Desde 1996, o professor-pesquisador da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) Alexandre Pessoa encabeça projetos de reconhecimento nacional. Atualmente, ele viaja o Brasil constantemente para debater a necessidade da melhoria dos planos municipais de saneamento básico. Isso pela sua experiência no processo de construção do Plano Nacional de Saneamento Rural (PNSR), do qual o sanitarista participou de todas as etapas de criação. Essa e tantas outras experiências exitosas de reconhecimento nacional levaram o pesquisador a receber o prêmio do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ) de Meio Ambiente 2018, pela sua atuação no empoderamento da população brasileira na busca por melhores condições de vida e pelo direito humano ao saneamento e à saúde ambiental. O prêmio, oferecido anualmente desde 1998, é dedicado a personalidades ou instituições e entidades que tenham se distinguido por suas posições, ações e projetos na luta pela preservação, defesa e conservação na área da Engenharia, da Agronomia, da Geologia, da Geografia e da Meteorologia, preferencialmente em ações no estado do Rio de Janeiro. Esse ano, a cerimônia ocorreu no dia 6 de outubro, no auditório do Crea-RJ.
No discurso realizado durante a premiação, Alexandre fez uma defesa das instituições públicas que, segundo ele, têm sofrido com fortes ameaças de “desgovernos”. “Venho da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), uma instituição pública que resiste, e, exatamente por ela eu aprendi a valorizar o significado da profissão de engenharia. Foi nela que professores me ensinaram a necessidade da superação do tecnicismo, através de visão de tecnologia como uma construção social que é um patrimônio da humanidade e não específico da nossa profissão. O que nos cabe é que a técnica possa estar nas comunidades mais vulnerabilizadas, nas comunidades rurais, nas periferias”, destacou.
O professor-pesquisador se posicionou contra a privatização da saúde, das águas e do saneamento e em defesa da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) como empresa pública: “Nem saúde e nem saneamento são mercadorias, são direitos humanos. Meio ambiente e seres humanos são indissociáveis e qualidade de vida perpassa pela promoção da saúde ambiental e, consequentemente, humana”, disse.
Por fim, Alexandre homenageou sanitaristas in memorian que lhe ensinaram a importância do saneamento para a saúde pública e para o Sistema Único de Saúde (SUS). Dentre eles, o geógrafo ecologista Elmo Amador e o engenheiro sanitarista da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP/Fiocruz) Odir Clécio Roque. O pesquisador ressaltou ainda outros grandes nomes, como o engenheiro sanitarista da ENSP, Szachna Eliaz Cynamon, e Breno Marcondes Silva: “Na concepção do PNSR, é impressionante o quanto Cynamon está na memória viva dos técnicos da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e o quanto ele é citado até hoje pela sua visão pioneira à época e, ao mesmo tempo, atual diante do grande déficit de saneamento que temos nas comunidades do campo, da floresta, das águas e da cidade”. E acrescentou: “Breno é minha maior referência profissional, foi o cara que me fez sair da engenharia mecânica para a sanitária. Ele criou, na década de 1960, o departamento de engenharia sanitária e meio ambiente da Uerj e fez escola, recebendo o 1º prêmio do Crea-Rj”.
Destaques
Alexandre Pessoa Dias é engenheiro civil, com ênfase em Engenharia Sanitária e atualmente é coordenador do Laboratório de Educação Profissional em Vigilância em Saúde (Lvsa) da EPSJV. Foi patrono das duas turmas do Curso Técnico de Vigilância em Saúde (2017-2018) da Escola em parceria com Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS-RJ). Recebeu a Medalha de Mérito Pedro Ernesto, conferida pela resolução n.8011, de 1 de junho de 2012, da Mesa Diretora da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, referente ao estudo de caso dos impactos socioambientais e à saúde gerados pela ThyssenKrupp Companhia Siderúrgica do Atlântico (TKCSA). Também foi premiado no Concurso Prêmio ABES RIO 2005 pela contribuição à Memória do Saneamento no Estado do Rio de Janeiro pelo trabalho técnico ‘O Rio Carioca da Cidade do Rio de Janeiro, Brasil: Da sua história o que preservar?’.
Além disso, Alexandre é professor de disciplinas em Vigilância em Saúde Ambiental nas turmas do Curso Técnico de Vigilância em Saúde da EPSJV, coordena e ministra aulas no Curso de Especialização em Educação e Agroecologia pelo Programa de Pós-graduação em Educação Profissional em Saúde da EPSJV com Escola Popular de Agroecologia e Agrofloresta Egidio Brunetto, na Bahia. É coordenador e professor do Curso de Desenvolvimento Profissional em Vigilância Popular em Saúde Ambiental e Manejo das Águas com o projeto Territórios Saudáveis e Sustentáveis da Região do Semiárido do Brasil, por meio do convênio da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e Fiocruz. Coordena também o projeto ‘Educação popular em saúde ambiental’ em comunidades do município de Cachoeiras de Macacu, no Rio de Janeiro. Ministra disciplinas como professor convidado no Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Medicina Tropical e Biodiversidade e Saúde do IOC. Também é professor no Curso Saúde Comunitária: uma construção de todos, nas edições de 2010 a 2018, promovido pelo Instituto Oswaldo Fiocruz (IOC/Fiocruz), com a ‘Os caminhos das águas e da saúde ambiental’.
Pessoa é integrante do projeto ‘Pesquisa Científica e Tecnológica para Inovação em Educação e Comunicação para a Prevenção da Zika e Doenças Correlatas nos Territórios’ da Fiocruz e do projeto de pesquisa ‘Crise Socioambiental, Ecologia de Saberes e Linguagens para a Promoção Emancipatória da Saúde nas cidades, campos e florestas’ do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). Compõe a equipe do projeto ‘Promoção de Territórios Saudáveis e Sustentáveis no Semiárido Piauiense: Saúde, Saneamento, Trabalho e Saúde’, desde maio de 2018.
Entre os cursos de educação do campo que participou, destaca-se a coordenação do projeto do Curso Técnico em Meio Ambiente, desenvolvimento pela EPSJV/Fiocruz, em 2012/2013, em assentamentos de Reforma Agrária. O curso aconteceu em duas turmas simultâneas, em parceria com a Universidade Federal do Ceará, a Universidade Federal da Fronteira Sul e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.
Alexandre participa também do projeto ‘Territórios saudáveis e sustentáveis’, feito pela Fiocruz Brasília, no qual é discutida a questão qualitativa e quantitativa das águas do semiárido brasileiro. Também coordena, desde 2017, a ‘Feira de Agroecologia Josué de Castro – Sabores e saberes’, realizada quinzenalmente no campus Fiocruz. “Minha atuação é constante, seja na formulação de cursos, em tecnologias sociais ou inovações tecnológicas ligadas a essas águas”, afirmou Alexandre.
Comentários
Parabéns ao Alexandre "cabelo