo Programa de Políticas Públicas, Modelos de Atenção e Gestão do Sistema e Serviços de Saúde (Rede PMA), coordenado por Camila e Alda.

Segundo Cynthia, o “Saúde da Família: Quem Faz o Quê?” é um jogo educativo que busca auxiliar a compreensão sobre os serviços e ações ofertadas na Unidade de Saúde, pelas equipes de Saúde da Família e outras equipes que participam da Atenção Primária. “Ele foi idealizado para ser conduzido por um ou mais trabalhadores da Saúde da Família. Pode ser jogado de dois a oito jogadores, tem duração aproximada de 20 minutos e pode ser jogado de forma cooperativa ou competitiva, individualmente ou por equipes”, explica. 

Para auxiliar a mediação do jogo, Cynthia conta que foi criado, com ajuda de trabalhadores do SUS, um “gabarito” de respostas. “Mas, como cada realidade é diferente, as cartas não têm indicação de certo ou errado. O ’gabarito’ deve ser ajustado de acordo com a organização dos serviços e processos de trabalho de cada localidade”, contrapôs.

Cynthia acrescenta ainda que o jogo foi pensado para poder ser jogado em salas de espera, ou em grupos, como um recurso para promover diálogo com a população acerca da Saúde da Família e de seus direitos como cidadãos. Por isso, de acordo com ela, foi pensado um painel resistente, com bolsos transparentes e cartas de fácil visualização. “A mecânica do jogo é bem simples, para facilitar o entendimento rápido, mas as regras propostas favorecem a participação de todos e a troca de informações. A duração do jogo e a quantidade de jogadores são flexíveis. A qualquer momento um jogador pode sair ou entrar sem comprometer a experiência dos demais”, afirma. Ela complementa que a pessoa mediadora pode elaborar outras dinâmicas além das sugeridas no Manual, dependendo dos seus objetivos e das características do grupo e do contexto de jogo. 

As placas, segundo Camila, também podem ser adaptadas às necessidades de discussão ou à realidade do território. “A pessoa mediadora poderá decidir quais categorias profissionais/equipes/serviços serão usadas nas placas. Novas cartas podem ser criadas, ampliando o baralho ou até mesmo criando um baralho temático, por exemplo, a partir de uma linha de cuidado. Dependendo do tema de interesse, pode ainda ser selecionada apenas uma parte do baralho”, explica.

Devolutiva positiva

Alda conta que, ao conversar com os trabalhadores nas entrevistas, a equipe verificou que um dos principais pontos que os trabalhadores gostariam de conseguir disseminar para a população era em relação ao trabalho da Saúde da Família. “O desejo era o de favorecer a compreensão da importância e da extensão desse trabalho, para que a população possa se apropriar e lutar junto aos trabalhadores por melhorias nesse contexto. A abordagem do jogo em relação ao tema foi construída e validada em diálogo com os trabalhadores da Clínica Barbara Starfield”, aponta.

Por fim, Camila ressalta que a ideia é aproveitar o jogo não somente como um recurso para informação, mas como um instrumento de escuta da população atendida na Unidade de Saúde. “Compreendendo as principais dúvidas pode ficar mais fácil dialogar, informar e construir uma relação de parceria com a população, além de ser uma oportunidade para conversar com a comunidade sobre a necessidade de investimentos em novos dispositivos de saúde e aumento do número de trabalhadores nos serviços existentes”, explica.

Para além de carregar informações e conceitos, Cynthia destaca que jogos são objetos e sistemas que, ao serem “ativados”, mediam interações e promovem diálogos. “Ao elaborar jogos de tabuleiro para Educação em Saúde, é fundamental pensar que cada grupo e cada sujeito vai se apropriar desse recurso e responder a ele de uma forma única. Essa apropriação carrega uma riqueza enorme e um potencial de construção coletiva de uma experiência, que é parte importante da relevância dos jogos de tabuleiro para a Educação em Saúde”, conclui.

A versão do jogo para impressão está disponível na plataforma Educare: https://educare.fiocruz.br/resource/show?id=Pbck_dVi