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Escola Politécnica promove Oficina do AgPopSUS

Realizado em parceria com as secretarias de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES) e de Atenção Primária à Saúde (Saps), do Ministério da Saúde, programa é voltado para formação de Agentes Educadores Populares de Saúde na Amazônia Legal e Pantanal Sul Mato Grossense
Erika Farias, Larissa Guedes e Julia Neves - EPSJV/Fiocruz | 22/08/2024 09h47 - Atualizado em 01/11/2024 15h59

A Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) promoveu, nos dias 13,14 e 15 de agosto, uma Oficina Político-Pedagógica do Programa de Formação de Agentes Educadoras e Educadores Populares de Saúde na Amazônia Legal e Pantanal Sul Mato Grossense (AgPopSUS).

O projeto, desenvolvido a partir de uma parceria da EPSJV com as secretarias de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES) e de Atenção Primária à Saúde (Saps), do Ministério da Saúde, tem por objetivo formar 150 educadores e três mil agentes de educação popular em saúde para o desenvolvimento de ações de educação e vigilância popular em saúde para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), articulando o território através das práticas de Educação Popular junto à Atenção em Saúde. Ao todo, participam 53 movimentos sociais populares que atuam na região da Amazônia Legal e Pantanal Sul-Mato-Grossense, que trabalham com as populações do campo, da floresta e das águas.

No primeiro dia do evento, a diretora da Escola Politécnica, Anamaria Corbo, apresentou o AgPopSUS. “O que trabalhamos nesse projeto é a Vigilância Popular. Ela parte do conhecimento dos territórios, dos sofrimentos que esses territórios vivenciam a partir da crise estrutural do capitalismo, da relação com o agronegócio, da poluição e dos desastres ambientais. Isso traz uma dimensão fundamental da vivência desses territórios, que vão condicionar a forma como essa população vivencia a saúde”, ressaltou, apontando a necessidade de se pensar em políticas públicas: “Se não pensarmos em políticas específicas a partir dessa realidade territorial, não mudaremos o que determina a qualidade de vida desses territórios. Estamos falando de atenção à saúde, mas não podemos lutar só por isso. O que determina a saúde das populações é acesso à terra, à renda, ao trabalho, à cultura, ao lazer. Trabalhamos em distintas determinações que vão afetar a saúde. Essa troca é essencial”, completou Anamaria.

Lilian Gonçalves, coordenadora de Acesso e Equidade (CAEQ) da Saps, destacou que o AgPopSUS pretende olhar para as especificidades do território Amazônico, a partir da diversidade das suas populações. “E, por isso, é tão importante que tenhamos metade de movimentos nacionais e a outra metade locais nesse projeto. Isso é essencial para fortalecermos as nossas lutas. Queremos olhar para os territórios com os olhares de vocês”, afirmou.

Em seguida, os professores-pesquisadores da EPSJV, Edilene Pereira e Felipe Bagatoli, apresentaram os critérios para a definição do quantitativo de turmas por Movimento Social e uma proposta de organização operativa, que tem o objetivo de organizar a estrutura acadêmico-pedagógica nos estados e regiões onde ocorrerão as turmas.

Processos formativos

O segundo dia da oficina foi voltado para os temas pedagógicos. Na parte da manhã, Edilene e Felipe apresentaram a proposta de formação dos Agentes de Educação Popular, além da formação das Educadoras e Educadores Populares de Saúde. Em seguida, o também professor-pesquisador da Escola, Maurício Monken, falou sobre a importância da territorialização de informações sobre as condições de vida e situação de saúde.

Durante a tarde, os participantes foram divididos em grupos para debater sobre os processos formativos propostos. Nessa etapa, foram destacados pontos a serem levados em consideração na construção das turmas, como questões de gênero e saúde da mulher, democracia social, além de características necessárias ao perfil dos educandos, como flexibilidade, empatia e sensibilidade. Outros aspectos como a prestação de contas e a clareza das despesas, além do número de horas e formato da qualificação também foram abordados.

Felipe reforçou ainda a importância desse processo. “A ideia era mesmo que vocês trouxessem questões que nós poderíamos não estar vendo sobre a realidade de vocês. Estamos falando de 181 realidades e desafios diferentes”, afirmou o professor-pesquisador, se referindo às 181 turmas que serão formadas.

Encaminhamentos

O terceiro dia do evento começou com a apresentação do material didático específico para a formação. Os professores-pesquisadores da Escola apresentaram uma proposta e solicitaram aos participantes que colaborassem com sugestões e adaptações ao texto, de forma que o material esteja de acordo com as necessidades e especificidades de cada território e suas respectivas populações.

Em seguida, Anamaria apresentou os aspectos organizativos do programa e da constituição das Coordenações Político-Pedagógicas (CPPs). Ela explicou a metodologia de distribuição das turmas; os critérios que definem a quantidade de educadores e de turmas em cada estado, de acordo com as possibilidades de organização de cada uma delas; a carga horária dos educadores e outros critérios administrativos que envolvem a governança do Programa.

Na parte da tarde, os participantes puderam conhecer um pouco mais da história da Escola Politécnica e de seu patrono, Joaquim Venâncio, a partir da apresentação da professora-pesquisadora da EPSJV, Renata Reis. Além de ressaltar a importância dos trabalhadores técnicos para a ciência e saúde públicas no Brasil, Renata ainda contou como a Escola teve a iniciativa de homenagear esses trabalhadores com a pintura de dois murais no prédio da unidade que retratam Joaquim Venâncio e outros técnicos negros atuantes nos primeiros anos da Fundação. Os participantes da oficina fizeram uma visita aos murais, pintados pelo Projeto Negro Muro, para registrar e conhecer mais sobre a história da Fiocruz.

Após a visita, a oficina seguiu para os encaminhamentos finais. Foram debatidos pontos como a definição do cronograma das propostas das turmas para o início de cada uma delas; o agendamento das reuniões das CPPs; além da apresentação de demais informes. Como encerramento, todos os presentes fizeram uma avaliação conjunta dos três dias de oficina.

*A oficina AgPopSUS foi realizada como uma atividade de greve da Fiocruz, entendendo mais uma vez a importância desta instituição para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde nas mais variadas esferas, entre elas a Atenção Primária à Saúde, uma área estratégica caracterizada por uma série de ações, tanto no âmbito individual, quanto no coletivo, sempre tendo em mente a valorização do território.

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