A Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) promoveu, no dia 20 de maio, a 2ª Jornada Nacional de Iniciação Científica da Rede Provoc Luiz Fernando da Rocha Ferreira da Silva. O evento reuniu 243 estudantes de diversas regiões do país que participam do Programa de Vocação Científica (Provoc) da Fiocruz.
A mesa de abertura contou com a presença de Alda Maria da Cruz, vice-presidente de Pesquisa e Coleções Biológicas da Fiocruz (VPPPCB); Anamaria D’Andrea Corbo, diretora da EPSJV; Ana Paula Giraux, presidente do Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif); Cristiane Nogueira Braga Percini, coordenadora do Provoc; Danielle Costa Silveira, representante de coordenadores do Provoc em unidades regionais da Fiocruz; Michele Feitoza, representante de pesquisadores orientadores da Rede Provoc; e Victor Hugo Miranda, representante dos estudantes da Rede Provoc.
“Ciência se faz quando você cria laços”, afirmou Victor em uma fala emocionante que marcou o início do evento. Para o estudante, a Rede Provoc amplia os horizontes da juventude: “Entrei aqui com a mentalidade de que seria um pesquisador como aquele que temos estereotipado na cabeça — preso dentro de um laboratório. Saio entendendo que o pesquisador é mais do que isso. Ele precisa de laços, de conexões”.
Entre as conexões que a pesquisa possibilita, foi anunciada a ampliação da parceria entre a Fiocruz e instituições da Rede Federal de Educação. “Vamos colocar isso em prática”, afirmou Ana Paula Giraux. “O tamanho da Rede Federal e da Fiocruz vai permitir que mais estudantes tenham acesso aos benefícios dessa articulação. Vamos dar as mãos e seguir em frente para que essa parceria prospere”. Para ela, ciência é resistência: “É preciso resistir na ciência e no conhecimento”.
A diretora da EPSJV, Anamaria Corbo, celebrou a iniciativa: “Se conseguirmos nos articular com a Rede Federal, poderemos atrair um número ainda maior de adolescentes e jovens interessados em pensar a ciência”. Ela destacou ainda o caráter transformador da proposta: “É uma ciência que busca produzir conhecimento comprometido com a superação das desigualdades sociais. Essa é a ciência em que acreditamos”.
O interesse da EPSJV pela iniciação científica no Ensino Médio é histórico: “O Provoc está na origem desta Escola. Há 40 anos, Luiz Fernando Ferreira, cientista da Fiocruz, já falava da importância de aproximar a ciência do Ensino Médio”, relembrou Anamaria. E concluiu: “Quando se fala em iniciação científica, costuma-se pensar na graduação. Mas, desde então, já era evidente a relevância de envolver os estudantes da educação básica no debate sobre ciência”.
Os jovens na ciência
O painel “Atualidades sobre juventude e iniciação científica no Ensino Médio” deu sequência à programação da Jornada e reuniu Eliane Ribeiro, professora-pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (PPGEDU/UNIRIO), o cientista social Tobias Macedo e Rosa Neves, professora-pesquisadora da EPSJV. A mediação foi realizada pela professora-pesquisadora da Escola, Carla Martins.
Eliane apresentou resultados parciais da pesquisa que desenvolve em parceria com Tobias, voltada à análise dos campos da ciência, tecnologia e saúde no contexto do Plano Nacional da Juventude. Os pesquisadores destacaram o protagonismo dos jovens frente aos desafios atuais. “A juventude brasileira entende que o negacionismo é antivida, reconhece a importância das vacinas, da saúde e do meio ambiente. A juventude tem o que dizer, tem o que falar — e esse mundo pode ser melhor”, afirmou Eliane. Para ela, a Rede Provoc atua como “aliada estratégica no fortalecimento da construção coletiva de políticas públicas que colocam a juventude no centro do debate e da ação”.
Em seguida, Rosa traçou um panorama da iniciação científica no Ensino Médio no Brasil e destacou o papel pioneiro da EPSJV na consolidação dessa prática como política pública. “A contribuição da Escola Politécnica para a política científica é o desenvolvimento pioneiro e institucionalizado da iniciação científica na educação básica”, afirmou. Segundo ela, “a Escola, por meio do Programa de Vocação Científica, realmente conseguiu plantar a semente de colocar os estudantes para fazer ciência”.
Apresentação das pesquisas
No turno da tarde, estudantes do Ensino Médio vinculados à Rede Provoc — vindos das unidades da Fiocruz no Amazonas, Rondônia, Piauí, Bahia, Pernambuco, Ceará, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Rio de Janeiro — apresentaram os trabalhos de iniciação científica desenvolvidos em diversas áreas do conhecimento com foco na saúde.
A estudante Luana Riveira, da Fiocruz Amazônia, destacou a importância de iniciar o contato com a ciência desde cedo: “A iniciação científica abre caminhos para percebermos que a vida não é só a bolha em que vivemos. Com a ciência, podemos explorar novos horizontes”. Ela acrescentou: “Eu não sabia que existia a possibilidade de trabalhar com políticas públicas, achava que isso era restrito ao governo. A iniciação científica foi essencial para abrir novas perspectivas de trabalho e de vida”.
Estudantes do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, Gabriela Olinda e João Marcelo Pereira, também relataram como a iniciação científica contribui para suas trajetórias formativas. “É um projeto que abre muitas portas para compreender o que existe no mundo do trabalho e da pesquisa”, comentou João. Para Gabriela, o projeto proporciona experiências que aproximam os estudantes da prática acadêmica: “A gente consegue conhecer de perto aquilo que normalmente só vê nos livros ou em sala de aula”.
O evento foi encerrado com uma fotografia coletiva em frente aos murais do Projeto Negro Muro, da EPSJV, seguida de uma confraternização entre os participantes.