Embora limitados pelo desmonte descrito nesta reportagem, a década de 2000 trouxe alguns avanços também nas áreas sociais. Na educação, como afirma o professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Carlos Jamil Cury, as Emendas 53 e 59 citadas anteriormente foram positivas em alguns aspectos. A Emenda 53, por exemplo, possibilitou que recursos que antes era exclusivos do ensino fundamental – como pregava o Fundef - p; fossem destinados para outras etapas e modalidades da educação pelo Fundeb. Mesmo a complementação do Fundeb por parte da União, de 10% do total alocado por estados e municípios, considerada baixa, representou melhorias em relação ao Fundef, que nem isso previa. “No último ano do Fundef a União colocou R$ 300 milhões no Fundef, sendo que hoje a previsão é de que ela coloque R$ 10 bilhões para o fundo”, diz José Marcelino.
A Emenda 59, por sua vez, afirma Cury, “trouxe pela primeira vez para a organização da educação nacional o conceito de Sistema Nacional de Educação e também a ampliação da obrigatoriedade do ensino dos quatro aos 17 anos, ou seja, se antes o mínimo era de nove anos pela LDB, hoje é de 13 anos”, comemora. Na saúde, há o entendimento de que a Lei Complementar 141, que regulamentou a Emenda 29, representou avanços ao definir o que pode ser considerado gasto com saúde por parte da União, estados e municípios, que passaram a não poder mais considerar como sendo de saúde, por exemplo, despesas como o pagamento de inativos e pensionistas, merenda escolar, limpeza urbana e a remoção de resíduos, entre outras.
Na área dos direitos trabalhistas, a aprovação da EC 72, em 2013, que estendeu aos trabalhadores domésticos direitos constitucionais previstos para as demais categorias, como jornada de trabalho definida em lei, hora extra e benefícios previdenciários. “De fato, a aprovação da emenda 72 foi uma importante conquista”, destaca Sara Granemann.