A Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) promoveu, no dia 8 de outubro, o primeiro evento do Projeto Saúde nas Escolas. O encontro, realizado de forma online, sobre “Temas Emergentes em Saúde Mental das Escolas” teve como objetivo promover a atualização e a formação da equipe técnica profissional, além de estimular a comunidade escolar a debater a saúde mental nas escolas por uma perspectiva da inclusão e diversidade.
O Projeto Saúde nas Escolas é uma iniciativa da Fiocruz para ampliar e aprimorar as ações de saúde e educação nas escolas de Ensino Médio nas favelas da Maré e de Manguinhos, na cidade do Rio de Janeiro. Liderado pela Escola Politécnica em Saúde Joaquim Venâncio, com participação do Departamento de Estudos sobre Violência e Saúde Jorge Careli (CLAVES/ Fiocruz), a partir da articulação do Programa Institucional Violência e Saúde da Fiocruz (PIVS).
O debate teve a mediação de Jonathan de Moura, coordenador geral do Ensino Técnico da EPSJV, e os participantes discutiram temas como cyberbullying e o mau uso da internet pelos adolescentes e jovens.
Pedro Henrique Sampaio Lopes Tavares, mestre em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz), abordou o tema “Violência auto-infligida, automutilação e comportamento suicida: porque essas violências vêm aumentando e como enfrentar esses desafios?”. Ele alertou que a autolesão, ou agressão ao próprio corpo, com intenção suicida ou não, é um problema de saúde pública que afeta todas as idades, mas que atinge, principalmente, os adolescentes a partir dos 13 anos. Sobre a questão do suícido entre os jovens, Pedro ressaltou a importância de entender o contexto de vida deles. “Por exemplo, o contexto de ideação de suicídio de uma pessoa negra, que mora em uma comunidade, membro da comunidade LGBTQIAPN+, é muito diferente do contexto de uma pessoa branca, rica com acessos a privilégios”, pontuou ele.
“O uso prejudicial de redes sociais em jovens: o que a informação a um click pode nos causar?” foi o tema de João Pedro Rossi de Oliveira, ex-aluno da EPSJV e graduando em Ciências Biológicas na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Em sua fala, ele destacou descobertas de sua pesquisa para seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) desenvolvido na Escola Politécnica. Realizada entre os alunos do 3º e 4º ano do Curso Técnico de Nível Médio em Saúde da EPSJV, João Pedro ressaltou o que chama atenção dos adolescentes na internet. “Os estudantes usam as redes sociais muito mais para se divertir, não, necessariamente, para ver notícias e se atualizar. Além disso, alguns alunos já deixaram hobbies ou procrastinaram outras tarefas para utilizar as redes sociais”, disse ele, que ainda sugeriu as relações presenciais entre os jovens como forma de intervenção para desenvolver a sociabilidade entre eles.
A professora da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Taiza Ramos de Souza, falou sobre “Cyberbullying e violências na internet: desafios e possibilidades de cuidado”. Ela destacou que, para falar sobre cyberbullying é preciso falar também sobre o bullying. “Uma vez que são dois tipos de violência que possuem similaridades, mas representam fenômenos distintos, disse Taiza, que explicou que o cyberbullying é uma violência que acontece na internet, entre duas ou mais pessoas, de forma sistemática, em sua maioria entre adolescentes e que causa violência psíquica. A professora também destacou que o cyberbullying também pode estar relacionado a outras violências. “Não dá para dizer que todo tipo de discurso de ódio ou ataque que acontece na internet é cyberbullying, isso também pode estar associado com experiências de racismo, que é também uma violência, com LGBTfobia, entre outras violências”, disse Taiza.