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Projeto da EPSJV é aprovado em edital de Saúde Indígena do Inova Fiocruz

A ideia é elaborar um protocolo clínico para diagnóstico e acompanhamento de indivíduos contaminados por mercúrio e oferecer formação para profissionais dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas do Rio-Tapajós e Yanomami
Redação EPSJV - EPSJV/Fiocruz | 03/08/2022 11h04 - Atualizado em 03/08/2022 12h30

O projeto “Impacto do mercúrio em áreas protegidas e povos da floresta na Amazônia: uma abordagem integrada saúde-ambiente”, da professora-pesquisadora da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), Ana Claudia Vasconcellos, foi aprovado no edital Saúde Indígena - 2ª chamada, do Programa Fiocruz de Fomento à Inovação, o Inova Fiocruz. Um dos objetivos da pesquisa é elaborar um protocolo clínico para diagnóstico e acompanhamento de pessoas contaminadas por mercúrio, que será produzido de forma coletiva e envolverá pesquisadores da área e profissionais da saúde indígena. A ideia seguinte é enviar esse protocolo para a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec).

Segundo Ana Claudia, com a aprovação nesse edital será possível a continuidade do projeto de mesmo nome iniciado em 2020. “Queremos investir ainda mais na comunicação e informação em saúde”, apontou. Nesse sentido, a professora-pesquisadora destacou alguns produtos do projeto, como a produção de canções em parcerias com artistas indígenas, que falem da invasão dos territórios indígenas pelos garimpeiros e sobre os problemas de saúde que essas invasões podem surgir. “Junto com um grupo de mulheres Munduruku, que chama Suraras do Tapajós, vamos promover uma oficina musical para produzir canções, envolvendo artistas indígenas e não-indígenas, na aldeia Sawre Muybu, na região do Médio Rio Tapajós, no Pará”, adiantou, explicando que a ideia é valorizar os conceitos de arte e saúde e mobilizar pessoas para essa causa.

Outro parceiro do projeto é o Coletivo Audiovisual Munduruku, formado por mulheres indígenas, que irá produzir peças audiovisuais, buscando diferentes olhares do povo Munduruku e outros povos indígenas sobre a questão do garimpo e do mercúrio. “Nosso objetivo é enxergar o problema pelo olhar do indígena, trazendo a percepção deles sobre as ameaças que o território tem sofrido com o avanço do garimpo em toda a Amazônia”, acrescentou.

Por fim, também será ofertado um Curso de Atualização Profissional de Vigilância e Monitoramento de Populações expostas ao Mercúrio no Brasil para 40 profissionais do Distrito Sanitário Especial Indígena do Rio-Tapajós (Dsei-Rio Tapajós) e outros 40 profissionais do Dsei-Yanomami. Em 2021, a formação já tinha sido ofertada a 80 profissionais do Rio-Tapajós, parte de uma série de produtos de comunicação e de educação em saúde previstos no projeto de pesquisa “Impacto do Mercúrio na Saúde de Indígenas Munduruku: Pesquisa-Educação-Serviço”, aprovado em 2020 no edital Atenção Primária em Saúde (PMA) do Inova Fiocruz) e coordenado por Ana Claudia, em conjunto com o pesquisador Paulo Basta, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz). 

Para Ana Claudia, expandir a formação para o Dsei-Yanomami é extremamente importante porque a terra indígena Ianomâmi é uma das mais afetadas pela atividade garimpeira. Segundo ela, estima-se que existem mais de 20 mil garimpeiros atualmente por lá. “Essa invasão provoca o despejo de grandes quantidades de mercúrio nos sistemas aquáticos, contaminando os peixes que são a principal fonte de proteína para os indígenas que lá vivem. Somado a isso tem toda a crise sanitária que esse povo enfrenta há décadas, marcada pela alta prevalência de desnutrição, Malária e outras doenças”, concluiu.