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Programa de Vocação Científica da Fiocruz comemora 25 anos

Quase dois mil estudantes já fizeram parte do Provoc, que estimula a iniciação científica entre os jovens
Talita Rodrigues - EPSJV/Fiocruz | 12/08/2011 08h00 - Atualizado em 01/07/2022 09h47


Responsável pela iniciação científica de muitos jovens, o Programa de Vocação Científica (Provoc) da Fundação Oswaldo Cruz completa 25 anos em 2011. Coordenado pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV), o Provoc surgiu pouco depois da criação da EPSJV, em 1985. A ideia de estimular os jovens a desenvolver a pesquisa e a vocação científica estava alinhada com a proposta pedagógica da escola de fazer da pesquisa um princípio educativo.



Após 25 anos, quase dois mil estudantes de Ensino Médio já passaram pelo Provoc e muitos deles seguiram carreira na área de ciência, saúde e tecnologia. É o caso, por exemplo, do pesquisador da Fiocruz, Marcelo Pelajo, que começou a participar do programa aos 15 anos, em 1988, quando cursava o Ensino Médio no Cap-Uerj, uma das instituições parceiras do programa. A entrada no Provoc foi motivada por uma visita à Fiocruz e também pela dúvida na escolha profissional - entre Medicina e Engenharia. “Para mim, era clara a ideia de que a medicina não era só lidar com pessoas, mas também que o desenvolvimento científico era fundamental por trás da carreira médica. E visitar a Fiocruz foi uma oportunidade de conhecer a questão do desenvolvimento científico por trás da carreira biomédica”, conta Marcelo.



Uma vez no Provoc, Marcelo foi encaminhado para o Laboratório de Patologia do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), unidade da Fiocruz, sob a orientação da pesquisadora Jane Lenzi. Desde então, esse espaço passou a fazer parte de sua vida: atualmente, Marcelo é chefe do Laboratório. “Durante o Provoc, decidi que o que eu queria profissionalmente era seguir na carreira biomédica e fazer Medicina”, lembra.



Após ingressar na universidade, Marcelo continuou no Laboratório do IOC, agora como bolsista de iniciação científica. Com a graduação concluída, surgiu um dilema - fazer residência médica e seguir na área clínica ou fazer uma pós-graduação e permanecer na área de pesquisa. “Decidi continuar na Fiocruz, fiz doutorado no IOC e depois pós-doutorado na Alemanha”, conta o pesquisador, que desde 2002 é servidor da Fiocruz e, há alguns anos, passou a fazer parte da equipe de orientadores do Provoc.



A participação no Provoc também influenciou na escolha profissional da médica oftalmologista Risla de Oliveira Gomes. Impulsionada pelo interesse em fazer pesquisas na área biomédica, Risla entrou no Provoc em 1986, quando era aluna do Cap-Uerj. Na Fiocruz, Risla atuou no Laboratório de Protozoologia, também no IOC. “Lembro bem que aprendi a usar os equipamentos do laboratório e me apaixonei pelas pipetas. Foi uma experiência muito enriquecedora e que me abriu uma porta para novos conhecimentos”, conta Risla, que, assim como Marcelo, também cursou Medicina. “Ao concluir o curso, fiquei em dúvida entre Saúde Pública e Oftalmologia e acabei optando pela segunda alternativa. Fiz a pós-graduação e agora penso em fazer o mestrado”, diz a médica.



Vivência em pesquisa



O Provoc proporciona aos alunos do Ensino Médio a vivência no ambiente de pesquisa. Atualmente, participam do Programa alunos de escolas públicas e privadas da cidade do Rio de Janeiro, incluindo as unidades do Colégio Pedro II, os colégios de aplicação da Uerj e UFRJ, Colégio São Vicente de Paulo, Instituto Metodista Bennett e Centro Educacional Anísio Teixeira (CEAT). “A proposta do Provoc é importante para que os jovens conheçam a carreira científica, tirando a mistificação da carreira de pesquisador. Quem tem interesse nessa carreira, tem que conhecer a profissão por dentro, até para decidir se é isso mesmo que quer seguir ou não”, observa Marcelo, acrescentando que mesmo os jovens que não optam pela carreira científica têm um enriquecimento muito grande quando passam pelo Provoc. “O modo de construir conhecimento que eles aprendem no Provoc e a disciplina do método científico são uma grande contribuição para quando esses jovens fizerem a graduação”, completa.



Para atender também aos jovens das comunidades do entorno da Fiocruz, desde 1999, moradores do Complexo da Maré são selecionados pelo Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré (Ceasm) e pela Rede de Desenvolvimento da Maré (Redes) para participar do projeto. Os moradores de Manguinhos foram contemplados a partir de 2004 com o Provoc-Dlis (Desenvolvimento local, integrado e sustentável) e, desde 2008, com o Provoc-Somar (Comissão de Responsabilidade Socioambiental de Bio-Manguinhos).



A cada ano, cerca de 100 novos alunos de Ensino Médio entram no Provoc. Após a seleção dos candidatos, eles são encaminhados para unidades da Fiocruz de acordo com a área de interesse indicada pelo estudante. No primeiro ano, participam da Etapa Iniciação, durante a qual acompanham o trabalho do seu orientador, vivenciam a prática de uma pesquisa e aprendendo sobre o método científico.



A partir do segundo ano, os alunos participam da Etapa Avançado, que tem a duração de quase dois anos. Nesta fase, elaboram um plano de trabalho para aprofundar uma questão ou aspecto da pesquisa e, a partir daí, produzem um relatório de pesquisa que é apresentado ao final do terceiro ano. Nessa fase, os estudantes também aprendem como é o trabalho de produzir um texto científico, participam de eventos científicos e apresentam seu trabalho na Semana de Vocação Científica do Provoc, que acontece anualmente. “Desde o início, o Provoc se preocupou em incentivar os alunos do Ensino Médio a conhecerem um pouco mais o que é a Ciência. É importante destacar que a participação do alunos em atividades de Iniciação Científica contribui para que eles façam uma escolha profissional um pouco mais consciente. E mesmo os que não seguem a carreira científica puderam conhecer um pouco mais a pesquisa em Saúde Pública, especialmente na Fiocruz, onde valorizamos muito a capacidade de reflexão e autonomia do aluno em relação ao processo de produção do conhecimento”, diz Cristina Araripe, coordenadora do Provoc e professora-pesquisadora da EPSJV.



A partir de 1996, houve uma descentralização e ampliação do Provoc para outras áreas do conhecimento. Desde então, o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), o Centro Técnico Científico (CTC) da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e o Centro de Pesquisas Leopoldo Miguez de Mello (Cenpes), da Petrobras, também oferecem o Provoc em suas unidades. Na Fiocruz, além do campus Manguinhos, no Rio de Janeiro (RJ), o Provoc também é realizado no Centro de Pesquisa Gonçalo Moniz (CPqGM), em Salvador (BA); no Centro de Pesquisa René Rachou (CPqRR), em Belo Horizonte (MG); e no Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães (CPqAM), em Recife (PE).



Seleção



Para participar do Provoc, os jovens devem estar cursando o primeiro ano do Ensino Médio em uma das escolas conveniadas. As inscrições são feitas diretamente nas instituições, uma vez por ano. Mais informações sobre o Provoc podem ser obtidas no site da EPSJV ou pelo e-mail provoc@fiocruz.br.



Comemoração



A comemoração dos 25 anos do Provoc será realizada no dia 19 de agosto, data em que também se comemora os 26 anos da EPSJV. Às 14 horas, acontece a conferência ‘O estado da arte das pesquisas sobre juventude e os desafios para o Ensino Médio’, com Paulo Carrano, professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense (UFF). Após a palestra, será lançado o Observatório Ciência, Tecnologia e Juventude. Para encerrar o evento, acontece o brinde de aniversário do Provoc e da EPSJV.



Lançamentos



Durante as comemorações, haverá ainda o lançamento do livro 'Para além da comunidade: trabalho e qualificação dos agentes comunitários de saúde', organizado por Monica Vieira, Anna Violeta Durão e Márcia Raposo Lopes; e o relançamento de ‘Juventude e Iniciação Científica: políticas públicas para o Ensino Médio’, organizado por Cristina Araripe Ferreira, Simone Ouvinha Peres, Cristiane Nogueira Braga e Maria Lúcia de Macedo Cardoso.