Serviços 
O conteúdo desse portal pode ser acessível em Libras usando o VLibras

Comer é um ato político

Alunos da Escola Politécnica participam de roda de conversa sobre alimentação saudável
Portal EPSJV - EPSJV/Fiocruz | 11/09/2018 10h23 - Atualizado em 01/07/2022 09h44

“De onde vem sua comida? Comer é um ato político!” foi o tema da roda de conversa promovida, no dia 6 de setembro, pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz). O encontro reuniu alunos da turma do segundo ano do Ensino Médio, da habilitação de Biotecnologia; o agricultor José Antônio Pereira, que fornece frutas e hortaliças para o bandejão da Escola; além de profissionais da EPSJV – a nutricionista Taísa Machado e os professores-pesquisadores, Danielle Cerri, Tiago Savignon e Alexandre Pessoa. A atividade teve como objetivo aproximar os estudantes dos debates que envolvem o mundo do trabalho no campo, bem como estabelecer um diálogo acerca da relação do conhecimento da botânica com o plantio e as necessidades nutricionais do corpo humano.

Taísa destacou o o projeto da Escola que oferece uma alimentação saudável para os alunos. Segundo a nutricionista, a Lei nº 11.947 de 2009 estabelece que, do total dos recursos financeiros repassados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), no âmbito do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), no mínimo 30% devem ser utilizados na aquisição de gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar e do empreendedor familiar rural ou de suas organizações, priorizando-se os assentamentos da reforma agrária, as comunidades tradicionais indígenas e comunidades quilombolas. A EPSJV, no entanto, decidiu destinar 100% da verba do programa para comprar alimentos da agricultura familiar. “Através dessas políticas públicas, a alimentação dos estudantes se torna mais enriquecida. Assim, a gente garante que toda a construção do cardápio seja pensada na agricultura local, contribuindo para o fortalecimento do agricultor do campo e da questão nutricional”, destacou.

Para Danielle, é importante entender a dinâmica do alimento que é ingerido. “Precisamos compreender os vegetais, não somente as substâncias químicas que existem nele, mas também a dinâmica deles no mundo. Vegetais são fonte da nossa alimentação, mas também são importantes para oxigenação do meio ambiente”, destacou, acrescentando que a agricultura familiar está integrada à agroecologia e aos princípios da justiça alimentar: “Ou seja, a gente tem direito de consumir um alimento sem agrotóxico e saudável”, completou.

Conhecido como Russo, Pereira contou que, algumas vezes, nas feiras orgânicas, os agricultores são questionados pelos consumidores sobre o fato dos produtos orgânicos serem mais caros que os produzidos em grande escala, com o uso de agrotóxicos. E Danielle acrescentou: “As políticas não favorecem a alimentação com produtos orgânicos porque não favorecem esse tipo de cultivo. Para que o valor desses alimentos seja mais acessível para todos, temos que lutar. Lutar para que a população da favela, mais empobrecida, não precise comprar alimentos com agrotóxico porque é mais barato”.

O Agro é pop?

“Eu posso fazer suco de abacaxi com casca? Dependendo do Abacaxi não posso, porque o agrotóxico fica concentrado ali. Quero dar uma notícia muito triste para vocês: quem mexe com comida, mexe com agrotóxico!”, alertouo professor-pesquisador da EPSJV, Alexandre Pessoa.
Segundo Savignon, os agrotóxicos são produtos usados por conta de pestes, na monocultura. “A agroecologia combate as pragas, sem o uso de agrotóxicos, não fazendo monocultura”, explicou.

Após a roda de conversa, os alunos participaram de uma brincadeira com a tabela periódica – eles tinham que verificar na tabela os elementos presentes nos alimentos que são fornecidos pelos agricultores familiares à EPSJV.

Chamada pública

Em agosto, a EPSJV divulgou o resultado da chamada pública visando à aquisição de alimentos de agricultores familiares para novembro de 2018 a novembro de 2019 – os agricultores da Cooperativa de Mulheres Rural Legal, de Nova Friburgo (RJ), e os agricultores do grupo informal, José Antônio Pereira e Cristina dos Santos, entregarão na Escola hortaliças, frutas e tubérculos, dentre outros.

Leia mais

Projeto de sustentabilidade da EPSJV/Fiocruz garante que alimentos servidos aos estudantes venham da agricultura familiar, sem agrotóxicos