Estudantes egressos do Curso Técnico de Nível Médio em Saúde da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), que concluíram sua formação em maio de 2021, foram contratados pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz) para atuar como auxiliares e técnicos de produção no Departamento de Reativos para Diagnóstico (Dered). Os recém-formados cursaram as habilitações de Análises Clínicas e Biotecnologia. Esta última, inclusive, é fruto de uma parceria da EPSJV com Bio-Manguinhos, desde 2017.

A oportunidade surgiu quando o Dered precisou ampliar seu quadro de colaboradores devido à alta demanda, abrindo 50 vagas temporárias para auxiliares de produção. Cerca de 40 ex-alunos dos cursos da Escola, tiveram prioridade para participar do processo seletivo.

Para a professora-pesquisadora da EPSJV e coordenadora da habilitação de Biotecnologia junto com Flávia Ribeiro, Tainah Galdino, essa nova parceria corrobora o trabalho de excelência voltado para a formação dos alunos que é feito há anos na EPSJV. “Nossa base de ensino, com inserções dos nossos alunos nos laboratórios da escola desde o primeiro ano, faz toda a diferença no preparo do profissional”, afirmou.

O encerramento desse ciclo, segundo Tainah, não poderia ter sido melhor, e só foi possível devido ao trabalho integrado das coordenações das habilitações e com a interlocução entre as direções de Bio-Manguinhos e da da EPSJV. “Enfim, o encerramento desse ciclo desafiador foi muito bom, com profissionais altamente capacitados trabalhando no Sistema Único de Saúde”, ressaltou. 

Em sua conta no Twitter, a presidente da Fiocruz Nísia Trindade falou sobre a contratação dos jovens: “É a sensação gratificante de que o trabalho traz bons resultados. A sociedade tem à disposição excelentes profissionais técnicos, trabalhando em um departamento fundamental para a detecção precoce de doenças e seu monitoramento pelo Sistema Único de Saúde (SUS)”.

O ex-aluno da habilitação de Biotecnologia, Júlio Lopes, atualmente, trabalha na produção e montagem dos kits diagnósticos de Covid-19 AG, que é um teste rápido com uma tecnologia avançada e que detecta qualitativamente a presença de antígenos do vírus da SARS-CoV-2 em até 15 minutos. Na visão dele, a formação na Escola Politécnica é algo único e incomparável com a formação de outras instituições de educação e saúde; principalmente, pela visão multidisciplinar que a escola tem como diretriz para a formação de seus técnicos de saúde, nas diversas habilitações. “Agora, no mercado de trabalho, podemos perceber como é importante pensar e produzir por esse campo, já que entramos em contato com diferentes pessoas e pensamentos”, destacou.

Para Júlio, a sensação de trabalhar em Bio-Manguinhos é indescritível. “Pessoalmente, é uma sensação muito boa visualizar e reconhecer diariamente que meus colegas de turma estão em Bio-Manguinhos trabalhando comigo, enquanto me recordo das diversas reuniões que eu e Wallace - aluno que dividia a representação de turma comigo - íamos durantes esses anos. É emocionante ver que agora somos profissionais da Fiocruz e que nosso trabalho é fundamental para nosso SUS e para as diversas pessoas que acessam o sistema”, comemorou.

No mesmo setor que Júlio, trabalha também a ex-aluna da habilitação de Análises Clínicas, Rachel de Oliveira. Para ela, atuar em Bio-Manguinhos é um sonho e uma experiência única nesse contexto histórico da saúde pública. “A formação da EPSJV, principalmente na área técnica, possibilitou essa oportunidade e também ofereceu uma formação mais que necessária. A matéria de Biossegurança, por exemplo, é a que mais vejo aqui na prática”, destacou a recém-formada.

Para o professor-pesquisador Flávio Paixão, que coordena a habilitação de Análises Clínicas, em conjunto com a também professora-pesquisadora Mônica Murito, para além do aprendizado teórico nas disciplinas mais específicas, é essencial que os técnicos tenham o conhecimento da Biossegurança e a ciência do quanto do seu ofício é importante na estrutura do SUS. “Eles são os profissionais que estão não só nas coletas e diagnósticos, mas na pesquisa e produção de conhecimento. E, enquanto cidadãos, formadores e multiplicadores de informação adequada ao seu entorno”, garante.

Mônica ressalta que a formação oferecida na EPSJV é pautada na politecnia, na qual a educação é capaz de incentivar a capacidade reflexiva, crítica e a iniciativa, possibilitando que o profissional seja capaz de interagir com técnicas mais avançadas na área de diagnóstico ampliando sua atuação. “É importante ressaltar que a formação oferecida pelos Cursos Técnicos em Análises Clínicas e Biotecnologia permitem que o estágio seja diversificado, incluindo a área de pesquisa e produção de insumos que irá possibilitar ter uma formação mais ampla que vai além da visão instrumental. O aluno passa a ter condições de desenvolver sua capacidade crítica e interagir com técnicas mais avançadas na área de diagnóstico e problematizar”, afirma. E conclui: “Acreditamos que nossa formação possibilita ampliar às oportunidades para inserção no trabalho. É fundamental a valorização desses profissionais pela instituição e da formação oferecida pela EPSJV possibilitando a inserção de mais técnicos, atendendo inclusive às novas demandas do contexto da Covid 19”.