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EPSJV inicia mais cinco turmas de técnico de vigilância em saúde

Curso, que acontece em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, vai formar trabalhadores já inseridos no sistema. Aula inaugural tratou da integração entre vigilância em saúde e atenção básica.
Cátia Guimarães - EPSJV/Fiocruz | 04/10/2012 08h00 - Atualizado em 01/07/2022 09h47

Teve início no dia 1° de outubro a segunda etapa do curso que está fazendo com que cerca de 300 agentes de endemias do município do Rio de Janeiro se tornem técnicos de vigilância em saúde. No dia 24 de setembro, os 150 alunos que ainda não tinham iniciado a formação participaram da aula inaugural do curso, que é resultado de uma parceria da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) com a Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil do Rio (SMSDC-RJ). Os outros já estão em aula desde o início deste ano. Segundo o coordenador de vigilância ambiental e saúde da SMSDC-RJ, Marcos Vinícius Ferreira — que compôs a mesa de abertura junto com a coordenadora do Laboratório de Educação Profissional em Vigilância em Saúde da EPSJV, Gladys Miashiro, e o diretor da Escola, Mauro Gomes — a perspectiva é que até 2016 todos os profissionais do município que atuem nessa área tenham se tornado técnicos.



Vigilância em Saúde e Atenção Básica



“Quem, entre vocês, já foi conversar com a escola do território onde atua, com a secretaria de obras, com a secretaria de meio ambiente?”. A pergunta foi uma das provocações que o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Carlos Eduardo Aguilera Campos, fez aos agentes durante a aula inaugural, que tratou da integração entre a vigilância em saúde e a atenção básica. “Não somos intersetoriais”, concluiu. Na mesma linha, ele denunciou a separação de atribuições, que divide o que, na realidade do profissional de saúde, deveria ser integrado: “Não sabemos quase nada sobre a dimensão da família: quem cuida disso é a psicologia; também pouco conhecemos sobre a dimensão comunitária: quem estuda a comunidade é o assistente social”, exemplificou, completando que a atenção integral à saúde comporta essas duas dimensões, além da individual e coletiva. Lembrando que os trabalhadores da vigilância não devem se especializar, o palestrante ressaltou a importância de eles se manterem próximos das equipes de saúde da família.



A principal atribuição da vigilância, de acordo com Carlos Eduardo, é observar o cenário. “A urgência, no nosso trabalho, são as pessoas que eu não vi, os lugares que eu ainda não observei, que eu não inspecionei. É diferente da urgência numa UPA, por exemplo”, explicou. Ele contou o caso do PSF do Cantagalo, no Rio de Janeiro, onde os profissionais conseguiram identificar a origem de um problema que começou a se manifestar nos moradores do local, manifestando-se como erupções na pele: a doença era transmitida por bois e vacas. Mas, para descobrir isso, ele destacou, os profissionais de saúde precisaram ir além dos consultórios: tiveram que observar e inspecionar o território.



Curso técnico



Depois da aula inaugural, a professora-pesquisadora da EPSJV, Gracia Gondim apresentou a um histórico e a estrutura do curso. Ela explicou, por exemplo, que foram priorizados nessas dez turmas que agora estão em andamento os alunos que já haviam cursado o Programa de Formação de Agentes Locais em Saúde (Proformar), uma formação inicial também coordenada pela EPSJV cujos ‘créditos’ estão sendo aproveitados agora no curso técnico. As aulas acontecerão em cinco localidades diferentes do município, incluindo a sede da própria Escola. O curso tem 1440 horas (40 semanas de aula), compostas por atividades teórico-práticas — que, além de aulas, incluem visitas técnicas e estudos de caso —, trabalho de campo e estágio. O conteúdo do curso está dividido em quatro unidades de aprendizagem que vão tratar de temas como ‘Território, sujeito e sociedade’, ‘Saúde, Políticas Públicas e o SUS’, ‘Processo de trabalho em Vigilância em Saúde’, incluindo ferramentas, conceitos e métodos, além de abordagens mais específicas de vigilância sanitária, epidemiológica, ambiental e em saúde do trabalhador.



Na mesa de abertura da aula inaugural, a coordenadora do Laboratório de Educação Profissional em Vigilância em Saúde, Gladys Miashiro, explicou que esse curso técnico, que hoje é voltado para trabalhadores, é resultado de uma longa experiência da EPSJV nessa área: começou com o curso de vigilância sanitária e saúde ambiental, que depois foi transformado em vigilância em saúde, mas oferecido, inicialmente, na modalidade integrada ao ensino médio. “Esse trabalho tem sido um desafio para a Escola Politécnica, que tem como sua missão fortalecer o SUS através da formação de seus profissionais”, disse o diretor da EPSJV, Mauro Gomes, sobre a parceria com a prefeitura do Rio.