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Jogo produzido pela EPSJV recebe prêmio no SBGames

‘Semeando o Cuidado’ tem o objetivo disseminar a importância dos saberes populares sobre plantas medicinais
Julia Neves - EPSJV/Fiocruz | 27/10/2021 11h48 - Atualizado em 01/07/2022 09h41

O jogo ‘Semeando o Cuidado’desenvolvido pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), recebeu, no dia 20 de outubro, o prêmio de “Melhor Serious Game” no Festival de Jogos do Simpósio Brasileiro de Jogos e Entretenimento Digital (SBGames). Coordenado pela professora-pesquisadora Cynthia Dias, o jogo foi desenvolvido com os integrantes do projeto ‘Educação Popular: semeando o cuidado e fortalecendo o direito à saúde’: as professoras-pesquisadoras da EPSJV, Camila Borges, Grasiele Nespoli e Simone Ribeiro, e os bolsistas Daiana Crús e João Vinícius Dias, além dos colaboradores, especialistas em plantas, Andrea Gomes, da Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro; Maria Behrens e Paulo Leda, do Instituto de Tecnologia em Fármacos(Farmanguinhos/Fiocruz); e Leila Mattos, agrônoma da Fiocruz. O jogo está disponível para download gratuito no Portal EPSJV.

Segundo Cynthia, a intenção do jogo de tabuleiro é disseminar a importância dos saberes populares sobre plantas medicinais. Nele, os jogadores interpretam agentes de saúde e precisam dialogar com a população para resgatar e sistematizar saberes sobre plantas medicinais dentro do limite de rodadas. “O jogo é cooperativo e estimula valores e princípios da Educação Popular, como diálogo e amorosidade, além de trazer informações sobre usos de 16 plantas, validados pela experiência popular. É muito bom, como uma instituição pública de ensino e pesquisa, termos esse reconhecimento. Esperamos espalhar a mensagem do jogo por muitos lugares”, ressalta Cynthia.

A professora-pesquisadora conta ainda que os jogadores devem buscar conhecer demandas de saúde do território, indicações de plantas para cada demanda e receitas de preparo e uso. “Além disso, eles precisam cultivar e coletar plantas para o preparo de remédios caseiros, enfrentando bloqueios ao diálogo e eventos desafiadores”, afirma.

Grasiele Nespoli explica que o jogo nasce integrado à proposta do curso Educação Popular e Plantas Medicinais na Atenção Básica, que também conta com um livro didático. O jogo foi distribuído para educandos de três turmas do curso de Formação Pedagógica em Educação Popular e Plantas Medicinais na Atenção Básica, que são trabalhadores de saúde de municípios do Estado do Rio de Janeiro. O curso objetiva formar educadores(as) populares para o desenvolvimento de ações que envolvam a valorização, o reconhecimento e a integração dos saberes populares de cultivo, coleta, preparo e uso de plantas medicinais no cuidado à saúde.

Estratégia educativa

De acordo com Grasiele, a iniciativa veio somar e diversificar as estratégias e linguagens educativas, reforçando o valor dos saberes populares, da participação colaborativa, do diálogo e da problematização da realidade. “O interessante é que a dinâmica colaborativa envolve a troca dos saberes investigados, diálogos sobre os processos de trabalho, as dificuldades existentes nas comunidades e serviços de saúde, os desafios de promover saúde e fortalecer a agroecologia nos territórios”, aponta. Como estratégia educativa, a professora-pesquisadora acredita que o jogo amplia os horizontes, pode ser usado de forma autônoma em diferentes frentes, como oficinas, escolas de educação básica, escolas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), escolas técnicas de saúde e agronomia e grupos comunitários e de promoção da saúde, provocando reflexões e desejo para ampliar os conhecimentos e práticas que envolvem as plantas no cuidado de si, da comunidade e do mundo.

Ainda que as informações apresentadas se baseiem em saberes tradicionais e pesquisas científicas, Cynthia explicou que o jogo não desconsidera a necessidade de assistência médica, conforme orientação presente em seu Livreto de Regras. "Também não busca somente transmitir ou avaliar conhecimentos, mas apresentar e reforçar princípios, conceitos e ações que orientam o trabalho de agentes de saúde na investigação e integração de saberes tradicionais de plantas medicinais no cuidado à saúde, por meio das regras e mecânicas que simulam elementos do trabalho desses agentes”, ressalta.

Por fim, Simone Ribeiro destaca a sinergia entre o jogar e o cuidar. Na visão dela, o cuidado é uma prática que vai além do combate às enfermidades, “é essencial à vida, ao desenvolvimento e ao bem-estar”. “Entendendo que o brincar é inerente ao cuidado por ser uma dimensão intrínseca à vida, incentivar as atividades lúdicas e o jogo na formação em saúde é uma forma de desenvolver práticas de cuidado”, definiu. E finaliza: “A cooperação, expressa tanto no processo participativo de desenvolvimento quanto na proposta do jogo, carrega sentidos do "cuidado" para todas as "camadas" deste jogo aplicado em saúde”.