O jogo “Ciclo do Poder”, desenvolvido por pesquisadoras da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), em parceria com o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), conquistou três prêmios no XXXIII Simpósio Brasileiro de Jogos e Entretenimento Digital - SBGames, realizado de 30 de setembro a 3 de outubro, em Manaus (AM). Organizado pela Sociedade Brasileira de Computação, o SBGames é o maior evento acadêmico da América Latina na área de jogos e entretenimento digital e tem a participação de pesquisadores, estudantes e empresários.
“Ciclo do Poder” conquistou o 1º lugar no Festival de Jogos, na categoria Melhor Boardgame; 1º lugar no Festival de Jogos, na categoria Melhor Visual de Boardgames; e 2º lugar no Festival de Artes, na categoria Melhor Arte para Boardgames.
A ideia do jogo surgiu a partir da dúvida das amigas da filha da pesquisadora do IOC, Rafaela Bruno, sobre o ciclo menstrual. Além de Rafaela, a equipe de desenvolvimento do jogo de tabuleiro é formada por Cynthia Dias e Flávia Carvalho, da EPSJV; Renata Maia e Tânia Zaverucha, do IOC/Fiocruz; e Carolina Spiegel, da Universidade Federal Fluminense (UFF).
O nome, “Ciclo do Poder” é inspirado no nome da ONG “Ciclo de Amor”, da cidade do Rio de Janeiro (RJ), da qual alguns alunos da EPSJV participam e que faz oficinas em escolas para falar do ciclo menstrual para crianças e adolescentes. Cynthia conta que, antes de iniciar o desenvolvimento do jogo, a equipe fez contato com a ONG e acompanhou uma das oficinas que elas fizeram.
“Ciclo do Poder” é um jogo de tabuleiro que tem como objetivo ajudar Cris em sua primeira menstruação. O tabuleiro simula um ciclo menstrual de 28 dias e, de forma colaborativa em conjunto com o mediador, os jogadores devem decidir em consenso quais medidas devem ser tomadas para ajudar Cris. O jogo tem como público-alvo crianças e adolescentes de 10 a 15 anos.
Cynthia destaca que uma das principais funções do jogo é abordar as questões sociais relacionadas ao ciclo menstrual, além das questões biológicas. “Optamos por trabalhar dessa forma porque todas as políticas que discutem essa questão precisam ser trabalhadas de forma inclusiva. Então, pessoas não binárias, homens trans, podem menstruar, são pessoas que menstruam. Então, escolhemos o nome Cris, que é um nome neutro”, explica ela. Flávia Carvalho acrescenta: “Nosso objetivo é não ficar se preocupando só com biologia, com hormônio e tratar da questão da solidariedade, não só entre mulheres, pois, não necessariamente, apenas mulheres menstruam”.
A identidade visual do jogo foi desenvolvida por Flávia, que teve como inspiração a boneca Barbie e os estudos biológicos realizados para construir o “Ciclo do Poder”. “Fui tentando trabalhar para ajustar mais o visual com as mecânicas de jogo e fazer alguns ajustes finos. E me inspirei muito, justamente no material que as pessoas já tinham pesquisado. Então, a maior inspiração foi a Barbie mesmo, que o universo da Barbie também trabalha com diversidade e buscamos ampliar a diversidade”.
Mais prêmios
Além do “Ciclo do Poder”, três artigos de pesquisadores da EPSJV foram premiados no SB Games. Na categoria Melhores Artigos Curtos da Trilha de Saúde, ficou em primeiro lugar o artigo “Odara: um jogo de tabuleiro sobre atenção à saúde da população LGBTQIAPN+”, de Suiane Ferreira, Carolina Garcia (UNEB), Cynthia Dias (EPSJV/Fiocruz), Larissa Suzart, Atila Rafael dos Santos Silva, Juliana de Oliveira, Larissa Santos Oliveira (EPSJV/Fiocruz), estudantes de enfermagem da UNEB.
Na categoria Melhores Artigos Completos da Trilha de Cultura, ficaram em terceiro lugar os artigos "Gamificação: o uso do conceito nos anais do SBGames entre 2010 e 2023", de Marcelo Vasconcellos (CDTS/Fiocruz), Flávia Carvalho, Cynthia Dias (EPSJV/Fiocruz) e Claudio Rodrigues (CDTS/Fiocruz); e "Pensamento anticiência na plataforma Twitch: análise de comentários segundo o Discurso do Sujeito Coletivo", de Danilo Henrique do Nascimento Aguiar (PPGDC/COC) e Flávia Carvalho (EPSJV/Fiocruz), que também ganhou o prêmio de revisora destaque na Trilha de Saúde