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EPSJV forma três turmas de atualização profissional para formadores de cuidadores da pessoa idosa

Essas edições do curso aconteceram em Maceió (AL), Palmas (TO) e São Luís (MA)
Julia Neves - EPSJV/Fiocruz | 23/05/2022 14h13 - Atualizado em 01/07/2022 09h40

A Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) realizou, no dia 18 de maio, a aula aberta “Territórios saudáveis: quem cuida de quem cuida?”, com a participação da médica e educadora popular, Verinha Dantas, e da professora e pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Luana Myrrha. A atividade marcou o encerramento das três turmas descentralizadas do Curso de Atualização Profissional para Formadores de Cuidadores da Pessoa Idosa, que formaram, ao todo, 150 educandos. Essas edições do curso aconteceram em Maceió (AL), Palmas (TO) e São Luís (MA) – neste caso, reunindo educandos de cinco municípios do estado. Anteriormente, nos dias 10 e 11 de maio, a EPSJV promoveu os seminários de apresentação dos trabalhos finais em cada uma dessas cidades. Realizado com o apoio das Secretarias de Estado da Saúde do Maranhão e do Tocantins e das secretarias municipais de saúde de Maceió e de Palmas, o curso é um dos desdobramentos do projeto ”O cuidado de idosos no pós-pandemia: a qualificação como estratégia para reduzir desigualdades”, vinculado ao Edital de Pesquisa Territórios Saudáveis e Sustentáveis, do Programa Inova, da Fiocruz.

Para o professor-pesquisador Daniel Groisman, que coordena o curso em conjunto com o também professor-pesquisador Ronaldo Travassos, essa iniciativa inédita de formação é não só importante, como muito necessária na atual conjuntura. “A gente tem dois fatores, que se combinam: o processo de envelhecimento da população brasileira, e os impactos da pandemia sobre a população idosa e sobre as pessoas cuidadoras. Nesse sentido, o curso visa fomentar soluções de âmbito local voltadas para o apoio às pessoas cuidadoras por meio de ações formativas”, destacou, acrescentando: “Não podemos esquecer que o país está atrasado na adoção de políticas de cuidado para a pessoa idosa e que ações voltadas para a formação, informação e apoio às pessoas cuidadoras são urgentes”.

A diretora da EPSJV/Fiocruz, Anamaria Corbo, destacou que a formação para cuidadores de pessoa idosa acontece desde 2008 na Escola. Entretanto, o ineditismo e importância dessa nova iniciativa está na estruturação da temática do curso para outros estados e territórios. “É importante a gente sempre discutir a formação desses trabalhadores porque a população cada vez vive mais e tem menos filhos, o que tem um impacto enorme para a sociedade e para quem cuida dela”, ressaltou. Acrescentando que o envelhecimento também gera um grande impacto no SUS, já que 70% dos idosos são atendidos por ele: “Ou seja, o SUS precisa ser fortalecido para dar conta das necessidades dessa população, precisamos ter profissionais qualificados para o atendimento”.

Quem cuida de quem cuida?

Para Luana Myrrha, as mudanças populacionais indicam várias necessidades, como investimentos em atividades de prevenção, visando reduzir o tempo vivido com incapacidades na velhice; e no SUS, para que seja capaz de atender à crescente demanda dos idosos. “Congelar gastos em saúde é absurdo, não faz sentido. Como congela gasto com saúde diante de uma população que vivencia o envelhecimento e aumento de longevidade ao mesmo tempo? É clara a necessidade de investimentos em saúde”, lamentou, acrescentando ainda que é preciso investir em acessibilidade, em capacitações de quem cuida, além de reduzir as desigualdades de gênero no trabalho remunerado e não remunerado e incentivar a formalização dos cuidadores remunerados. 

Segundo Verinha Dantas, as pessoas que viveram mais, embora necessitem de âncoras e teias, também são pessoas que têm uma sabedoria ancestral. “São pessoas com um repertório humano de cuidado e saberes e, muitas vezes, esse cuidado que produzimos, seja como trabalhador assalariado ou familiar, nega esse saber do idoso. Vai num sentido do assistencialismo e não promove a corresponsabilização, a autonomia, a visibilidade e o fortalecimento da identidade”, apontou. E concluiu: “É muito importante pensar no ato de cuidar como um ritual acolhedor que vai considerar os repertórios humanos”.

Assista o evento na íntegra.