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Olhares sobre a Pesquisa na EPSJV

Escola Politécnica promove seminário para refletir sobre o panorama dos projetos em andamento, a investigação científica e a produção discente, além dos próximos desafios
Julia Neves - EPSJV/Fiocruz | 18/04/2022 11h41 - Atualizado em 01/07/2022 09h40

A Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) realizou, nos dias 11 a 13 de abril, o seminário ‘Olhares sobre a Pesquisa na EPSJV’. No encontro, realizado no formato híbrido, foi apresentado um panorama dos projetos que estão em andamento, como é feita a investigação científica e a produção discente, além dos horizontes da pesquisa na Escola. “O seminário tem a intenção de fazer com que a gente reflita sobre a pesquisa nos vários âmbitos, setores e comissões que apoiam e discutem o tema na Escola. Dentro dessa perspectiva, é interessante parar e pensar sobre o que produzimos de conhecimento no ensino médio, na iniciação científica, na pós-graduação e nos setores e laboratórios para pensarmos nos novos rumos dessa instituição”, destacou Anamaria Corbo, diretora da Escola Politécnica.

A vice-diretora de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico, Monica Vieira, afirmou que, apesar do contexto de recursos escassos e demandas sociais complexas para o campo do trabalho, educação e saúde, houve uma ampliação da pesquisa na Escola. “Em meio a pandemia que nos chacoalha, priorizamos o que importa, construindo uma agenda de laços e compartilhamentos por meio de um programa de trabalho. Nesse processo, vamos percebendo que a gestão do conhecimento pode estruturar um fluxo que acompanha desde o apoio à produção do conhecimento, as ênfases e vazios, até as iniciativas de comunicação dos achados, de incorporação dos resultados e a difusão para a sociedade em geral”, apontou. 

Em seguida, Monica apresentou o Portfólio de Pesquisa online, que reúne informações sobre os estudos dos mais variados temas de professores-pesquisadores da Escola Politécnica, vinculando ao resumo dos projetos, seus produtos e suas redes sociais para dar potência ao circuito do conhecimento produzido.

Depois do momento de falas iniciais, houve o lançamento do vídeo da pesquisa “Monitoramento da saúde, acesso à EPIs de técnicos de enfermagem, agentes de combate às endemias, enfermeiros, médicos e psicólogos, no município do Rio de Janeiro em tempos de Covid-19", coordenada pelas professoras-pesquisadoras da EPSJV, Mariana Nogueira, Letícia Batista e Regimarina Reis. A síntese apresentada foi retirada do seminário “O trabalho no SUS no Rio de Janeiro em tempos de pandemia”, realizado em dezembro de 2021. Financiada através do edital Encomendas Estratégicas, do Programa da Fiocruz de Fomento à Inovação, o Inova Fiocruz, a pesquisa surgiu da demanda de sindicatos e associações profissionais das categorias profissionais mencionadas, com o objetivo de produzir e ampliar as informações sobre o impacto da pandemia de Covid-19 na saúde desses trabalhadores que estão na linha de frente do combate ao coronavírus e que atuam em serviços públicos de saúde na atenção primária, especificamente na Estratégia Saúde da Família (ESF), na atenção psicossocial, nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) do município do Rio de Janeiro. “O vídeo surge em nossa tentativa de buscar outros formatos, falar com o público em outras linguagens”, ressaltou Regimarina.

O mesmo acredita a professora-pesquisadora Bianca Leandro: “A gente precisa capilarizar o debate e falar com outras linguagens, seja por meio de cards, vídeos ou infográficos”. Bianca apresentou o vídeo da pesquisa coordenada por ela, em conjunto com o também professor-pesquisador José Mauro Pinto, intitulada “Informações e Registros em Saúde para a formação do Agente Comunitário de Saúde: produção de e-book interativo". Vinculado ao edital ‘Produtos Inovadores’, do Programa Inova Fiocruz, o projeto tem o objetivo de potencializar a discussão sobre a temática das informações e registros em saúde no processo de trabalho do ACS. "Avaliamos como pertinente que o ACS seja capaz de construir um diagnóstico informacional relacionado ao seu processo de trabalho, analisar e refletir sobre os dados e informações da situação de saúde de sua microárea e também que seja capaz de manter e consultar os documentos físicos ou digitais que forem produzidos por ele no ambiente da unidade básica de saúde, no território e/ou nas visitas domiciliares", apontou Bianca.

Investigação científica na EPSJV e a produção discente

No segundo dia, o seminário tratou das frentes de produção do conhecimento na Escola Politécnica, no âmbito do Projeto Trabalho Ciência e Cultura (PTCC), do Programa de Vocação Científica (Provoc) e da Pós-graduação

A professora-pesquisadora Flávia Coelho apresentou o PTCC, que é coordenado por ela em conjunto com os também professores-pesquisadores Augusto Ferreira, Fernanda Bottino e Letícia Batista. Segundo Flávia, o PTCC é um componente curricular obrigatório do Ensino Médio Integrado em Saúde da EPSJV - que inclui as habilitações de Biotecnologia, Análises Clínicas e Gerência em Saúde -, cuja principal finalidade é utilizar a pesquisa como princípio educativo. “Esse componente faz uma interrelação entre o ensino e a pesquisa, permitindo que o aluno se aproprie do conhecimento produzido e seja estimulado ao diálogo crítico a partir da busca. O objetivo do PTCC é possibilitar aos estudantes adolescentes essa vivência na iniciação científica”, definiu.

Em seguida, a professora-pesquisadora Cristiane Braga apresentou o Provoc, criado em 1986 e coordenado desde então pela EPSJV. O programa é dividido em duas etapas: ‘Iniciação’ e ‘Avançado’. Na etapa ‘Iniciação’, cuja duração é de 12 meses, os alunos se familiarizam com as principais técnicas e objetos de pesquisa de Ciência e Tecnologia em Saúde. Na etapa ‘Avançado’, com duração de 22 meses, o estudante desenvolve um subprojeto de pesquisa com o seu orientador, passando por todas as etapas de execução de um projeto de pesquisa em Ciência e Tecnologia em Saúde. “Um dos principais objetivos do programa é estimular a aprendizagem dos conhecimentos técnicos e científicos a partir da experimentação de práticas de pesquisa”, destacou Cristiane, que coordena a etapa ‘Avançado’. A ‘Iniciação’ é coordenada pela professora-pesquisadora Telma Frutuoso. Atualmente, o Provoc conta com 15 instituições conveniadas e está em todas as unidades da Fiocruz no Rio de Janeiro. Além disso, ao longo dos anos do programa, 1784 jovens concluíram a etapa ‘Iniciação’, sendo que 690 também fizeram o ‘Avançado’.

Apresentando a Pós-graduação, a professora-pesquisadora Marcela Pronko falou sobre o Mestrado Profissional em Educação Profissional em Saúde. Ela lembrou que, na EPSJV, o programa tem como objetivo formar profissionais da saúde, do trabalho e da educação para produção de conhecimento científico, desenvolvimento de pesquisa e exercício da docência em Educação Profissional em Saúde. “Mediante o aprofundamento das bases teórico-metodológicas das ciências humanas e sociais, que fundamentam o campo interdisciplinar, proporcionando a compreensão de concepções e suas contradições, que orientam historicamente políticas e práticas de formação e de trabalho em educação e em saúde”, acrescentou. Em 15 anos de existência, o programa conta com 234 dissertações.

Política Editorial e Ética em Pesquisa

O Conselho de Política Editorial (CPE) e Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) também foram apresentados. Sobre o CPE, a professora-pesquisadora Ana Lucia Soutto Mayor, que coordena o conselho com Carla Martins, afirmou que ele foi instituído em 2002 e é emoldurado à política da própria EPSJV. “Como princípio, gostaria de destacar o compromisso com o rigor científico da produção editorial, a partir de uma concepção de ciência que dialoga com experiências pedagógicas, organizativas, gestoras e com saberes produzidos na própria academia”, definiu, acrescentando mais um princípio: “Além disso, o caráter público da disseminação do conhecimento produzido por instituições públicas, que impacta nas políticas de ciência aberta com as quais a Fiocruz vem, cada vez mais, se comprometendo”. Carla complementou: “O CPE é fruto de uma construção coletiva e hoje temos uma política editorial afeita a nossa identidade política e técnica enquanto unidade, que permanece em construção".

Sobre o CEP, o pesquisador do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), Márcio Sacramento, que coordena o Comitê, destacou que o CEP atende às demandas de avaliação das propostas não só da EPSJV, mas também da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) e do Icict/Fiocruz. Márcio apresentou ainda uma pesquisa que ele coordena, intitulada “A produção do Conhecimento no Poli: Olhares do Comitê de Ética em Pesquisa - CEP EPSJV”, financiada pelo edital Inova Fiocruz, em que ele apresenta o Monitora FioÉtica, uma tecnologia para gestão de pesquisas que envolvem seres humanos na Fiocruz.

“O Monitora FioÉtica é um protótipo de sistema que reúne dados descritivos consolidados de protocolos de pesquisa, do ano de 2020, capaz de traçar o perfil da pesquisa que envolve seres humanos, na Fiocruz, que estão em curso. O programa reúne sete dos nove CEP da instituição e pretende ser uma ferramenta para a gestão dessas pesquisas”, conta, explicando que o objetivo é ter um sistema que identifica, seleciona, coleta, organiza, sintetiza e disponibiliza para usuários os dados referentes aos protocolos de pesquisa não sigilosos, automaticamente, com métodos conhecidos como web crawler - uma espécie de robô rastreador de dados - capaz de buscar, ler e organizar todos os documentos referentes à pesquisa.

Sobre a EPSJV, em 2020, foram aprovados 16 projetos novos. Os projetos são desenvolvidos em serviços e instituições de saúde, envolvendo mais de 2000 participantes, a maioria sem financiamento.

Horizontes da pesquisa na EPSJV

Para a professora-pesquisadora Grasiele Nespoli, o seminário consolidou um momento iniciado pelos encontros de pesquisa, no sentido de tornar mais visível o que a Escola faz e traçar caminhos que dialogam com as políticas institucionais da Fiocruz, de ciência aberta e difusão científica. "Nesses dias, o debate possibilitou reflexões sobre os desafios da ciência aberta e de caminhos para se analisar e compreender a produção da pesquisa na Escola”, conclui.

Monica completou: “Experimentamos o seminário como espaço de investigação, formação e gestão, atualizando as possibilidades de construção coletiva do campo da Educação Profissional em Saúde. Seguimos atentos ao desafio de construir interação entre pesquisa, ensino e gestão”.