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Escola Politécnica promove I Encontro Ibero-americano de Educação Baseada em Simulação

Evento teve o apoio da Organização Pan-americana de Saúde e da Secretaria Geral Ibero-americana
Julia Guimarães - EPSJV/Fiocruz | 11/12/2024 16h08 - Atualizado em 11/12/2024 16h18

A Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), que é secretaria-executiva da Rede Internacional de Educação de Técnicos em Saúde (RETS) e da Rede Ibero-americana de Educação de Técnicos em Saúde (RIETS), promoveu, nos dias 27 a 29 de novembro, o I Encontro Ibero-Americano de Educação Baseada em Simulação. O evento proporcionou um encontro imersivo, em um ambiente virtual, de cerca de três mil profissionais da saúde de diferentes níveis de formação e de dez países ibero-amercanos.

O encontro teve o apoio da Secretaria Geral Ibero-americana (Segib) e da Organização Pan-americana da Saúde (Opas/OMS), além da colaborações da Rede Nacional de Simulação Clínica da Argentina (ReNaSic), da Federação Latino Americana de Simulação Clínica e Segurança do Paciente (Flasic),  Sociedade Chilena de Simulação Clínica e Segurança do Paciente (Sochisim), Sociedade Espanhola de Simulação e Segurança do Paciente (Sessep), a Sociedade Portuguesa de Simulação Aplicada à Saúde (SPSim), Serviço Nacional de Aprendizagem da Colômbia (Sena), Escola Nacional de Saúde da Bolívia (ENS) e Universidade da República do Uruguai (Udelar).

Participaram da mesa de abertura, Anamaria Corbo, diretora da EPSJV; Gabriel Muntaabski, coordenador nacional do Programa Nacional de Formação de Enfermagem (Pronafe) da Argentina   ; Julián Yunez, representante de redes da Secretaria Geral Ibero Americana (Segib); Yohana Díaz de Valle, assessora de Governança e Gestão de Recursos Humanos para Saúde   da Organização Pan-americana de Saúde (Opas/OMS); Érika Almeida, coordenadora geral de Ações Estratégicas de Educação em Saúde do Ministério da Saúde do Brasil.

Yohana Díaz falou sobre a importância da simulação. “Vivemos uma época de avanços tecnológicos muito rápidos e mudanças constantes no campo da saúde. Como educadores e profissionais, gestores de saúde e tomadores de decisões, temos a responsabilidade de preparar nossos técnicos de saúde nos diferentes níveis, não somente para o presente, mas também para o futuro, que está evoluindo em ritmo vertiginoso. Desa forma, a simulação é uma ferramenta indispensável para esse esforço por seus diferentes benefícios e oportunidades”, ressaltou.

A diretora da EPSJV também destacou sobre a integração da simulação na formação dos profissionais de saúde. “Esse encontro se constitui como um espaço que reúne especialistas, estudantes, docentes, gestores e técnicos de diferentes áreas da saúde para aprender e discutir sobre a simulação com a intenção de incorporar a simulação, seja na formação inicial dos trabalhadores técnicos, seja na educação permanente”, afirmou Anamaria.

Durante os três dias de evento, foram realizadas diversas palestras sobre temas relacionados ao uso da simulação na formação de técnicos com especialistas de todos os países participantes. Também foram apresentadas as experiências dos países com o uso da simulação na educação profissional.

Formação de técnicos

No dia 28 de novembro, Anamaria Corbo, apresentou a palestra “Fortalecendo a formação dos técnicos em saúde: a Rede Internacional de Educação de Técnicos em Saúde (RETS)”. A diretora destacou a precarização das condições de trabalho dos profissionais técnicos da saúde. “Muitas pesquisas do nosso país e de outros mostram que esses trabalhadores são os que possuem os vínculos mais precários, então como dar visibilidade a essa situação fazendo a relação do impacto disso na atenção da saúde em cada um dos espaços em que eles estão trabalhando?”.

Sobre a formação desses profissionais, Anamaria destacou que, no Brasil, a maioria dos trabalhadores da saúde de nível médio, os técnicos, são formados por instituições privadas. “E a maioria das instituições que contratam esses trabalhadores são do setor público. Isso gera uma contradição porque, muitas vezes, conteúdos que são muito importantes para quem atua no setor público não são trabalhados da mesma forma quando essa formação é realizada pelo setor privado”, observou a diretora da EPSJV.

Técnicos em Saúde

No dia 29 de novembro, a mesa “Quem são os Técnicos em Saúde?” reuniu as professoras-pesquisadoras da EPSJV, Márcia Valéria Morosini e Isabella Koster. Márcia Valéria fez um breve histórico do Observatório dos Técnicos em Saúde (OTS), criado em 2000 pela EPSJV e que integra a Rede Observatório de Recursos Humanos em Saúde (ObservaRH), instituída pelo Ministério da Saúde, em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).“Temos o compromisso ético-político de fomentar pesquisas e estudos que ampliem a visibilidade dos trabalhadores técnicos. E por que é relevante falar em visibilidade desses trabalhadores? Porque a divisão do social do trabalho em saúde reproduz a divisão social do trabalho em uma sociedade capitalista de um modo geral. E esses trabalhadores, se inserem de modo subalternizado estando fortemente invisibilizados nas equipes, nas instituições e nas próprias políticas públicas”, ressaltou a pesquisadora. 

Isabella apresentou a pesquisa “Mapeamentos das(os) trabalhadoras(es) técnicas(os) que atuam na Atenção Primária à Saúde em países da América Latina” e destacou que a complexidade do campo de formação de trabalhadores técnicos em saúde ainda não possibilita análises quantos às atribuições e práticas desses profissionais. “A própria diversidade já nos provoca a entender que nomenclaturas e perfis parecidos nem sempre realizam as mesmas práticas e atribuições”, observou ela, destacando também as consequências dessa diversidade. “Por conta dessa variabilidade, encontramos composições de equipe que são muito diversas, inclusive, identificamos a variação dos tipos de vínculos que são encontrados no trabalho e a questão da territorialização”.

Evento imersivo

I Encontro Ibero-Americano de Educação Baseada em Simulação aconteceu de forma on-line com lives no Youtube e em um ambiente imersivo por meio do metaverso. “Foi um evento voltado para o fortalecimento das instituições públicas, ou seja, para o fortalecimento dos sistemas nacionais de saúde de todos os países. Isso também tem uma importância central. Não foi um evento voltado à difusão de tecnologias ou a ambientes de mercado” destacou Carlos Batistella, coordenador de Cooperação Internacional da EPSJV.

“Esse tipo de evento é fundamental não só para o aprendizado e aprofundamento na temática da educação baseada em simulação, mas, principalmente, para conectar pessoas e profissionais, para que possamos compartilhar experiências, acertos, erros e fortalecer a comunidade que trabalha com a educação baseada em simulação”, reforçou Karen Estevam, criadora do ATO Simulação Clínica, empresa brasileira que faz a formação de atores que atuam como "pacientes" no ensino em saúde com o uso da simulação clínica.

Carlos Einisman, presidente da Associação Argentina de Técnicos em Medicina Nuclear destacou a relevância do evento internacional para a formação de técnicos em saúde. “Embora seja muito cedo para avaliar o impacto específico desse evento, estamos sempre dispostos a participar nas atividades da RETS. Acredito que esse encontro inovador sobre simulação clínica promoverá a integração dessas ferramentas tecnológicas na formação profissional”, disse ele.